Consultor em Educação analisa atual momento no Brasil

11 dezembro 2008 |


O consultor Ricado Aldana, 37 anos, considera a Educação como a chave para o desenvolvimento e a melhoria de vida. Especialista na área de Educação, acredita que nem governo nem sociedade tem a Educação como prioridade. Segundo ele, em uma recente pesquisa, o Ibope identificou que Educação é a quinta preocupação do brasileiro, atrás de Segurança, Saúde, Emprego e Corrupção. “Na verdade, a Educação é a base para resolvermos todos os outros problemas, e apenas quando dermos a ela a devida atenção, o Brasil vai deixar de ser o país do futuro para ser o país no presente”, enfatiza.
Em entrevista ao “Cultura Viva”, Aldana fala sobre Analfabetismo, Sistema Universitário, dentre outros assuntos relacionados. Confira!

CULTURA VIVA: Com relação ao Analfabetismo, você conseguiria dar, pelo menos, uma dica que de repente poderia ser viável para sua erradicação?
RICARDO ALDANA: Estímulo e apoio aos milhares de projetos de grupos, ONGs, escolas e da sociedade civil nesse sentido. É um trabalho de formiguinha, mas que vem apresentando resultados.

C.V.: O brasileiro valoriza a leitura?
R.A.: Não, se compararmos com nossos vizinhos, como Chile, Argentina e até mesmo Cuba. Mas, muito disso é por conta da renda da grande massa.

C.V.: Se compararmos o Brasil com nossos vizinhos Argentina, Chile e Uruguai, o país perde em algum quesito no campo “Educação”?
R.A.: Nossas realidades sociais são bastante distintas. Enquanto nesses países a formação predominante européia sempre valorizou a Educação, no Brasil sempre enfrentamos as dificuldades na valorização da mesma. Só que temos que observar que nunca é tarde para começar. A Coréia, a China e até mesmo o Vietnan estão nos mostrando que se pode dar grandes saltos de desenvolvimento quando se valoriza a Educação.

C.V.: Sistema Universitário. Você concorda com o vestibular? O considera honesto? E a cota para negros em universidades, não enxerga como preconceito?
R.A.: A idéia do vestibular é importante, pois é necessário se avaliar a capacidade que uma pessoa tem para enfrentar uma universidade, mas o Enem tem mostrado que existem alternativas viáveis para acesso à universidade. Quanto às cotas, creio que precisemos analisar a questão mais detalhadamente. Por um lado, vejo com preocupação a segregação de qualquer coisa que seja em função da raça, seja ela qual for. Acho que em primeiro lugar o estado deveria oferecer educação básica de qualidade para colocar todos, negros, brancos, ídios, asiáticos em condição de igualdade, não só para o vestibular, mas para a vida. Quanto aos talentos, me preocupa mais a condição social do que a cor. Melhor do que cotas para negros, acho que o Governo deveria investir em bolsas de estudo e ajuda de custo para alunos sem recursos financeiros, seja de que raça eles fossem.

C.V.: Qual a sua maior atuação na área educaional no momento?
R.A.: Atualmente, meu foco tem se concetrado em educação corporativa: treinamento em projetos específicos para empresas ou organizações. Percebemos que nosso sistema educacional não forma para o mercado de trabalho, e o déficit de competências é imenso. Muitas empresas e organizações têm investido pesado para treinar seus profissionais a fim de reduzir essas deficiências, e nisso reside a maior parte do meu tempo hoje, além da pesquisa.

C.V.: Em seu Blog http://www.ra1.com.br/blog, discute assuntos de importância nacional e a forma como conduz seus textos informa, alerta, adverte e convida o leitor (internauta) à reflexão dos assuntos. Há uma estratégia específica para isso? Sinceramente, qual sua maior intenção, quando analisa um fato?
R.A.: Provocar (risos). Eu adoro provocar. Acho que Educação é mais do que ensinar, é antes formar seres críticos, capazes de pensar suas condições e implementar as mudanças necessárias. No meu blog eu misturo assuntos diferentes como música, filmes, livros, política, esporte e economia para mostrar para o leitor médio que não importa quem ele é, ele tem que pensar, refletir e agir para a vida. Se meu blog conseguir ajudar o Zé Pedreiro a pensar sobre a crise econômica mundial e como isso afeta a vida dele, vitória!

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