ANDRÉ LUIZ ROCHA: UM GRANDE ATOR PARA UMA GRANDE CIA. TEATRAL

11 agosto 2010 |

Divertido. Tem voz imponente. Entretêm o público infantil como poucos artistas. Com esses três elementos primordiais, o ator André Luiz Rocha, segue sua carreira. Veterano em peças teatrais no Rio de Janeiro, faz parte da Cia. de Atores Os Notáveis, junto com o ator Jairo Santos e grande equipe. Na verdade, “essa turma” tem um talento incrível e traz no currículo espetáculos recordes de público e aceitação, como “Picadeiro da Alegria”, “Confissões de Adolescentes” e “Quem quer casar com Dona Baratinha?”, dentre outros.

 

Com exclusividade, Rocha fala ao “Cultura Viva” de sua vida dedicada à arte. A gente agradece o carinho, amigo!

 

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CULTURA VIVA: Quais foram seus primeiros passos no Teatro?

ANDRÉ LUIZ ROCHA: Sempre gostei muito de Teatro, mas era muito tímido. Tomei gosto ao assistir Stênio Garcia fazendo o “Corcoran” da novela “Que rei sou eu?”. Aos 18 anos me mudei para Niterói e namorava uma menina da Tijuca. Queria um motivo para ficar mais tempo lá, então procurei vários cursos (Inglês, informática, academia de musculação) mas não tinha dinheiro para pagar. Então, um amigo me falou que a mãe dele dava aula de Teatro e que poderia conseguir uma bolsa de estudos. Topei na hora, mas nunca aparecia nas aulas... Morria de vergonha! Até que um dia a mãe desse meu amigo falou que se eu não decorasse o texto e não viesse às aulas, seria cortado do curso. Não tinha saída. Fui para casa e pensei em não voltar mais, porém resolvi encarar: decorei o texto e, no dia da aula, fui mais cedo para casa de um amigo para apresentar o texto para ele; fiquei das 13h até às 18h30m com vergonha de apresentar e ele insistindo; a aula começava às 19h. Finalmente, apresentei o texto a ele... Morrendo de vergonha. Quando terminei, ele começou a rir, eu me achei um ridículo. Fui para aula e ele quis ir comigo para assistir, apresentei e todos aplaudiram e, no final, acabei gostando. Já se passaram 11 anos. “Comédia D'larte” foi o primeiro curso que fiz.

C.V.: André, já fez algum trabalho na TV ou no cinema? Tem intenção?

A.L.R.: Tirei meu registro profissional e fui à Globo fazer um teste de cadastro. Alguns meses depois, me afastei do Teatro, pois descobrimos que minha mãe estava com Leucemia e minha ex-namorada queria casar e levar uma vida “normal” com horários, salário fixo e essas coisas. Fiquei um ano afastado do Teatro. Foi um dos anos mais infelizes da minha vida e aí, em um belo dia, recebi uma ligação de um produtor da Globo me convidando para participar do programa “Linha Direta”. Aos poucos, outros convites começaram a aparecer na área de teatro e minha mãe falou: “Meu filho, aconteça o que acontecer, eu sempre vou te apoiar até o final. Faça o que gosta e não importa a opinião dos outros”. Ela me falou isso, pois muitas pessoas questionavam o fato de minha mãe estar com um problema grave de saúde e pelo fato de não encararem o teatro como uma profissão. Dele para cá, não parei mais, foram 8 programas “Linha Direta” até vir o convite para fazer uma participação na novela “Kubanacan” fazendo o médico do ator Pedro Malta. Os convites foram aparecendo e fiz participações em “Malhação”, “A Grande Família”, “Carga Pesada” (onde tive a honra de contracenar com o meu ídolo Stênio Garcia!), minissérie “Amazônia”, as novelas “Beleza Pura”, “Senhora do Destino”, “Caras e Bocas”, “Paraíso”, o especial “Por toda minha Vida” sobre “Claudinho e Bochecha”, dentre outros trabalhos.

C.V.: Dá para traduzir a importância do Teatro na sua vida?

A.L.R.: O Teatro é tudo na minha vida. Uma vez, em uma aula da Camila Amado, ela falou: “Não se preocupem em fazer teatro para amanhã estarem na TV ou para serem grandes atores; se preocupem em serem grandes pessoas, pois é isso que está faltando no mundo”. Ali compreendi a importância da minha profissão.

C.V.: Se não fosse ator, que profissão teria?

A.L.R.: Fiz faculdade de Direito e de História, mas não concluí. Sou formado como Técnico de Segurança do Trabalho e exerci a profissão na Marinha por alguns anos, também não era o que gostava de fazer. Se não fosse trabalhar com Teatro, acho que seria um infeliz incompreendido e sem trabalho... (risos)

C.V.: Quando entrou para a Cia. de Atores Os Notáveis?

A.L.R.: A Cia. de Atores surgiu há mais ou menos 6 anos, sou o fundador. Antes era chamada de “Arte em Cena”. Passamos por diversas mudanças de pensamento, de proposta de trabalho, de integrantes e decidi rebatizar a Cia. e surgiu o nome “Notáveis”. No início, fazíamos pequenas apresentações e não tínhamos como fazer uma temporada muito grande por falta de dinheiro. Apresentávamos muitos trabalhos em creches, orfanatos, hospitais e na Casa Ronald McDonalds para crianças com câncer. Aos poucos, o grupo foi crescendo e ganhando forma. Conheci o também ator Jairo Santos e depois os outros integrantes Dayane Simões, Bruno Sodré, Cassio Vitoriano, Jéssica Lores, Elaine Rusenhack, Larissa Vidal, Joceani Stain, Leonardo Moreira e Desi Alves. O Léo e a Desi foram meus alunos de Teatro, muito bem aproveitados e acabaram crescendo durante os trabalhos.

 

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C.V.: A cada espetáculo novo, a Cia. se revela e surpreende o público com mensagens que tem valores e conceitos que contribuem para a formação do caráter das crianças. Por que buscaram esse diferencial?

A.L.R.: Não é um objetivo, não é uma meta do tipo: “temos que montar um trabalho com diferencial”. Na verdade, quando escrevo os textos, escrevo sobre as coisas que acredito e que fazem parte da minha vida. Eu até brinco falando que, quem quiser me conhecer melhor, é só ler os meus textos. Cada um deles tem um trecho da minha vida. O diferencial é a seriedade e qualidade que sempre buscamos para montagem do trabalho. Na maioria das peças infantis, podemos ver uma falta enorme de compromisso com o trabalho e, na nossa Cia., prezamos sempre pela qualidade dos atores. Nós não fingimos ser, fazemos de tudo para ser.

C.V.: Que apelo você faz aos empresários, políticos e instituições para que apóiem mais o Teatro Brasileiro?

A.L.R.: Está cada vez mais difícil para fazer Teatro e, infelizmente, a nossa política de cultura é muito falha e somente alguns grupos e produtores tem acesso aos benefícios das leis culturais e das grandes empresas. Ainda existe demais o famoso “QI, Quem Indica”. Gostaria de falar que existem vários grupos que realizam trabalhos sérios e de qualidade, mas não tem oportunidade. Então, aproveito para pedir aos empresários que olhem um pouco para a cultura, que é o único caminho para melhorarmos o nosso país e nosso mundo.

 

Fotos: Arquivo pessoal de André Luiz Rocha

4 comentários:

André Bahia disse...

Esse cara é show!
Um grande amigo, um fantástico profissional e um ser humano de primeira.

Um grande abraço

Giselle LOuise disse...

Uhulllllllllllll

Esse e o de q conhecooooo :)


Muito Sucesso profff!!


bjus Giii

alan disse...

Esse é gente finíssima, meu irmãozão!! Sucesso, paz e saúde meu grande amigo!!

A NOITE DAS MAL DORMIDAS disse...

Grande figura.Um futuro promissor como diretor.Vai longe.Mas não pode perdewr o foco.Grande abraço.