Como desenvolver autoconfiança em criança

04 maio 2017 |


Por Meiry Kamia

Autoconfiança significa sentir confiança em si mesmo, em seu potencial, em sua capacidade de realização. A pessoa autoconfiante sente-se mais confortável para enfrentar situações diferentes, falar com pessoas desconhecidas, sofre menos com a ansiedade, e consegue utilizar melhor sua inteligência para a resolução de problemas.

A autoconfiança é um fator importante para a qualidade e sucesso na vida porque ela aumenta a capacidade de socialização, adaptação e reação positiva frente as diversas situações que enfrentamos na vida.

Muitos pais não sabem, mas a autoconfiança é formada na infância e pode ser desenvolvida. E, por não saberem disso, muitas pessoas sofrem até a idade adulta acreditando que não há o que fazer. Esse texto dará algumas dicas de como pais podem ajudar seus filhos a serem mais autoconfiantes.

Autoestima e autoconfiança são conceitos parecidos, porém não são iguais. A autoestima está mais relacionada à estima por si mesmo, ou o quanto o sujeito aceita a si mesmo da forma como é. Já a autoconfiança está relacionada à capacidade de realização, ou quanto a pessoa confia em si mesma, o quanto acredita ser capaz de realizar determinada tarefa. A autoconfiança é estruturada de acordo com as realizações concretas. Portanto, quanto maior for a consciência da pessoa sobre suas realizações, maior será a confiança em si mesma de que será capaz de enfrentar situações diferentes.
Antes de seguir com as dicas, vamos refletir sobre algumas armadilhas que sabotam o desenvolvimento da autoconfiança em crianças:

·    Superproteção: alguns pais protegem tanto seus filhos que não dão oportunidade dos filhos testarem a si mesmos. Por exemplo, há pais que executam a tarefa de casa pelo filho porque acreditam que as tarefas sejam “puxadas” demais. Ou, permitem que o filho falte à aula porque “está cansado”. Ou, deixam de ir à alguma festa ou reunião social porque o filho “não fica à vontade”. Ou, interferem em quaisquer desentendimentos com coleguinhas da escola achando que o filho não sabe se defender. Ou seja, evitam qualquer possibilidade de frustração da criança. O problema da superproteção é que a criança não tem a oportunidade de superar sua preguiça, desenvolver a responsabilidade, a força de vontade, etc. Fazer pelos filhos é deixar registrado neles a dúvida de sua própria capacidade de realizar. A mensagem transmitida para a criança é: “deixe que eu faço porque você não é capaz de fazer”.

·    Elogios demais: elogios vazios, que não possuem conexão com alguma tarefa ou esforço realizado não é a forma mais adequada de desenvolver autoconfiança. Ao contrário, uma pesquisa realizada pelo psicólogo Wulf-Meyer, demonstrou que crianças acima de 12 anos não recebem bem elogios de professores, pois consideram que seus mestres acham que têm capacidade e por isso precisam de estímulo extra. Dessa forma, ficam tão insensíveis a ponto de preferirem as críticas, uma vez que a crítica demonstra, para eles, o quanto ainda tem potencial para desenvolver e o quanto o professor acredita neles.

·    Falta de regras definidas: deixar a criança “solta” demais não gera autoconfiança, ao contrário, gera insegurança. Alguns pais, receando serem tachados de severos demais, acabam criando seus filhos com ausência de regras, ou com regras confusas, tendo horas em que permitem tudo e em determinados momentos o mesmo comportamento é punido. A criança precisa das regras externas definidas para que consiga desenvolver a sensação de segurança.  A criança precisa de alguém que direcione suas atividades, diga-lhe o que é certo e errado, e o que é esperado dela. Isso lhe da a sensação de controle sobre a situação e sobre seu próprio comportamento.

·    Falta de paciência: desenvolver habilidades emocionais e comportamentais leva tempo e exige muita observação, amor e paciência por parte dos pais. Muitos pais impacientes brigam com os filhos dizendo frases como “Poxa, você não aprende nunca?!”, “Quantas vezes eu tenho que falar?”, ou “ai, desisto, esse menino é assim mesmo!”. Desabafos como esses podem desestimular a criança e ainda piorar sua autoestima. É importante não projetar a criança perfeita em seu filho.


Veja a seguir algumas dicas de como estimular a autoconfiança em crianças:

·    Faça a criança sentir-se útil: autoconfiança tem a ver com a sensação de ser capaz de realizar determinadas ações e tarefas, em outras palavras, a sensação de ser útil. Dê tarefas a seu filho: ensine-o a guardar os brinquedos, ajudar a arrumar a sala, arrumar a cama, etc.  A criança perceberá que é capaz de realizar tarefas sozinha.

·    Ter regras e rotinas estabelecidas: ter horários certos para refeições e tarefas, regras definidas de educação, etc, ajudam a trazer a sensação de segurança à criança. A capacidade de prever eventos, de saber que as regras não mudam, acalma a criança. Essa sensação de segurança potencializa a capacidade de adaptação em situações adversas – pois a criança sabe que terá que se adaptar por um tempo, mas logo as coisas voltam ao normal.

·    Desafie: encoraje seus filhos a superarem a si mesmos e experimentarem situações novas. Através de jogos e brincadeiras, eles podem experimentar as sensações de serem competentes ou incompetentes, ganhar e perder, e também a ter paciência para aprender e melhorar. No caso de crianças muito tímidas, estimular a socialização é um ótimo exercício: ajude-a a “aquecer” socialmente, aproxime-se junto de algum amiguinho, ajude a fazer a ponte para a conversa inicial. Brinque junto até haja um mínimo de confiança. Afaste-se um pouco, mas permaneça no local. Faça a ponte entre o desconhecido para o conhecido.

·    Reflita com ele: após as experiências, reflita com seu filho sobre suas ações e resultados: o que eles ganharam e quais benefícios eles trouxeram para as pessoas e ambientes onde estiveram.

·    Elogie os resultados: Elogie a criança sempre baseado nos resultados de suas ações e nos benefícios que ela trouxe ao ambiente e às pessoas à sua volta. Ex.: “Parabéns, veja como seu quarto ficou mais bonito agora”, ou “você viu como se divertiu na festa com o amiguinho novo?”.

·    Inspire: Trabalhe a imaginação da criança de forma positiva, por exemplo, mostre a ela o quão positivo será para ela mesma ao conseguir fazer amigos com mais facilidade, ou fazer tarefas sozinha, ou ajudar a arrumar a casa, etc.

·    Respeite os limites: A criança deve ser estimulada a avançar cada vez mais, porém os pais devem sempre observar como a criança reage, a ponto de não exigir demais da criança, gerando ansiedade demais e, consequentemente, a desistência por se sentir pressionada demais.

Como vimos, desenvolver habilidades sociais e humanas não é uma tarefa fácil, mas é uma responsabilidade dos pais. É preciso muita entrega, observação, reflexão, amor e paciência envolvidos. Amar não é proteger os filhos dos problemas que os afetam, e sim prepara-los para enfrentar os problemas sozinhos. Isso exige treino e constância. Se você ama seu filho, ajude-o a tornar-se um adulto emocionalmente saudável e independente. Boa sorte! 


MEIRY KAMIA: Palestrante, Psicóloga, Mestre em Administração de Empresas, Consultora Organizacional, autora do livro MOTIVAÇÃO SEM TRUQUES”. Consultora convidada em Gestão de Pessoas da TV GLOBO – Programas JORNAL HOJE, ENCONTRO com FÁTIMA BERNARDES e MAIS VOCÊ. Comentarista sobre Comportamento no Trabalho do PROGRAMA TRIBUNA INDEPENDENTE – REDE VIDA. Também é ilusionista, premiada como melhor mágica feminina da América Latina, pela Federação Latino-Americana de Sociedades Mágicas. Desenvolve palestras motivacionais e treinamentos diferenciados, aliando Arte Mágica, Teatro e Psicologia. www.meirykamia.comatendimento@meirykamia.com

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