Mágico Brunno e suas aventuras na profissão

24 dezembro 2020 |




E, para quem creditou, a vida virou mágica! Ou, pelo menos, o cotidiano passou a ser regido por ela e se tornou uma profissão. Como cada ato da existência tem um curso, para Brunno Brasiliense, 25 anos, de São Paulo, não foi diferente. Em entrevista exclusiva ao CULTURA VIVA hoje, o jovem relatou um pouco de sua história e experiências vividas no “mundo mágico”.


Acompanhe!

 

CULTURA VIVA: O que te levou a seguir o ramo da mágica?

BRUNNO BRASILIENSE: Quando eu era muito pequeno, com um aninho de idade, meus pais se separaram e eu comecei a ir muito para a casa da minha avó paterna. Sem ter muito o que fazer lá, ela colocava fitas VHS para eu assistir de um tio meu mágico há muitos anos e eu comecei a gostar. Depois disso, comecei a ganhar kits de mágicas como presentes no fim de ano , aniversários e mágicas usadas que meu tio me dava. Na minha infância assistia muito a Eliana, que sempre apresentava mágicos em seu programa, como Mister M, grupo Oriental Magic Show, Lipan Junior, Edson Wiassaki, além de assistir aos episódios do “X Tudo” na TV Cultura, que ensinavam mágicas simples. Eu adorava! Com o passar do tempo, comecei a me dedicar pesquisando na internet, revistas, bibliotecas e tudo que eu encontrava sobre mágicas. Com 14 anos comecei a fazer meus shows em festas. O que me levou a seguir nesse ramo é fazer o que eu gosto e ter o reconhecimento das pessoas com meu trabalho. Adoro o que faço, nunca fiz por dinheiro e, sim, pelo amor à arte mágica.

 

C.V.: Antes da mágica chegou a trabalhar em outros ofícios?

B.B.: Antes da mágica não, pois eu já comecei a gostar muito novinho, mas, durante o meu crescimento, sim. Sempre gostei de me comunicar e não sou muito de ficar parado. Pelo fato dos meus shows serem mais aos fins de semana, procurava desenvolver outras funções de segunda a sexta-feira. Faço isso até hoje a fim de levantar uma grana para comprar mais mágicas. 

 

C.V.: Já fez muitos cursos para aprimorar suas técnicas?

B.B.: Sinceramente, não. Até mesmo porque os cursos disponibilizados para venda na internet são muito fracos. Já comprei muitos DVD's e participei de diversas conferências. Isso me ajudou muito.

 

C.V.: Em sua opinião, por que a mágica surpreende tanto as pessoas, independente da idade?

B.B.: Quando bem-feita, a mágica surpreende qualquer pessoa. É uma arte rica, que envolve diversos elementos, como a dança, teatro, raciocínio, lógica, comunicação, etc. Em minha opinião, ser mágico é uma das profissões mais complexas que existe. São vários artefatos que fazem a "mágica" acontecer; não é, simplesmente, ter um baralho no bolso. Surpreende, pois, durante uma apresentação de mágica, é o momento que a pessoa tem de se desligar do mundo real, dos problemas e se deixar levar pelo momento. 

 

C.V.: Qual mágico famoso que te fascina?

B.B.: Durante esses meus 11 anos de carreira, conto nos dedos da minha mão as amizades que tenho no meio mágico. Isso fez com que eu não tivesse muita admiração por diversos mágicos, justamente por saber como é o meio. Claro que, internacionalmente, existem vários artistas fantásticos como David Cooperfield, que eu tenho o sonho de conhecer pessoalmente; Hans Klok; Gustavo Lorgia; Vik e Fabrini são artistas famosos que me fascinam. No Brasil, gostava muito de um mágico chamado Dossell, principalmente do jeito que ele me tratou quando eu era mais novo, foi muito simpático comigo . Ele faleceu de câncer, mesmo eu, praticamente, não ter tido contato nenhum com ele, senti muito, pois foi um cara que contribuiu muito para a arte . Lembro quando eu assisti, presencialmente, a uma apresentação dele quando eu tinha uns 15 anos, em um encontro mágico, me arrepiei da cabeça aos pés. O olhar dele, a postura, os trejeitos, enfim, ele tinha um jeito único e tinha uma simplicidade fora do comum. Isso me mostrou que a gente precisa fazer bem feito e ser simples. Fama não quer dizer nada.


 

C.V.: Já teve experiência de trabalho em muitos circos?

B.B.: Infelizmente, nunca me apresentei em circo até por falta de tempo por ter focado a minha carreira em festas familiares, escolas e eventos, mas morro de vontade. Adoro circo, tem uma frase que diz que o circo é o único lugar que a gente pode sonhar de olhos abertos. O contato mais próximo que eu tive da vida circense foi quando recebi o convite para ser um dos mágicos de uma empresa chamada Circo Show.Trabalho com eles em diversos eventos. A partir daí, veio essa minha formatação com espetáculos maiores, onde comecei a trabalhar com vários artistas, como malabaristas, contorcionistas, palhaços, onde fazemos um show circense. Mas, nunca me apresentei debaixo de uma lona, em um picadeiro... Quem sabe, em breve!

 

C.V.: E em escolas, empresas e eventos como é a aceitação do público?

B.B.: Maravilhosa! Falo que meu anjo da guarda sempre anda do meu lado, pois é impressionante como as pessoas me tratam e me recebem muito bem por onde passo. Às vezes, fico até sem jeito! Creio que isso se dá pelo meu histórico, meu currículo profissional e maneira de ser. Aqui, em São Paulo, às vezes, chego nos lugares e as pessoas me reconhecem ou já me viram em algum lugar. Fico muito feliz por isso!

 

C.V.: A mágica é uma profissão rentável hoje?

B.B.: Sim, mas, em minha opinião, já foi melhor. A internet deu muita voz a quem não tem o que dizer, facilitou muita coisa. Quando comecei aos 14 anos com meus shows era mais difícil comprar efeitos de mágica e ter acesso a materiais para consulta. Hoje é tudo muito fácil e isso fez com que qualquer um possa ser "mágico". Isso já me incomodou mais. Hoje não ligo muito, pois o sol nasce para todos. O que me deixa triste é a maneira como tratam a mágica que, para mim, é a rainha das artes, a prostituição da profissão. Muitos fazem de qualquer jeito, pelo dinheiro e isso vai queimando o segmento e criou muitos mágicos ruins. Porém, meus clientes me contratam, pois enxergam valor e não preço no meu trabalho. Trabalhar com eventos é um bom ramo, com altos e baixos, mas vale a pena.

 

C.V.: Durante esse período de pandemia do coronavírus como ficou seu trabalho? Prestou muito serviço online? 

B.B.: Prestei sim. Em março, quando tudo começou, tive inúmeros shows cancelados. Sugeri para os clientes que, ao invés de cancelar, remarcassem ou fizessem online e deu certo. Tive que me “virar nos 30”,  me adaptar e aprender a trabalhar me apresentando online, o que era muito raro acontecer. Porém, hoje meus orçamentos são mais para eventos presenciais. Foi uma onda que passou. Creio que as pessoas estão cansadas e querem voltar ao que era antes. Neste último final de semana tive três shows, todos presenciais. Eu adoto todos os protocolos de segurança, como máscara, álcool em gel e distanciamento. 

 

C.V.: No dia 31 de janeiro comemora-se o Dia do Mágico. O setor tem muito o que comemorar?

B.B.: É muito bom saber que a sua profissão tem um dia para que as pessoas possam lembrar de você. Porém, aqui no Brasil, muitas pessoas não sabem deste dia. Em minha opinião, isso é culpa dos próprios mágicos que não se valorizam, não se dão o trabalho de prezar pelo seu nome. Creio que a comemoração é mais individual mesmo. 


 

C.V.: Que futuro prevê para a mágica?

B.B.: Olha, posso responder pelo futuro do mágico Brunno, pois a mágica sempre vai existir. Eu só tenho que agradecer e sinto que estou em um caminho que deu certo . A mágica me trouxe muitas conquistas pessoais e profissionais, conquistas que pessoas demoram anos para conseguir. Já aconteceu diversas vezes de eu ficar o dia inteiro sem comer, pois saia de um show e ia para o outro e sou muito grato por isso. É você provar para as pessoas que o que você faz é eficiente, é incrível é  fazer de coração porque gosta do que faz e que isso muda a vida das pessoas. Me desliguei dos mágicos principalmente aqui de São Paulo. Não me importo com o que falam ou pensam de mim. A vida me ensinou que o nosso tempo é raro e ele deve ser dedicado a quem merece a nossa atenção. Me dediquei às pessoas que me deram oportunidades, que acreditaram em mim, das diversas famílias que conheço, crianças que viram fãs, que me abraçam e que torcem pelo meu sucesso.

 

C.V.: Quais são suas redes sociais?   

B.B.: O Instagram @brunnomagico, a página no Facebook “Mágico Brunno”, o Youtube “Mágico Brunno” e o site www.magicobrunno.com.br. Também tenho como contato o Whatsapp (11) 98502-5855.

 

Fotos: Divulgação

 


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