João Baptista Vargens e sua relação com o Carnaval

31 janeiro 2023 |

 


Ele inspira Carnaval e faz, dessa festa, um espaço de alegria verdadeira, coletivamente. Une pessoas afins e exala inspiração o tempo todo. Sapiente, mas um homem simples e gentil. Esse é o Professor Titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJe escritor, João Baptista Vargens.

 

Morador do município de Rio Bonito e mestre, principalmente em matéria de Carnaval, concedeu entrevista exclusiva ao CULTURA VIVA hoje e fala, com propriedade, sobre o assunto.

 

Acompanhe!

 

 

CULTURA VIVA: Como o senhor analisa o Carnaval?

JOÃO BAPTISTA VARGENS: Vejo o carnaval como uma festa de congraçamento, em que as pessoas vivem, por um momento, um mundo utópico, cada um, a seu modo, dentro de suas possibilidades, faz a catarse, oxigenando o cotidiano áspero.

 

C.V.: Desde quando participa dessa festa? 

J.B.V.: Participo do Carnaval "profundo" desde 1967, quando me aproximei de compositores da Portela e, hoje, tenho a grata satisfação e a imensa honra de fazer parte do carro da Velha Guarda Show no desfile. Creio que tenha sido convidado não somente por viver o dia a dia da Escola, como, também, por ter relatado parte de sua história, agora centenária, em livros, tais como: "Candeia, luz da inspiração"; "Monarco, a dignidade do samba"; "Casquinha da Portela, andanças e festanças"; "A Velha Guarda da Portela", este em parceria com Carlos Monte, pai da cantora e compositora portelense Marisa Monte. Agora, no prelo, tenho "A casa da dona Neném", viúva do grande Manacéa.

  

C.V.: Pode nos contar uma experiência vivida no Carnaval?

J.B.V.: No Carnaval, vivi, também, a experiência de, a convite do Professor Darcy Ribeiro, à época Vice-Governador do Estado, participar, durante os quatro primeiros anos do "Sambódromo", de 1984 a 1987, do corpo de jurados do desfile do grupo especial.  Sem dúvida, foi uma experiência ímpar, porém é muito difícil avaliar, quantificar, cotejar a beleza, principalmente quando se tem amigos participando da competição em várias escolas.  Desse modo, prefiro assistir ao espetáculo, sem maior compromisso do que usufruir do momento mágico.

 

C.V.: O senhor também já compôs enredo com o Monarco, não foi?

J.B.V.: Em 1986, escrevi com o Monarco o enredo "Candeia, luz da Inspiração" - título de um de meus livros - para a Unidos do Jacarezinho.  Na oportunidade a Escola foi campeã e galgou o acesso ao grupo especial. Nesse campo de atuação permaneço invicto, pois não mais me aventurei a repetir a dose.  A tarefa requer dedicação integral e não disponho desse tempo. 

 

C.V.: O senhor já trouxe uma parte dos integrantes da Portela para animar o Carnaval Riobonitense. Como foi a experiência?

J.B.V.: Estive em Rio Bonito com um grupo da Portela, creio, em 1977 ou 1978.  O desfile foi da rodoviária ao Hotel Ximenes, onde havia um badalado bar, ponto de encontro da juventude local. 

 

C.V.: Nos Anos 80 o Carnaval era forte em Rio Bonito e algumas escolas de samba locais desfilavam. Que recordação maior o senhor tem daquela época?

J.B.V.: Em Rio Bonito havia três escolas de samba: Canarinhos da Bela Vista, Serrano e Cruzeiro.  As escolas da cidade ganhavam, ou compravam, fantasias de anos anteriores de escolas do Rio.  Certa vez, eu, o Casquinha e o Manacéa fizemos o samba da Canarinhos e um compositor local assinou a composição.  Para nossa alegria, a escola da Bela Vista foi a campeã. 


***Alguns momentos do Professor e escritor João Baptista Vargens com diversas personalidades da literatura e do samba:







 

Fotos: Arquivo pessoal de João Baptista Vargens


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