Fabricio Costa fala sobre o universo da Teologia e da Psicologia Cristã

12 fevereiro 2023 |


Ele faz da Teologia o norte da sua vida e, sua dedicação à ela, leva ensino de qualidade a muitos alunos no Seminário Batista Livre (SBL), em São Paulo. Esse mestre no conhecimento é o Pastor Fabricio Costa. 


Segundo ele, depois de 9 anos com síndrome do pânico, decidiu direcionar seu tempo à Palavra de Deus e, dessa forma, tem evoluído a cada dia. 


Também experiente na Comunicação, leva o ensino para o rádio e a TV, onde participa de debates e entrevistas na Rádio Vida FM 96,5 e na RIT TV, sem falar em suas redes sociais, as quais reserva para a psicologia, especificamente. 


Enfim, um profissional que, apesar das inúmeras funções que tem, reservou um tempinho para conversar com o CULTURA VIVA.

 

Acompanhe! 

 

CULTURA VIVA: O estudo da Teologia sofreu modificações ao longo dos anos? Se a Bíblia Sagrada é imutável, como alterar seu estudo, sem tirar a essência, em sua opinião?

FABRICIO COSTA: Uma vez que consideramos que todo Cristianismo “genuíno” considera as Escrituras como Palavra de Deus, sendo ela a única regra de fé e conduta, é ela a base para todo ensino teológico, e isso exige que cada instrução, definição ou conclusão precise estar completamente nela fundamentada. De igual modo, toda doutrina genuinamente cristã precisa estar visível na vida da igreja primitiva, a qual também é oriunda da mesma fonte: As Escrituras. 


Sendo assim, não há outra fonte que possua tal autoridade para o estudo teológico senão a Bíblia. Isso estabelecido, põe-se também que não há vigência dessa autoridade bíblica, o que também acaba por não dar suporte a quaisquer modificações na origem da Teologia. O que pode ocorrer, e é até salutar, é o acréscimo de novas disciplinas, porém, sem alteração, como já dito, da fonte. Logo, não há como aceitar que o estudo teológico possa sofrer modificações por conta de supostas reinterpretações dos textos sagrados, ou até mesmo uma outra contextualização deles. 


Infelizmente, o que hoje denominamos de Teologia Liberal tem se aplicado em desqualificar as Escrituras em sua inerrância, como também até mesmo pôr em dúvida sua historicidade. Porém, na minha opinião, sem sucesso. 

 

C.V.: O que mais te fascina na Teologia?

F.C.: O que mais me fascina na teologia é a sua instrumentalidade. Por ela saímos do raso, podendo ir mais fundo. Pela teologia sistemática cada disciplina é detalhadamente organizada, e isso, além de nos gerar conhecimento amplo, ainda nos aumenta a fome e interesse pelo estudo da Palavra de Deus. 


Algumas pessoas têm horror de Teologia. Há quem diga que um cristão sincero perde a fé com a teologia, deixando que a razão sequestre sua espiritualidade. No entanto, isso não é verdade. A Teologia gera conhecimento e espiritualidade e, se alguém se “desvia” da fé enquanto aprende, por certo não foi o conteúdo do aprendizado, mas o inchaço que o conhecimento pode gerar quando o aprendiz afasta da simplicidade. 


É preciso saber lidar com o conhecimento. O saber muitas vezes “emburrece”, e de que forma? Quando a alma assume o controle no lugar do Espírito, o conhecimento se define em quantidade, e isso infla. Porém, quando o Espírito permanece do controle, tudo que aprendemos em relação à verdade será um fator gerador de vida. Como diz as Escrituras: “...o conhecimento incha (traz orgulho), mas o amor edifica.” (1 Cor. 8:1). 


Assim, uma vez atento às complicações da carne, a Teologia será altamente benéfica ao espírito, uma vez que ela trará em toda revelação e conhecimento a verdade, e é isso que nos interessa.

 

C.V.: Lecionar num seminário teológico tem diferença do que fazê-lo numa instituição secular?

F.C.: Com certeza há diferença entre cursos. A Teologia, enquanto matéria em instituições seculares, entende que não se deve deixar influenciar pela religião que se professa. Para o Estado, por exemplo, cursos teológicos devem estar livres dos “eixos teológicos”, pois uma vez que o Estado é laico não se deve “favorecer” uma determinada religião. Assim, segundo esse pensamento, um formando em teologia pode ser um “ministro” em qualquer seguimento: Espiritismo, Budismo, Catolicismo, etc. e, por isso, o elemento confessional deve estar ausente.  Logo, a tentativa de retirada do elemento “teologia” dos cursos reconhecidos, levariam o estudante apenas às ciências da religião, fenomenologia, história, geografia, filosofia, etc.  É por isso que, até pouco tempo, nem mesmo o Mackenzie tinha nota máxima no MEC (5), pois o estado questiona o porquê não há professores não presbiterianos (ou não evangélicos) na universidade, que é Presbiteriana. 


O interessante é que, ao mesmo tempo em que se defende que o Estado é laico, tende-se a querer obter “reconhecimento do estado” nos cursos teológicos, e isso, talvez querendo imitar o que já acontece na Europa desde o Século XVIII, onde pastores se formavam em cursos de universidades federais e, inclusive, em alguns países, como a Suíça, por exemplo, pastor é funcionário público, pago pelo Estado. Mas, o que o estado tem a ver com a formação teológica dos indivíduos senão que há duas décadas reconheceu a “profissão de teólogo” e daí a necessidade de cursos teológicos “reconhecidos”? 


Portanto, que “Teologia” nos importa, senão a que nos leva ao conhecimento e estudo sobre a pessoa de DEUS, o nosso Deus? E no que diz respeito ao aprendizado sobre “outros deuses”, acaso não temos disciplinas como Heresiologia, por exemplo, onde movimentos sectários e demais doutrinas pagãs são abordadas e trazidas à luz da verdade? Assim, a maior diferença entre um curso teológico confessional (cristão de fato) e os seculares é, exatamente, o elemento fundamental: aTeologia. 

 

C.V.: E o Seminário Batista Livre, qual sua filosofia? Somente os membros da denominação podem frequentá-lo?

F.C.: Qualquer interessado em aprender teologia pode freqüentar os cursos do Seminário Batista Livre. Somos interdenominacionais. Temos alunos de várias igrejas distintas e, até mesmo, de diferentes linhas teológicas. E isso não é nenhum problema para nós. Batistas, Presbiterianos, Assembleianos, denominações independentes, etc., todos recebem um ensino de qualidade e conteúdo, completamente respaldado nas Escrituras, respeitando, radicalmente, os princípios bíblicos, contando também com uma metodologia inovadora (pré-aula, aula e pós-aula). Além das grades tradicionais  de matérias, possuímos, também, as complementares e toda infraestrutura completa com professores renomados. 


A filosofia do SBL é formar discípulos de Cristo por meio do ensino das Escrituras Sagradas, na dependência do Espírito Santo, com a visão missionária de alcançar as nações para o Reino de Deus, e dedicação pastoral. 

 

C.V.: Qual a disciplina que o senhor destacaria no Seminário?

F.C.: Como a gente leciona, praticamente quase todas as disciplinas, existem aquelas que acabamos nos identificando mais e, daí, nos especializamos. Eu tenho duas como “meninas dos meus olhos”: Bibliologia e Psicologia Cristã. A primeira porque é bem abrangente e consegue desconstruir, pelas verdades que traz, muitas mentiras acerca das Escrituras. A Bibliologia trabalha por fortalecer a verdade de que a Bíblia não é um livro comum, ela é a Palavra de Deus e, isso, não somente porque “cremos” que seja, mas, até mesmo, sua autoridade histórica pode ser comprovada, além, obviamente, das realidades que ela traz sobre a verdade da vida, do homem, de Deus, presente, futuro, etc. A Bibliologia traz respostas básicas e aprofundadas acerca das mais diferentes questões acerca da autenticidade e autoridade das Escrituras. 


Já a Psicologia Cristã, em minha opinião, lembra aos sãos cristãos que eles possuem uma alma e precisam aprender a lidar com ela. Essa é uma deficiência grande no meio evangélico e cristão em geral. Falamos muito sobre espírito e pouco sobre alma. Sabemos expulsar demônios, mas não sabemos compreender o que sentimos. Sabemos lidar com satanás e seus anjos, mas não conseguimos vencer sentimentos, ofensas, questões do passado, etc., e tudo isso está ligado, diretamente à Alma, que é o centro das emoções. Nenhum indivíduo terá uma vida espiritual sadia se não tiver uma vida emocional sadia. É aí que a Psicologia Cristã entra, se diferenciando da tradicional, quando busca levar a pessoa a ajustar e a alinhar a sua vida com Deus. Uma vez alcançado isso, temos, então, um nascido de novo, capaz de prosseguir nesse caminho, lidando consigo mesmo, com Deus e com o mal, e isso até o fim. 

 

C.V.: Quem seria sua maior referência dentro da Psicologia Cristã? Em que mais contribui no seu trabalho?

F.C.: Dentre bons autores que temos em nosso meio, pastores experientes e, até mesmo psicólogos cristãos, eu gosto muito das abordagens do Augusto Cury. Até mesmo o que o levou à sua conversão ao Cristianismo é o que também acaba sendo a minha maior referência: a pessoa de Jesus Cristo e suas reações à vida e às circunstâncias. Eu nem sempre fui tão atuante assim na Psicologia Cristã, porém, foi após nove anos sofrendo com “Síndrome do Pânico” que acabou num despertamento nessa direção. Eu precisava saber lidar com meus sentimentos e emoções e, ninguém melhor para me instruir nisso do que o próprio “autor” dos homens: Deus. Eu, então, comecei uma busca profunda nas Escrituras acerca de como se reage às emoções; como Jesus fazia? Quais eram as atitudes das figuras bíblicas em relação às suas almas? A partir daí muita coisa foi surgindo, e eu fui aprendendo. Hoje, quase trinta anos depois e livre da síndrome do pânico, tenho um livro na área: “Muito Prazer Eu Sou Você – 7 passos para o desenvolvimento pessoal cristão”, onde eu abordo, com abundantes referências bíblicas, qual é o olhar de Deus em relação a sentimentos e emoções (medo, raiva, ansiedade, tristeza, angústia, etc.), e como lidar com cada um deles. 


 

C.V.: De vez em quando o senhor participa do programa “Vejam Só”, exibido pela RIT TV. É sua primeira experiência no ensino da Palavra de Deus pela televisão?

F.C.: Eu já participei de outros programas de TV além do “Vejam Só”. Atualmente, eu tenho um programa no rádio, na “Radio Vida FM, 96,5”, onde o assunto é Teologia, além dos debates ao estilo “Vejam Só” que a Rádio Vida também promove. Esse ambiente de discussões acerca da Palavra de Deus. É onde eu vivo e, isso, há muito tempo já. Além das experiências em salas de aula, das consultorias sobre gestão de conflitos, palestras, etc., os ambientes de rádio e TV também são, extraordinariamente, eficazes. Esses espaços promovem, com muita eficiência, a Palavra de Deus e, tanto a RIT TV quanto a Rádio Vida, como também o Seminário Batista Livre, tem feito um excelente trabalho em prol do Reino de Deus!

 

C.V.: Consegue deixar seus posicionamentos bem esclarecidos durante o programa ou o tempo já o impediu de pontuar melhor certos assuntos?

F.C.: O tempo sempre é aliado. Quando é entrevista, falamos mais e acabamos por ser mais claros em nossas posições. Porém, quando há um debate envolvendo mais pessoas, o tempo sempre é curto e quase nunca conseguimos sair do momento completamente satisfeitos em relação a tudo que gostaríamos de ter colocado. No entanto, trabalhando a habilidade de ser mais direto e menos prolixo, a gente acaba por conseguir mais dinâmica nesses momentos, e isso é muito bom! De qualquer maneira, seja com pouco ou mais tempo, conseguimos pontuar entendimentos e, também, discutí-los, gerando bons frutos. Em geral, para um pastor ou palestrante, quando não somos nós que dominamos o tempo, ele é sempre curto! (risos). 

 

C.V.: Que retorno o senhor tem recebido do público?

F.C.: A gente aprende cedo ou tarde que crescemos mais embaixo de vaias do que de aplausos. De maneira geral, sempre recebo um excelente retorno do público e isso é muito bom! Porém, como toda discussão em relação a assuntos teológicos, polêmicos ou não, há sempre os que pensam diferente, e isso é salutar. É por isso que os debates ocorrem desde sempre. O público, em geral, tem sido muito generoso comigo. Até mesmo quando somos reconhecidos na rua, o carinho é muito grande. Isso nos leva a uma consciência ainda maior acerca da nossa responsabilidade como aqueles que, de um jeito ou de outro, acabam por influenciar as pessoas, as quais nem sempre sabemos quem são ou quantas são.

 

C.V.: Quais são as suas redes sociais?

F.C.: Eu estou na maioria das redes sociais, como Facebook, Instagram, YouTube e TikTok com o nome “FabricioTCosta”. Eu faço um trabalho mais voltado para a psicologia nas redes, buscando alcançar os que ainda estão de fora. Deixo o trabalho mais teológico para o rádio e a TV, e para as salas de aula.

 

***O Pastor Fabrício Costa ministrando suas aulas no Seminário Batista Livre (SBL):



Fotos: Arquivo pessoal de Fabricio Costa 


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