Já
parou para pensar que o simples ato de falar é um superpoder da espécie humana?
Para pronunciar uma única palavra, acionamos todo o corpo – o cérebro, os
pulmões, as cordas vocais, a boca. Quando o som que corta o ar encontra outra
pessoa, esta operação se completa na forma de uma conversa, de música ou
de protesto. Fala Falar Falares, a próxima exposição temporária
do Museu da Língua Portuguesa, aborda a fantástica capacidade de se
manipular o som a partir do corpo, sob uma perspectiva mais do que especial: a
do português falado no Brasil e de sua variedade. Com curadoria da cenógrafa e
cineasta Daniela Thomas e do escritor e linguista Caetano W.
Galindo, a exposição Fala Falar Falares abre para o
público no dia 28 de março.
Localizado
na Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria
da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo. A mostra
conta com patrocínio máster da Petrobras e do Grupo CCR, por meio do Instituto
CCR; patrocínio do Instituto Cultural Vale; apoio do Grupo Ultra e do Itaú
Unibanco – todos por meio da Lei Rouanet. A temporada 2025 é uma realização do
Ministério da Cultura.
“Fala
Falar Falares é um
mosaico de vozes e sotaques que celebram a diversidade do Brasil. No Museu da
Língua Portuguesa, acreditamos que a língua é um espaço de encontro e de
inclusão, onde todas as formas de falar têm seu lugar e sua importância”,
afirma a diretora técnica da instituição, Roberta Saraiva.
A
exposição tem o objetivo de fazer o público pensar no quanto é especial a
capacidade de falar – e, com a fala, criar música, cultura e se expressar de
maneiras tão diferentes dentro da mesma língua. Daniela Thomas explica que
a ideia do percurso é provocar uma autoconsciência inédita para o público.
“Se tudo der certo, o visitante deverá despertar-se para os inúmeros mecanismos
e histórias envolvidas na própria ideia que faz de si mesmo, sempre mediada
pela língua que usa para pensar, se comunicar e se identificar no mundo”.
A
primeira parte é dedicada a mostrar como o fenômeno da fala acontece dentro do
corpo a partir de coisas essenciais para a vida: o ar e a respiração. “O
sistema da língua ‘rouba’ órgãos que não foram feitos para a fala, mas a gente
está tão familiarizado com isso que não paramos para pensar o quanto é
fascinante e maravilhoso”, diz Caetano W. Galindo.
Em
uma das instalações, os visitantes serão convidados a usar um microfone que foi
calibrado para captar apenas sons de pessoas respirando – e que está ligado a
uma projeção de luz que pulsa conforme este som.
Outra
experiência mostra imagens captadas por uma máquina de ressonância magnética,
onde é possível observar como se movimenta o interior de um corpo humano quando
fala algumas frases conhecidas de canções brasileiras. Uma curiosidade é que
essas imagens foram gravadas na Alemanha: a equipe da exposição descobriu a
existência de um aparelho disponível e de um engenheiro brasileiro que topou se
gravar enquanto entoava as frases escolhidas.
Assim, Fala
Falar Falares começa a mostrar a relação dos brasileiros com a língua
portuguesa, expressa na exposição como uma grande celebração das diferentes
formas de se falar em todos os cantos do país. O público vai encontrar os mais
diversos sotaques em diálogo com experiências participativas que são uma das
marcas do trabalho de Daniela Thomas em exposições.
Depois
disso, os visitantes poderão acionar com seus próprios movimentos a imagem de
um corpo todo composto de informações a respeito da origem e da formação das
palavras que dão nome aos nossos órgãos e membros.
Num
outro momento, os visitantes vão se ver diante de um mapa-múndi que, com o
Brasil cravado no centro da imagem, permite demonstrar os caminhos que certas
palavras, escolhidas em uma mesa, tiveram que traçar até chegar ao nosso
vocabulário cotidiano.
“O
Brasil é um caleidoscópio de diferenças”, afirma Galindo. E isso ficará bem
demonstrado em um quiz em que os visitantes vão testar se conhecem mesmo os
diferentes sotaques falados pelo Brasil afora. O quiz funciona a partir de
vídeos gravados com dezenas de pessoas de todo o país. O desafio é ouvi-las e
tentar adivinhar de onde são. Os curadores garantem: é muito mais difícil do
que parece, demonstrando que os estereótipos sobre os sotaques brasileiros
muitas vezes mascaram uma diversidade ainda maior.
Em
outro ponto da exposição, o público poderá ficar no centro de uma conversa
entre doze pessoas de diferentes origens que falam de sua relação com língua,
linguagem e sotaque. Em uma instalação circular, com telas de TV que retratam,
cada uma, um interlocutor, os visitantes vão se surpreender com histórias de
orgulho, pertencimento, estranhamento, humor e também de preconceito com
determinados jeitos de falar. Outra curiosidade: os diálogos foram gravados em
grupos de quatro pessoas, mas a mágica da exposição fará a conversa parecer
sincronizada entre os doze participantes.
A
diversidade da língua portuguesa do Brasil se expressa também nos nomes dos
5.571 municípios brasileiros. Alguns deles poderão ser ouvidos nos elevadores
de acesso à sala de exposições temporárias e estarão nas paredes da
exposição, formando um poema com cerca de 500 nomes selecionados por Caetano W.
Galindo entre os mais curiosos e encantadores.
Para
os curadores a exposição deve provocar no público uma sensação de
maravilhamento com a diversidade brasileira expressa através do simples ato de
falar.
Fala
Falar Falares tem
sua origem em uma experiência da exposição principal do Museu da Língua
Portuguesa: Falares, no terceiro andar, é uma coleção de
depoimentos de pessoas de todo o Brasil, de diferentes idades, origens,
religiões, etnias e profissões, que falam de sua relação com a língua
portuguesa. Criada para a nova exposição principal, inaugurada em 2021, Falares é
um rico retrato da diversidade brasileira que atravessa e é atravessada pela
expressão oral.
Lançamento
do livro Na ponta da língua, de Caetano W. Galindo
Como parte da programação de abertura da exposição Fala Falar Falares,
o curador Caetano W. Galindo lança seu mais novo livro no Museu da Língua
Portuguesa no dia 29 de março, sábado, às 17h. Na ponta da
língua (Companhia das Letras) propõe compartilhar instrumentos
para que os leitores sejam investigadores da história da língua portuguesa
tendo o corpo humano como base. Numa jornada que vai da cabeça aos pés, Caetano
W. Galindo nos ensina os processos históricos que explicam por que nosso
pescoço deixou de ser "poscoço" e a ligação inusitada entre o joelho
e uma almofada. Enquanto nos divertimos com o humor constante de sua prosa, que
corre quase como uma performance cômica, mal notamos que estamos aprendendo os complexos
mecanismos que regem as mudanças da língua ao longo dos séculos e os processos
ocultos por trás da formação das palavras. Ao final da leitura, nunca mais
olharemos um diminutivo "inho" da mesma forma. Uma aula magistral de
etimologia sem a menor dor de cabeça -- que, aliás, vem do latim capitia e
tem a mesma origem de "chefe".
O
evento acontece no auditório do Museu da Língua Portuguesa, incluindo bate-papo
com o autor e sessão de autógrafos. Neste dia, a visita ao museu é gratuita,
então a dica é chegar mais cedo para conferir a exposição e esticar
até o lançamento.
Na ponta da língua, de Caetano W. Galindo
Número de páginas: 272
Preço: R$ 69,90 | E-book: R$ 29,90
Saiba mais sobre o livro: https://www.companhiadasletras.com.br/livro/9788535940213/na-ponta-da-lingua
SOBRE
OS CURADORES
Daniela Thomas é cineasta, diretora de teatro, dramaturga e
cenógrafa brasileira. É uma das produtoras de Ainda estou aqui,
filme de Walter Salles que acaba de conquistar o Oscar de Melhor Filme
Internacional. Em museus, vem se destacando na realização de projetos
expográficos inovadores, como os das exposições principais do Museu do Futebol
(2008 e 2024), CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol (Museu do Futebol, 2019) e
O Futuro das Profissões (SESI Lab, 2022), todas realizadas em parceria com
Felipe Tassara.
Caetano W.
Galindo é doutor
em Linguística, professor, tradutor e escritor. Sua tradução de Ulysses (James
Joyce) recebeu os mais importantes prêmios literários do país. É autor de Sim,
eu digo sim: Uma visita guiada ao Ulysses de James Joyce (2016), Sobre
os canibais (2019), e Latim em pó (2023), além do
romance Lia (2024) e do livro Na ponta da língua (2025).
JUNTOS, eles já trabalharam em seis
espetáculos teatrais, inclusive a peça Ana Lívia, escrita por
Caetano e dirigida por Daniela e, agora, também na peça Avenida
Paulista, da Consolação ao Paraíso, do diretor Felipe Hirsch, em cartaz no
Teatro do SESI-SP. Neste espetáculo Daniela Thomas e Felipe Tassara fizeram a
cenografia e Caetano W. Galindo colaborou com a dramaturgia, que teve
participação também de Felipe Hirsch, Guilherme Gontijo Flores, Juuar e dos
atores.
SOBRE
O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
Localizado na Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa tem como tema o
patrimônio imaterial que é a língua portuguesa e faz uso da tecnologia e de
suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é
convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma
manifestação cultural viva, rica, diversa e em constante
construção.
O
Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia
e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, concebido e implantado
em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O IDBrasil Cultura, Educação e
Esporte é a Organização Social de Cultura responsável pela sua gestão.
PATROCÍNIOS
E PARCERIAS
A temporada 2025 do Museu da Língua Portuguesa conta com patrocínio máster da
Petrobras e do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR; patrocínio do Instituto
Cultural Vale; apoio do Grupo Ultra, por meio do Instituto Ultra, do Itaú
Unibanco, e do UBS BB Investment Bank. Conta ainda com as empresas parceiras
Instituto Votorantim, Unipar, Machado Meyer, Porto e Verde Asset Management.
Revista Piauí, Guia da Semana, Dinamize e JCDecaux são parceiros de mídia. O
Museu da Língua Portuguesa é uma realização do Governo do Estado de São Paulo,
por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, e do
Ministério da Cultura – Lei Rouanet.
Exposição
temporária Fala Falar Falares
De 28 de março a setembro
De terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h)
R$ 24 (inteira); R$ 12 (meia)
Grátis para crianças até 7 anos
Grátis aos sábados e aos domingos
Venda de ingressos na bilheteria e pela internet:
https://bileto.sympla.com.br/event/90834/
Museu
da Língua Portuguesa
Estação da Luz – Luz - São Paulo
Acesso pelo Portão A
Foto:
Divulgação