“Gosto que me enrosco”. Esta frase por si só basta. Traduz a vontade de alguém. E, no caso específico de um show em que, por mais de uma hora, a atriz Claudia Lira interpreta canções dos anos 30, 40 e 50, acompanhada do pianista João Carlos Assis Brasil, revela a paixão da moça por ritmos nacionais e internacionais de um gosto, cá entre nós, muito apurado. Gosto por música de qualidade. O espetáculo em cartaz no Solar de Botafogo Centro Cultural, embala o público com o melhor da MPB, como “Só louco” (de Dorival Caymmi – a quem fez homenagem) e “Fascinação”.
Para abrir o show, todas as luzes se apagam. Um solo de piano introduz e, ao fundo a narração feminina de um poema incentiva o público a experimentar coisas novas, destaca a “mudança” como algo fundamental na existência e a encara como “a salvação pelo risco, sem a qual a vida não vale a pena”.
Em seguida, as luzes do palco se ascendem, o pianista prossegue o solo, surge Claudia com um vestido verde longo num cenário todo decorado com teclas de piano. Ela entoa “Gosto que me enrosco” e outras músicas.
Um tempo depois, a atriz sai do palco e uma narração feminina fala sobre a Era de Ouro do Rádio na Rádio Nacional, a MPB, apresenta o pianista João Carlos Assis Brasil e evidencia: “Um dos maiores pianistas do Brasil”, sem dúvidas! Na seqüência, ele faz um solo no piano. O público vibra e aplaude. Desce um “globo de pista de dança” (fica no alto do palco e começa girar; as luzes ao refletirem no objeto levam ao cenário imagens que mais parecem estrelas piscando. Ela senta junto do músico e canta a próxima música de costas para ele, enquanto tecla o instrumento como se fosse algo muito fácil. Depois, ela passa o microfone para ele e este diz: “Incluímos nesse repertório algumas canções de vários idiomas também do período dos anos 30, 40 e 50. Nós gostamos. Espero que vocês também gostem”. Claudia, então, apresenta o lado internacional do show com duas músicas americanas, uma francesa, uma espanhola e uma alemã. Incrível!
Para encerrar, entoou “Nada além” e um pot-pourri com as músicas “Taí”, “Abre alas” e “Cidade Maravilhosa”. Os dois, de mãos dadas, agradecem e saem do palco. Insatisfeito, o público grita e insiste: “Mais um!”. Eles voltam e repetem “Gosto que me enrosco”.
Desde o início, observa-se que o conjunto da obra é, sem dúvida, harmônico: a atriz-cantora interpreta as canções como muitas artistas não conseguem; são caras e bocas seguidas de coreografias e “jogadas” de cabelo para ninguém botar defeito; o pianista – um show à parte! – arrasa em cada melodia; a iluminação adequa-se a cada história contada através dos poemas melódicos.
0 comentários:
Postar um comentário