Lucélia Santos e Maurício Machado em Niterói

30 março 2010 |


Amor, humor, verdades e mentiras se misturam no jogo cênico de “As Traças da Paixão”, em cartaz de 09 a 25 de abril, sempre nos fins de semana, sexta e sábado às 21h e domingo às 20h, no Teatro Municipal de Niterói.

A peça, escrita por Alcides Nogueira, dirigida por Marco Antonio Braz, com Lucélia Santos e Maurício Machado no elenco, é uma tragicomédia de sabor popular que estimula reflexões sobre sentimentos antagônicos que nos acompanham por toda a vida: o amor, o ódio, o companheirismo e a solidão. As traças da paixão que alimentam e corroem. Numa linguagem atual, bem brasileira e com boas doses de humor sarcástico, une apelo popular e citações históricas (a princesa Anastácia, herdeira dos czares russos) e teatrais (Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, Tchekhov, Sófocles). “É a peça mais teatral que escrevi até hoje. Um grande duelo entre os personagens Marivalda e Paco, que reproduz o jogo teatral com todos os seus arquétipos”, diz o autor Alcides Nogueira.

Facetas diferentes para os mesmos arquétipos singelos e anônimos, cômicos e poéticos, mas sempre despertando grande cumplicidade e rápida comunicação com o público. Afinal, é desses contrastes e contradições que são feitas as relações humanas. Alcides Nogueira resume: “Em As Traças da Paixão fui buscar referências no próprio fazer teatral. Na magia que podemos inventar a cada momento, usando e abusando dos mitos. O vagabundo Paco é a minha homenagem a Plínio Marcos, que contava histórias como poucos”.

A partir de uma história real, de uma mulher que se dizia ser a princesa Anastácia Romanov, o texto conjuga muito humor e poesia e se desenvolve através das relações entre dois personagens típicos do imaginário brasileiro: Marivalda, a dona de um bar de beira de estrada que se fez sozinha no mundo, e Paco, o malandro desocupado e sem rumo nem parada. Eles assumem ao longo da peça, várias nuances para os papéis com sentimentos e relações muito distintos, numa ambígua narrativa em torno de um casal, onde qualquer um pode se imaginar sendo qualquer outro.

Na opinião do diretor Marco Antonio Braz, “Alcides Nogueira no fundo está falando do amor e da morte que são temas rodriguianos. Mas a forma que o Alcides usa para expressar o tema amplia o leque através de diversas citações artísticas que vão de Nelson passando por Plínio Marcos até Tchekhov. É um jogo aparentemente simples, mas altamente sofisticado que permite a duas forças se conflitarem por sessenta minutos nas personas do masculino e feminino, sustentando ambiguidade que não nos permite afirmar se são: Anastácia Romanov, princesa russa herdeira do império e seu filho perdido, Jocasta e Édipo, Marivalda Revólver e um trambiqueiro chamado Paco ou simplesmente um homem e apenas uma mulher”. Segundo Braz, o talento do elenco foi fundamental para a montagem. “Acima de tudo ambos são excelentes artistas e profissionais o que por si só já justificaria a escolha. Mas são, sobretudo, atores versáteis do tipo que conseguem tanto acionar a chave da comédia quanto do drama. Lucélia Santos é uma atriz especialíssima que marcou a memória do público com grandes personagens, mas sempre esteve acima destes com seu carisma e personalidade que o mínimo que se pode dizer é que é forte. Nada é superficial com Lucélia”.afirma.

Maurício Machado define Paco como um trambiqueiro. “Ele é uma dessas pessoas que não tem espaço no mundo, carinho, afeto e está em busca da sua mãe”.

O autor - Alcides Nogueira, escritor, dramaturgo e novelista é autor de grandes sucessos de público e crítica. É hoje um dos dramaturgos mais premiados do país. E por sua obra voltada ao teatro, recebeu três vezes o prêmio Shell de melhor texto, assim como diversos prêmios, mais de uma vez, tais como: Molière, Mambembe, Governador do Estado, APCA, Apetesp e outros . Destacamos “Feliz Ano Velho”, “Ventania” e “Pólvora e Poesia” como algumas de suas peças de maior repercussão. Seu mais recente trabalho foi “A Javanesa” (2007), monólogo interpretado por Leopoldo Pacheco. Na televisão, é novelista da linha de frente da Rede Globo desde 1982, e escreveu novelas de sucesso, como “De Quina Pra Lua”, “O Amor Está no Ar” e “Ciranda de Pedra”; foi co-autor das novelas “A Rainha da Sucata”, “Deus nos Acuda”, “Torre de Babel”, “Força de Um Desejo” e “As Filhas da Mãe” e das premiadas minisséries “Um só coração” e “JK”, todas para a TV Globo.

O diretor - Marco Antonio Braz é um dos principais diretores e encenadores da atualidade. Dirigiu mais de 20 espetáculos, nove peças de Nelson Rodrigues, entre elas: “Bonitinha, Mas Ordinária”, “Valsa Nº 6” e “O Beijo No Asfalto”. Na última edição do Prêmio Shell de 2008, foi escolhido como melhor diretor por “A Alma Boa de Setsuan” (com Denise Fraga), adaptação da obra de Brecht também assinada por ele.

Lucélia Santos estreou no teatro aos 14 anos de idade, na peça infantil “Dom Chicote Mula Manca e seu Fiel Companheiro Zé Chupança” substituindo a atriz Débora Duarte. Lucélia ganhou todos os prêmios de revelação daquele ano. Logo foi descoberta pelo professor Eugênio Kusnet, que reconheceu seu talento e a convidou para fazer um curso de teatro com ele por dois anos. Logo após o término do curso foi convidada para participar da montagem carioca de “Godspell”. Sua primeira atuação em novelas foi na lendária “A Escrava Isaura” (1976), uma adaptação de Gilberto Braga, que a tornou mundialmente conhecida. A partir daí, manteve nas últimas décadas uma prolífera carreira na TV (14 novelas, 6 seriados, 13 especiais para a TV e apresentadora de 3 programas), no cinema (25 filmes) e no teatro (22 montagens). Lucélia construiu uma carreira de sucessos contínuos que a transformaram em uma das atrizes mais queridas e populares do Brasil, e também até hoje a atriz brasileira mais conhecida mundialmente por causa das novelas exportadas pela Rede Globo.

Maurício Machado com 22 anos de carreira, o premiado ator estreou no musical “Sonhar Colorido” dirigido por Alexandre Mendonça, com o qual recebeu o Prêmio Mambembe de Ator Revelação. Além de trabalhos no cinema e na televisão (‘Alma Gêmea’/Globo e ‘Cidadão Brasileiro’/Record), atuou em cerca de 20 montagens teatrais, entre elas, “O Patinho Feio”, de Maria Clara Machado (indicado ao Prêmio Apetesp/1988, como ator Revelação), “O Concílio do Amor”, direção de Gabriel Villela, “As Filhas da Mãe”, “Os Germens da Discórdia”, direção de Gilberto Gawronski, “Em Nome do Pai”, com direção de Marcio Aurelio, “Gulliver”, dirigida por Cíntia Alves (indicado ao Prêmio Pananco, como melhor ator de 2000), ‘Um Passeio no Parque’, direção de Tonio Carvalho, e o mais recente “Cyrano”, com direção de Karen Acioly e supervisão de Bibi Ferreira, onde viveu o papel título, e foi indicado como melhor ator de 2008 ao Prêmio Zilka Salaberry.

Na equipe de criação, Juliana Fernandes é a cenógrafa, Roberto Cohen criou o desenho de luz, Tunica fez a trilha musical, Mario Campioli cuidou do visagismo e Breno Sanches foi o assistente de direção. Uma realização da Manhas e Manias de Eventos.

As traças da paixão – Teatro Municipal de NiteróiData: 9, 10, 11, 16, 17, 18, 23, 24 e 25 de abril (de sexta a domingo)Horário: sexta e sábado às 21h, domingo às 20hValor: sexta R$30,00, sábado e domingo R$40,00
Classificação etária: 14 anos
Capacidade: 400 lugares
Local: Teatro Municipal de Niterói
Endereço: Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói.
Tel: (21) 2620-1624

Foto: Lenise Pinheiro

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