Depois de apresentações em espaços culturais de São Paulo, estados do Sul e no Sesc Rio de Janeiro, o espetáculo “Calígula” atravessa a Baía de Guanabara para curta temporada no Teatro Abel, em Niterói. Esta é primeira vez que o ator Thiago Lacerda se apresenta em um palco de Niterói, e em grande estilo: revelando a verdadeira essência do Calígula, no espetáculo produzido em 2008 para comemorar os dez anos de carreira do ator. O elenco traz ainda Cláudio Fontana, Magali Biff, Cesar Augusto,Pedro Henrique Moutinho, Rogério Romera e Helio Souto Jr., na montagem qu evaloriza a limpeza de movimentos com o tom lúdico da palavra, do teatro de ideias divertido que não deixa o público fora da história, bem ao estilo do diretor Gabriel Villela.
Escrita em 1942 por Albert Camus (que em 1957 foi Prêmio Nobel de Literatura com a obra), a peça conta a história de Gaius Caesar Germanicus, o Calígula, terceiro imperador romano de 37 a41 e que ficou conhecido por sua natureza extravagante e às vezes cruel. Filho mais novo de Germânico e Agripina e bisneto de César Augusto, Calígula aparece em cena após a morte de Drusilla (sua irmã e amante) para expressar seu desejo impossível e sua descoberta que acarretará em verdade absoluta: os homens morrem e não são felizes. Após constatar este absurdo, Calígula decide levá-lo às últimas conseqüências, perdendo os limites do poder, da liberdade e da razão, em um processo de negação dos laços que o prendem ao gênero humano. Definida pelo próprio Camus como uma “tragédia da inteligência”, Calígula traz uma compreensão de que ninguém pode salvar-se sozinho, nem pode ser livre às custas dos outros. Atrás da máscara do imperador louco, os intelectuais da época de Camus chegaram a fazer a ligação com a figura de Hitler. Nos outros personagens, é clara a consciência lúcida da tirania, que acabava não encontrando oposição diante da frágil identidade cultural da época. Um texto que leva à reflexão sobre o homem e seus extremos, como a loucura, o absurdo e o destino. Um dos exemplos é no quarto ato, onde o filósofo Cherea declara aos senadores decididos pela conspiração para matar Calígula: “reconheçamos, ao menos, que este homem exerce uma inegável influência”.Alternando momentos de densidade dramática com ironia, o cenário de JC Serroni tem um visual moderno e clean, com um pátio, um castelo e uma ruína de Roma rodeados por bobinas de papel. Serroni trabalha com transparências obtidas por telas, tendo como elemento cênico de mais expressão uma lua de quatro metros de diâmetro para a projeção de imagens. É exatamente dessa lua que nasce o personagem Calígula.
Ficha Técnica
Texto: Albert Camus.
Tradução: Dib Carneiro Neto.
Direção e figurinos: Gabriel Villela.
Cenografia: J C Serroni.
Sonoplastia: Cacá Toledo e Daniel Maia.
Elenco: Thiago Lacerda, Cláudio Fontana, Magali Biff, Pedro Henrique Moutinho, Rogério Romera, César Augusto e Helio Souto Jr.
Produção : BF Produções
Produção Local: Terceiro Sinal Produções
Local: Teatro Abel – Rua Mário Alves, 02 - Icaraí, Niterói (RJ)
Telefone: (21) 2195-9800
Temporada: 14 a 17 de outubro de 2010
Horários: Quinta a Sábado às 21h
Domingos às 20h
Preço do ingresso: Quinta - R$ 50,00
Sexta a Domingo - R$ 60,00
Descontos: 50% para Estudantes e Idosos apresentando documentação e 20% para filipetas.
Classificação Etária: 14 anos
Duração: 100 min
Thiago Lacerda no Teatro Abel
13 outubro 2010 Postado por JORNAL CULTURA VIVA por Edson Soares às 20:07 | Marcadores: Teatro
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