AUGUSTO VIX: O TERAPEUTA DOS SENTIMENTOS

17 novembro 2010 |

Sentimentos. Emoções. Descontrole. Estes são alguns fatores que alteram a vida do ser humano, completamente. Entre resultados positivos ou negativos, existe o homem, enquanto ser, que deve ser analisado, compreendido, preservado. Por isso, hoje o CULTURA VIVA entrevistou o Psicoterapeuta emocional da empresa Naturare, em São Paulo, Augusto Vix, para comentar um pouco estas questões.

 

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Para mais informações sobre o trabalho do profissional, visite:

*o site www.naturare.com.br

*o blog  http://afetandoomundo.blogspot.com .

 

Acompanhe a entrevista exclusiva!

 

CULTURA VIVA: Augusto, por que os sentimentos mexem tanto com o estado (físico e emocional) de uma pessoa?

AUGUSTO VIX: Precisamente o grande responsável por toda essa alteração física e emocional é a emoção.  A emoção é um conjunto de reações corporais decorrentes de certos estímulos internos (ex: a memória de algum fato; a saudade) ou externos (ex: correr um risco de morte; um beijo). Quando beijamos romanticamente, substâncias hormonais são liberadas, a produção de saliva aumenta, o ritmo cardíaco acelera, o sistema circulatório se intensifica e conseqüentemente a temperatura corporal se eleva – reações automáticas e inconscientes. E quando tomamos consciência destas reações corporais, ou seja, codificamos essas “emoções” surgem os sentimentos que, por exemplo, podem ser nomeados como de amor. Os sentimentos então nascem das emoções. Todo esse sistema afeta o indivíduo proporcionalmente ao grau de sua sensibilidade. A sensibilidade é um dos caminhos para o conhecimento. Conhecer é deixar-se afetar pelo mundo humanamente. É assim que existimos e damos movimento à vida.

 

 

C.V.: Decepções afetivas podem gerar mágoas profundas? Isso pode ser considerado uma "doença crônica"? A partir de uma decepção alguém pode ficar doente?

A.V.: Sim. Decepções geradas, muitas vezes, por alguém que mais confiávamos, nos fere e promove marcas profundas e dor física, em alguns casos. A mágoa representa um sentimento de desgosto e ressentimento e pode se alojar de maneira inconsciente no indivíduo. Quando ela se instala perdemos parte de nossa vitalidade, da disposição pela vida e pelo prazer, geramos melancolia, desarranjos do sentir, pensar e agir que deprimem e comprometem a saúde do organismo. Chorar, refletir, compreender, desabafar com amigos e perdoar são algumas atitudes que abrandam a dor e impossibilitam que o sentimento de mágoa se instale patologicamente no corpo. Problemas emocionais são a matriz da maior parte das doenças mentais e até mesmo físicas. Fingir que a mágoa, dor, ressentimento, raiva ou medo não existem é atestar a morte da alma, a doença no corpo físico e o desrespeito à própria humanidade. 

 

 

C.V.: Como lidar com pessoas temperamentais, sem rejeitá-las, quando não se aceita suas atitudes?

A.V.: Diante de pessoas explosivas ou temperamentais a primeira atitude é não entrar em confronto, ouvir mais e falar menos. Se realmente você deseja aceitar e compreender esse comportamento impulsivo prepare-se, o Amor e a paciência são fundamentais. O primeiro passo é não entrar no jogo de poder e ditadura emocional que geralmente essas pessoas desejam nos envolver. Não tome para si essa raiva ou descontrole. Centrar-se e não se deixar influenciar é uma forma sutil de mostrar que desse modo ela não conseguirá nada de você.

Não perder o humor é  um outro passo. Difícil? Respire, eles podem se surpreender com a sua atitude, mesmo indignados. Essa é uma atitude não complementar à raiva alheia. Pergunte-lhe: o que você está sentindo para agir assim? Eu sei que você é melhor que isso. Faça com que a pessoa se perceba agindo.

E quando você sentir que está no seu limite ou que vai sair do seu centro, respire novamente e arranje um tempo para você: solte-se e centre-se. Relaxe, descanse e vai se divertir buscando nutrir a sua alma e silenciar a sua mente.

É importante observar a frequência e a intensidade dessas variações de humor e temperamento, isso pode ser patológico e, nesse caso, o seu Amor e um profissional habilitado poderão efetivamente ajudar esse indivíduo.  Nada na vida é estático, as pessoas e o meio em que vivem se transformam com Amor, afetividade saudável, criatividade, sabedoria e força de vontade.

 

 

C.V.: Numa família em que há muitos membros, é fácil manter um equilíbrio emocional diante de atitudes diversas de ser para ser?

A.V.: Não é uma tarefa fácil, mas com Amor, Afeto e disposição tudo pode ficar mais simples. O equilíbrio emocional e a saúde desse convívio dependerão de alguns fatores, como: a clareza dos papéis relacionais de cada membro na família; comunicação; criatividade; autoestima. Boa parte dos desequilíbrios relacionais são por indefinição de papéis. Mulheres que se tornam mães de seus maridos, filhos que assumem o papel de pais dentro de uma família ou pais que se comportam como irmãos de seus filhos são alguns exemplos de contaminação de papéis. O entendimento das funções assumidas dentro de um contexto familiar e a comunicação são transformadoras e fundamentais, na organização dessas relações. E quando surgir um conflito respire e use a criatividade para restaurar a saúde emocional. Modificar uma situação implica em criar: produzir algo inédito ou renovador. Encontrar uma maneira de afetar o outro saudavelmente a fim de mobilizar sua atenção e reflexão, exige sensibilidade e disposição. A autoestima é um fator decisivo na manutenção da sua paz interior. Reforce a sua autoconfiança, o amor próprio e respeite seus limites. 

 

 

C.V.: Que orientação você daria a quem está sofrendo por alguma perda na vida?

A.V.: As perdas permeiam nossa existência. A morte de alguém querido, um casamento desfeito, um amor perdido ou a falência, são vários os exemplos que acompanham a nossa vida. São também vários os sofrimentos causados pelas perdas. A aceitação é um grande passo e obviamente que negá-la é perpetuar a dor desse sofrimento. Ter o amparo de amigos e familiares também colabora para a superação e reconstrução de vários aspectos de nossa vida. Um histórico de boas relações afetivas, construtivas e amorosas na vida de uma pessoa, contribui para um rápido entendimento e cura. As perdas dão abertura ao novo e, talvez, uma nova chance de renovar ou de reconstruir um caminho mais próximo de sua essência. Paciência e atenção são ingredientes importantes para respeitar o seu momento de transformação.

 

 

C.V.: Há algo mais que deseja comentar?

A.V.: Quando observo a forma como as pessoas se relacionam com as outras, com as coisas, com a natureza, percebo que faltam gentileza, sensibilidade e compreensão das diferenças. Se começarmos a buscar isso em nós mesmos – sensibilizando o corpo e exercitando a espontaneidade na comunicação – vamos sentir que vivenciar emoções e expressá-las, espontânea e positivamente, nos faz mais humanos, mais conscientes, mais sensíveis e disponíveis. Para nós mesmos, para todos e tudo que nos cerca.

Parece que esta é  a tão almejada qualidade de vida: ampliar a percepção e estar disponível... Assim é que se criam vínculos saudáveis tanto nas relações interpessoais, quanto com o ambiente que nos cerca. Um ser inteiro que sabe viver profundamente o aqui agora, de uma forma simples, afetiva e saudável.

 

Foto: Arquivo pessoal de Augusto Vix

6 comentários:

MESTRANDO PARAZINHO disse...

Noooossa que pessoa fantástica, que forma de ver a vida.... fui no blog dele e fiquei simplesmente encantada... já estamos lá como seguidores.... Entender a alma humana é algo muito difícil porém são receitas simples, temos é que por em prática!

Estou lendo as postagens dele.
Mais uma vez você está de parabéns por apresentar assuntos tão interessantes!

Att,
Luciane Santiago

Axé!

Unknown disse...

Parabéns ao Cultura Viva pela matéria.É sempre bom refletirmos sobre nós e quais sao as nossas possibilidades no momento de dor, a iniciar pela fé em Deus, na vida e em nós mesmos;como bem disse o psicoterapeuta Augusto Vix, é importantíssimo o apoio da família e dos amigos, relacoes que fazem parte da nossa saúde emocional

Ricardo disse...

Que linda essa matéria!! Como é bom saber de trabalhos que falem de sentimentos,de carinho, de amor incondicional,...
Vivemos numa sociedade tão agressiva em que não temos sequer tempo de olharmos para dentro de nós mesmos e por isso nem sequer enxergamos o outro.
Parabéns ao Cultura por divulgar esse lindo trabalho do Augusto Vix!
Ricardo Bernardes

Yeda Peres disse...

Que entrevista sensacinal! É disso que precisamos muito mais! Parabéns ao Cultura Viva pela iniciativa e ao Augusto Vix pelo maravilhoso e dedicado trabalho!!!

Lívia Krassuski disse...

Excelente entrevista, pertinente, esclarecedora... parabéns ao Augusto por seu trabalho e ao Cultura Viva pela iniciativa.

Lívia Krassuski

marilia.nepar@seessarua.org.br disse...

Importante para divulgar reportagens que promovao trabalhos que efetivamente contribuem para a evolução do ser. fico feliz por ter essa oportunidade de conhecer e ir me conscientizando atrravés de um trabalho de alta qualidade de voces do Jornal cultura viva!
Sucessos sempre!