Mestre Catitu: sinônimo de Capoeira

A Capoeira, a cada dia mais, ganha força no Brasil. Em diversos cantos do país, especialistas no assunto, como o Mestre Catitu, vão para hastear a bandeira do esporte. Com isso, preservam a cultura, valorizam a educação e orientam os adeptos acerca da história desse jogo. Coisas de mestre, não tem jeito.

 

 

Hoje, Catitu deu entrevista exclusiva ao CULTURA VIVA. Acompanhe a aula que ele deu:

 

CULTURA VIVA: A história da Capoeira no Brasil se confunde com a história do próprio país?

MESTRE CATITU: A capoeira, desde seu surgimento, tem um papel relevante na historia do Brasil. Várias atuações marcaram uma época, começando pela luta da libertação, se formando aí uma grande nação dentro dos Quilombos, a guarda negra de D. Pedro, que era composta por capoeiristas, a Guerra do Paraguai, pelotões de negros capoeiristas foram colocados na linha de frente para lutar, as maltas no Rio de Janeiro, utilizadas por políticos para dar segurança nos comícios. Mestre Bimba e Pastinha além de ensinarem muitas autoridades, muitos deles passaram a ser amigos pessoais, exemplo de Jorge Amado, Caribe entre outros. Por aií podemos ver como a capoeira se confunde e está inserida na história do nosso país.

 

C.V.: Quem foi sua maior referência na Capoeira e você  segue seus passos até hoje? A que se deve essa afeição?

M.C.: Meu irmão foi uma referência quando comecei. Posteriormente, ele parou, então, dei continuidade. Essa afeição se deve por ele ser meu irmão mais velho e seguir seus ensinamentos.

 

C.V.: Quando surgiu a Associação Herança Cultural Capoeira e qual sua maior finalidade? A instituição recebe incentivos governamentais? Precisa de ajuda da comunidade?

M.C.: Bom, a Associação Herança Cultural Capoeira foi, na verdade, uma continuidade de um trabalho que já vem desde 1990 quando fundei a Guerreiros de Zumbi. Depois de dez anos, resolvemos fazer uma reformulação e o nome passou, então, a se chamar Herança Cultural. Nosso objetivo principal é elevar o nome da capoeira em todas camadas da sociedade, resgatando, preservando seus fundamentos e suas tradições. Incentivos não recebemos do governo, só quando conseguimos colocar algum projeto para um trabalho, mas, mesmo assim, há uma grande burocracia. A comunidade está sempre nos apoiando e inserida nesse contexto.

 

C.V.: O que a Capoeira representa em sua vida?

M.C.: Representa praticamente tudo, já fazem 31 anos de prática sem nenhuma interrupção, ela faz parte da minha vida, não consigo viver sem ela.

 

C.V.: Como Mestre, qual foi a cena mais marcante que já presenciou em uma roda de Capoeira e nunca mais esqueceu?

M.C.: Foram vários momentos impressionantes, cada roda é um aprendizado, uma criança sorrindo, um mestre da velha guarda jogando, tem vários momentos que guardo na minha memória.

 

C.V.: Quando está ensinando, qual a sua maior preocupação em alertar seus alunos? 

M.C.: Preocupo-me em mostrar a eles o valor que a capoeira tem porque a capoeira foi e ainda é muito discriminada, então, quando mostramos nossa capoeira temos que mostrar o melhor, saber o que está fazendo não só na prática, mas na teoria.

 

C.V.: Se alguém, empresas e prefeituras quiserem convidar a Associação Herança Cultural Capoeira para participar em eventos, como devem proceder? Vocês também podem viajar para outros Estados?

M.C.: Nós viajamos pelo mundo, é só nos chamar e nos ajudar que será  um grande prazer em participar. Temos trabalhos em mais seis Estados e quatro países. Podem acessar nosso site www.herancaculturalcapoeira.com.br e nos enviar um e-mail para mcatitu@hotmail.com.

 

Foto: Arquivo pessoal de Mestre Catitu