E o Brasil resolveu protestar.
Em meio a palavras de ordem, faixas, músicas e fantasias, o povo foi (e
continua indo) às ruas reivindicar seus direitos. A doméstica Aparecida Maria,
44 anos, qualifica a iniciativa como positiva. “Por
muitas décadas ficamos inertes à corrupção, injustiças e imoralidades cometidas
por nossos representantes. Graças a Deus, despertamos!”, comemora. “Nós temos
um poder incrível em nossas mãos e se soubermos usá-lo, juntos, alcançaremos
grandes conquistas e escreveremos uma nova história para o nosso país”.
A Assistente Social no CRAS - Centro de Rio
Bonito Suelen Borges Machado, 27 anos, se considera absolutamente a favor
das manifestações realizadas pelo país. “A indignação do povo enfim saiu do
círculo do conformismo, dos comentários dentro dos lares, no horário do Jornal
Nacional, ou mesmo nas filas dos serviços públicos precarizados”, aponta. “A
manifestação é uma expressão democrática da população. Restringir isso a quem
quer que seja é posicionar-se a favor de um governo ditatorial que nossos pais
e avós vivenciaram”.
Suelen acredita que a ida da população às ruas –
possibilitada, em grande parte, por contribuição do “Facebook” – não é o
bastante. “Creio que se devem construir grupos de base para politização e
discussão do que este movimento significa. Por que reivindicar tais direitos (e
efetivação deles)? Quais passos a serem tomados a partir de agora?”, questiona.
“Ir à rua sem compreensão do que está acontecendo ou pelo que reivindicar
acabará tornando as manifestações sem sentido, sem rumo ou mesmo uma massa de
manobra para alguma minoria que queira manifestar opiniões isoladas”.
Como assistente social, Suelen sugere algumas outras formas de
reivindicar direitos. “As manifestações de grandes concentrações
populares não são a única expressão de participação democrática. Posso, ainda,
citar como exemplo: os abaixo-assinados; a participação em associações de
moradores dos bairros; os Conselhos Municipais de Direitos (de Saúde, de
Educação, de Assistência Social, etc.) que existem para que os cidadãos
contribuam na formulação das políticas públicas e fiscalizem a aplicação de
recursos nas políticas de cada município – espaço garantido na Constituição
Federal de 1988 para realização do controle social; por fim, o voto que deve
ser muito bem pensado”, menciona.
A bancária Rosana Souza Lopes (foto), 45
anos, faz um alerta. “Vivemos num país democrático e acho válido que as pessoas
realmente manifestem sua insatisfação com os serviços essenciais à vida pública
e também aos desmandos dos políticos e à corrupção, desde que de forma
pacífica. Precisamos nos conscientizar politicamente para que de fato as
mudanças aconteçam”, frisa.
Foto: Arquivo pessoal de Rosana Souza Lopes
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