AQUELE MENINO...

23 janeiro 2014 |


Achava que eu já sabia tudo nessa vida. Conhecia as mudanças climáticas, previa o desenrolar das cenas de filmes e novelas... Entendia acerca de questões do cotidiano: família, relacionamentos amorosos, convívio com amigos... Conquistas, decepções, frustrações, rejeições... Eu entendia tudo... Isso e muito mais.
            
Até que um dia me deparei com um menino. Era um parque com arvoredos lindos, flores estonteantes e tinha uma brisa que nem nas praias que visitei jamais havia encontrado. Aquele garoto que trajava uma bermuda surrada, uma camiseta de malha quase rasgando... Descalço, sem mochila ou sacola... Não tinha aparência nenhuma.
            
Ele me viu sentado no banco daquele parque com semblante caído, olhos vagantes sem expectativas, se sentou ao meu lado e não me cumprimentou; apenas questionou, sussurrando: “quem criou toda essa beleza quer assumir um compromisso com você, mas por que será? O que ele viu em você, um ser tão sem graça, sem expressão, que não sorri, não dialoga nem se abre com ninguém? Vive uma vida sem alvos... Afinal de contas, qual será o seu destino?”.
            
Quanta sabedoria num só garoto! Olhei para ele; fitou os olhos nos meus... E eram lindos... Azul como o mar. Quando pensei em lhe dar uma resposta... Ele liberou um sorriso cativante de criança sapeca e saiu em disparada campo afora. Já longe, desapareceu entre as árvores. Coisa de criança mesmo.
            
Para quem se julgava sapiente na história, me senti mais frágil que aquele garoto, mais indefeso que um órfão e mais singelo que um bebê na dependência de seu pai. Não sei quem era o menino, mas ele me trouxe dúvidas, situações que eu omitia, não queria discutir, mas sabia que um dia a vida iria me pôr à prova e solicitaria respostas... As minhas respostas.
            
Pensar quem sou. Saber que Deus criou todas essas belezas no mundo para me dar conforto e eu aqui, discutindo dinheiro, fama, status, posições, cargos... Eu, que buscava tanto destaque não tinha a riqueza daquele pequenino. Mesmo sem nenhuma representação material, me mostrou que tudo isso que é terreno passa, mas existe algo muito além do meu orgulho, da minha arrogância e da minha ganância.
            
Há um espaço além-terra que só quem preza pela leveza nessa vida frequenta todos os dias... Só quem pode nos conduzir a este lugar é a Fé. Com ela se vence tudo, principalmente os maiores gigantes da história.
            
Solução existe e ela precisa começar dentro da gente.


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