Um passado que explicava o futuro
profissional. Assim aconteceu com o jornalista Mílton Jung, 50 anos. Sua carreira no jornalismo começou em rádio, no ano de 1984. Muito
experiente no ramo, em 30 anos de carreira
passou por redações de jornal, radiojornal, telejornal e
webjornal. Seu
ponto de partida foi na Rádio Guaíba de Porto Alegre como Produtor de programa de Esportes. Prosseguindo,
foi Redator e Repórter até que fixou-se no departamento de Jornalismo. Com toda a bagagem que adquiriu, hoje é um dos
profissionais de Comunicação mais
respeitados no país. Âncora dos programas “Jornal da CBN” e “Mundo
Corporativo” é responsável em dar notícias de importância nacional e
comenta, com exclusividade para o CULTURA
VIVA, sobre as mudanças no setor ao longo dos anos. “A velocidade com que a
informação é divulgada, a variedade de fontes e a necessidade de o rádio atuar
em multiplataformas são algumas das muitas mudanças que ocorreram nestas três décadas”,
destaca.
Confira o bate papo
do CULTURA VIVA com o Mílton Jung hoje:
CULTURA
VIVA: Em sua opinião, o rádio, com o passar do tempo, mantém seu espaço frente às outras mídias?
MILTON
JUNG: O rádio se revitaliza a cada nova crise. No momento em
que as novas mídias chegaram, com o suporte tecnológico desenvolvido, o rádio
poderia ter sucumbido. Ao contrário, se fortaleceu. Desde 2004, quando lancei o
livro “Jornalismo de Rádio”, já dizia
que a internet seria o oxigênio do novo rádio.
C.V.: Seu programa "Mundo Corporativo"
na Rádio CBN é transmitido simultaneamente pela internet, ou seja, WebTV. Como
avalia essa fusão?
M.J.: O Mundo Corporativo é
a cara do novo rádio. Os ouvintes podem assisti-lo em áudio e vídeo pelo site
da rádio CBN, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, ao vivo, e participarem com
perguntas. Somente depois este programa vai ao ar na rádio, aos sábados, dentro
do Jornal da CBN. Um dia antes, o vídeo completo estará à disposição do público
no canal da CBN no YOU TUBE e em podcast. Ou seja, produzimos um programa que
pode ser consumido em quatro formatos. O ouvinte escolhe quando e como ouvi-lo.
E nós o fazemos sabendo que teremos público em todos os formatos.
C.V.: Consegue prever um futuro para o rádio no
Brasil?
M.J.: As emissoras que
souberem adaptar seu formato às mídias digitais, trabalharem em múltiplas
plataformas, compartilharem seu conteúdo nas redes sociais e aproveitarem bem a
variedade de fontes de informação que essas redes nos proporcionam, terão
futuro. Sem esquecer, porém, que tudo tem de estar calcado na credibilidade.
C.V.: Além das técnicas comuns de qualquer
profissional de rádio, existe um perfil específico de repórter/pessoa
para atuar no setor?
M.J.: Curiosidade para
identificar as informações relevantes e de interesse do público. Habilidade
para transmitir às informações com a velocidade exigida pelo rádio. Clareza na
descrição dos fatos. E equilíbrio ao informar, a medida que, ao contrário de
profissionais de outros veículos, boa parte das notícias que vai transmitir não
passará pela análise de um editor ou produtor.
C.V.: Já aconteceu de surgir um fato e você dar a
notícia em primeira mão? Qual foi a repercussão disso?
M.J.: Na época do
jornalismo na rádio Guaíba tive minha primeira grande “aventura" ao
transmitir, ao vivo, a fuga de presos do presídio central de Porto Alegre que estavam
rebelados e conseguiram três carros para deixar o local acompanhados de reféns.
Em São Paulo, estava
no ar na rádio CBN quando se iniciou o ataque às Torres Gêmeas, em Nova Iorque.
As cenas daquele absurdo foram narradas em tempo real para o Brasil.
C.V.: Já se encontrou em alguma "saia
justa" no ar? Como saiu da situação?
M.J.: Discuti com
entrevistado e já fui ofendido, também. No primeiro caso, entrevistava um
secretário municipal de São Paulo, que para se defender me atacou, aceite o
ataque dele e parti para o bate-boca. Perdi. No segundo caso, entrevistava um
candidato a governador que denunciou o Governo do Estado de São Paulo de ter
participado do Mensalão, com argumentos que não faziam o menor sentido, pois
eram casos completamente diferentes. Fiz uma sequência de perguntas para
desmontar a história dele. O candidato não gostou, passou a me ofender ao vivo.
Eu deixei ele falar, pedi desculpas pelos modos dele aos ouvintes e segui a
entrevista. Ele perdeu.
C.V.: Em tanto tempo falando para um público
imenso, o que considera importante o apresentador sempre enfatizar ao ouvinte?
M.J.: Importante é ter
equilíbrio na transmissão dos fatos mesmo nos momentos mais críticos; não ser
levado pela emoção e divulgar notícias que não foram confirmadas ou são apenas
rumores; estabelecer um canal de confiança com o ouvinte admitindo seus erros
sempre que estes ocorrerem.
C.V.: Que recado você deixa para
quem curte obter informação em rádio?
M.J.: O rádio, apesar de
seus 90 anos de vida, é dos veículos tradicionais de comunicação o mais próximo
das novas mídias digitais. Atende às necessidades dos novos públicos, pois tem
mobilidade e velocidade, é multiplataforma e customizado. Portanto, se você quer
estar bem informado e seguir com suas dezenas de tarefas ao mesmo tempo, ouça rádio.
C.V.: Qual o horário do programa "Mundo
Corporativo" na Rádio CBN? Há reprises em horários alternativos?
M.J.: O Mundo Corporativo
pode ser assistido pelo site cbn.com.br, ao vivo, quartas-feiras, 11 horas, com participação dos
ouvintes-internautas pelo e-mail mundocorporativo@cbn.com.br, pelo Twitter @miltonjung (#MundoCorpCBN) e pelo grupode discussões no
Linkedin. O programa vai ao ar no Jornal da CBN, aos sábados, logo após às 8
horas da manhã.
Foto: Divulgação
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