Lew Shao... Um jovem dividido entre Rio Bonito e o Japão

13 julho 2014 |


O riobonitense Lew Shao, 37 anos, morou no Japão por quase 10 anos, entre idas e vindas. Há cerca de um mês retornou à Rio Bonito (RJ) e segue nova carreira profissional. Com exclusividade, ele conta para o CULTURA VIVA um pouco dessa trajetória. “Eu havia ficado órfão de pai. Vi a luta que minha mãe, uma mulata guerreira, estava tendo para manter a família. Então, abandonei os estudos e segui viagem rumo à terra do sol nascente. Trabalhando duro neste país, enviei ajuda financeira e consegui construir uma casa para ela”, relata.


Autor do livro “Kabuki, O Mistério das Águias”, publicado pela Metanóia Editora, Shao garante que os apaixonados por cultura oriental e filmes carregados de emoção, vão “se amarrar” nesta obra. “De minha própria autoria, de quando eu usada o nome artístico Lew Shay, a obra conta a história de um jovem que vem de um país distante ajudar o amigo que estava envolvido com drogas. Sentindo-se culpado por tê-lo abandonado na infância, numa época em que ele mais precisava, o protagonista elabora um plano para trazer à tona as verdades do passado que o libertariam daquele mundo de trevas. Para tanto, ele conta com a ajuda do genial Roque e um grupo de amigos com talentos especiais, e também tem por objetivo descobrir a identidade da criatura que está aterrorizando as gangues de jovens que averiguam se a lenda das águias gigantes que habitavam a serra é realmente verdadeira. Um livro repleto de ação, humor, romance mistério e aventura, indicado para todas as idades”, resume seu produto.


CULTURA VIVA: Você é nascido e criado em Rio Bonito? Sentiu falta da cidade durante o tempo que ficou no Japão? O que fazia para amenizar a saudade?
LEO SHAO: Sim. Sou nascido e criado em Rio Bonito. Lá senti falta da família, dos amigos. Da comida, pois, na época, odiava comida japonesa. Agora, sinto muita falta. Em 1996, quando cheguei lá, para amenizar a saudade, enviava cartas e telefonava uma vez por mês. Uma ligação de vinte minutos, já que a tarifa era cara demais. Hoje, com a internet, tudo ficou mais ágil. Vemos e falamos com as pessoas em tempo real. Mas nada substitui o olho no olho, o contato físico. Sentir a voz, o calor e a energia da pessoa de perto.

C.V.: Quando chegou ao Brasil, de retorno? Como foi a receptividade de amigos e parentes?
L.S.: Cheguei ao Brasil mês passado. Não sei se fico. Gosto de estar um tempo aqui outro lá. Já passei por alguns países da Europa e África, onde também possuo raízes ancestrais e, de cada um deles, peguei um pouco da cultura e dos costumes.


C.V.: Pretende voltar ao Japão para morar?
L.S.: Voltar ao Japão, com certeza. Não sei se para morar. Sinto falta do povo, da organização, da limpeza e da educação deles. Mas, lá sou visto como estrangeiro, um mestiço de japonês com mulata. Apesar disso, os japoneses sempre me trataram muito bem. Lá, você pode entrar numa loja, sujo de graxa ou cimento, que é tratado da mesma forma. Se eles acham algo que você perdeu, colocam em lugar visível para que você possa encontrar. Eles possuem um senso de comunidade e respeito ao próximo muito evoluído.


C.V.: Você já chegou em Rio Bonito trabalhando como Massoterapeuta. Aprendeu o ofício no Japão? Que avaliação você faz do ensino lá?
L.S.: Sim. Atendo em domicílio e, para quem preferir, em minha própria casa. Atendo também no Centro do Rio, pelo menos, duas vezes na semana. Além de outras cidades turísticas da Região dos Lagos. Me formei no Japão. Estudei Shiatsu, Relaxante com óleo, Thayoga Massagem, Quick e Balinesa. Indicadas para estresse, insônia, depressão, dores musculares, fadiga e todos os males causados pela agitação da vida moderna. Os professores do Japão são muito exigentes, perfeccionistas. Exigem empenho e dedicação total do aluno. Para se ter ideia, os alunos entram ás 9h e saem ás 16h. São orientados a dar boa tarde para qualquer pessoa que encontram no caminho de volta. As escolas não ensinam apenas as matérias obrigatórias; ensinam cidadania, higiene e como conviver em sociedade, obedecendo as regras e as autoridades, começando por pai e mãe. Aos sábados, eles têm educação física. E aos domingos, alguma atividade extracurricular, ou seja, os jovens quase não possuem tempo para se envolverem com assuntos errados. O que mais gostei de ter aprendido no Japão foi a cultura milenar, organização, respeito ao próximo, perfeccionismo, disciplina e dedicação extrema e profissionalismo. 


Fotos: Arquivo pessoal de Lew Shao


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