Um novo italiano na vida de Vicentini Gomez

18 agosto 2015 |

"Giuseppe foi inspirado em  um tio contador de casos, medroso e falastrão"

Se para a autora Iris Abravanel o Giuseppe de “Cúmplices de um Resgate” é uma homenagem ao seu "nono", para o ator Vicentini Gomez que dá vida ao personagem,  o "italiano Giuseppe Chavichioli"" foi inspirado em um tio com que conviveu na infância e adolescência. Virgílio, esse tio, era um tipo bonachão, falastrão, contador de causos e adorado pelos netos e sobrinhos. Quando tinha o famoso almoço das famílias em todo último domingo do mês – vale frisar que o pai do ator, José Vicentini, era agricultor e foi um dos desbravadores do norte do Paranáum dos primeiros plantadores de menta no Brasil – era festa geral dos guris, como se dizia por aquela região do Paraná.


Mira Haar, Vicentini Gomez e Bárbara Bruno - Foto: Lourival  Ribeiro

"tio Virgílio" era garantia de diversão principalmente à noite porque, depois de uns tragos, se dizia sempre cansado e ia dormir com as galinhas, como se falava à época. Qual o quê? Ele não estava cansado, mas tinha horror à noite. Quando escurecia, ele deitava, cobria a cabeça e não saia dali por nada. E ai chegava o tempo dos guris aprontarem com o Tio, que morria de medo de tudo. Até porque não existia luz elétrica nas fazendas. Era tudo com lamparinas ou velas. Era criança enrolada em lençol branco, velas dentro de abóboras, sombras projetadas na parede e o palavrão do tio Virgílio ecoava pela casa. Claro que levavam pitos dos pais, mas dar susto no Tio Virgílio era sempre permitido. Razão de muitas gozações e risos.

Mas  o "Giuseppe de Cúmplices de um Resgate" não é o primeiro Italiano representado por Vicentini. Em espetáculos teatrais foram vários, em filmes institucionais e nas novelas também foram inúmeros. Em “Malhação”, temporada 2009, interpretou Don Cornélio, um tipo mafioso; em “Cama de Gato”  deu vida ao Paolo Bianchi,  um executivo romano, representante europeu da “Aromas”, e perdidamente apaixonado pela "Rose" (Camila Pitanga).

Personagens na tv: italianos fortes, viscerais e diferenciados

Don Cornélio, de Malhação, era um tipo espalhafatoso, rico, excêntrico e metido a comprar tudo que achava conveniente. Tentou comprar a "Escola Múltipla Escolha". Dava muitas ordens e tinha  capangas para garantir a obediência de quem quisesse intimidar.


 Don.Cornélio e seus  capangas -"Malhação" - Foto: Divulgação

Paolo Bianchi era um executivo elegante, classudo e cheio de pose. Não media esforços para “comprar” o que achava conveniente.


 Vicentini Gomez e Camila Pitanga em "Cama de Gato" - Foto: Divulgação

Giuseppe Cavichioli é um Italiano que chegou ao Brasil para vencer na vida e faz de tudo para ficar rico. Um pequeno empreender que sonha alto. Inventa fatos e meios para tal. Um pouco sem jeito com as coisas, mas que sermpre acaba resolvendo tudo. Galanteador, gosta de elogios e exerce uma certa liderança – disputada com  "Fiorina" (Bárbara Bruno, sua esposa na trama) - no "Vilarejo"Morre de medo da mulher.

"Foi este quesito, o morrer de medo da mulher, que me levou a buscar as lembranças do Tio Virgílio. Ele morria de medo da escuridão, o que não é o caso do Giuseppe. O ser bem quisto pelas crianças e o seu jeito bonachão, engraçado e portador da filosofia do “sapato”, revela Vicentini.

Recentemente, Gomez ainda representou o “Serjão” (o sequestrador atrapalhado de Carminha) em Avenida Brasil e o “Delegado Cavalcante”, de Joia Rara..


Vicentini /Déborah Falabella(intervalo gravação "Avenida Brasil") - Foto: Divulgação

"Certa ocasião um repórter me perguntou qual a diferença entre os dois personagens, por um ser bandido e o outro autoridade policial, respondi de pronto: Um corre na frente e o outro corre atrás" diz, às gargalhadas o premiado ator e diretor .

Clown, mímico e ator dramático


Vicentini  Gomez (delegado Cavalcante) com José de Abreu, em Joia Rara 
 Foto: Divulgação Rede Globo

Vicentini é ator, clown e um mímico  que domina, como poucos, a arte do gestual... e ai está o  diferencial. A capacidade para construir essa multiplicidade de personagens, alguns que poderiam soar como semelhantes, faz de Vicentini um ator diferenciado em sua faixa etária. Em cada personagem uma pessoa diferente, com uma característica especial :o humor. Um especialista na arte da comédia que também consegue emocionar - e muito - nas cenas que exigem dramaticidade.


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