À primeira vista, a história de um padre devoto
cuja fé é colocada à prova diante de uma doença terminal, pode parecer uma
tragédia sobre dogmas religiosos, com narrativa dramática. Mas em “Agora e na
Hora”, o humor e a ironia são as principais ferramentas utilizadas pelo autor
Luis Erlanger para abordar questões cômicas da natureza humana. A temporada
acontece de 05 de janeiro a 25 e fevereiro, em sessões de sexta-feira a domingo
no Teatro Folha.
“Agora e na Hora” é a peça de estreia do jornalista
e escritor Luis Erlanger. A montagem assinada pelo diretor teatral e
cineasta Walter Lima Junior, traz André Gonçalves no papel do protagonista e os
atores Amandha Lee e Rodolfo Mesquita desdobrando-se nos outros personagens da
trama.
“Nossa trajetória na Terra pode ser vista como uma
tragédia – afinal, todos morrem no final – mas é risível a forma patética como
nós, humanos, ainda nos consideramos seres superiores na natureza e esperamos
um tratamento especial por parte dela ou por quem está no seu comando”, reflete
Erlanger. “Partindo dessa ideia, questionei, entre outras coisas, se um
sacerdote, que acredita e prega a vida eterna, permaneceria tão convicto e
sereno diante da iminência da própria morte”.
Com status de celebridade em
sua paróquia, o jovem padre Emanuel (André Gonçalves) de apenas 30 anos, é
diagnosticado com câncer em estado avançado após sofrer um desmaio durante a
missa. Com pouco tempo de vida e inconformado com a inesperada notícia,
abandona a batina e parte em busca de respostas em outros credos. Pregações
evangélicas, Santo Daime, sessões espíritas e consultas a uma mãe de santo
norteiam a sua busca, ao longo da qual descobre as drogas e o sexo, além
das discussões filosóficas que faz com um amigo de infância que se tornou
traficante. “Religiões são diferentes possibilidades de se falar com Deus,
assim como o próprio teatro dá diferentes possibilidades de se falar sobre
algo”, compara André, que iniciou a carreira de ator com o diretor Walter Lima
Junior há três décadas. “Estreei com ele aos 12 anos, em uma minissérie
televisiva. E também estou reencontrando a Amandha, com quem já havia
trabalhado há quase 15 anos”.
Em sua jornada, Emanuel cruza os mais diferentes
personagens, todos interpretados por Amandha Lee ou Rodolfo Mesquita: “É inegavelmente
desafiador por ser uma oportunidade rara de construir tipos tão diferentes
dentro de um mesmo espetáculo”, conta Amandha, que interpreta da mãe do
sacerdote à prostituta que o desvirgina.
Rodolfo faz coro: “São composições muito sutis.
Você tem que humanizar o personagem para não cair na caricatura, correndo o
risco de banalizá-lo. Encontrar essa verdade, a forma de falar, de andar, é uma
construção delicada, mas deliciosa”.
A caracterização de cada
personagem é reforçada pelos figurinos assinados por Inês Salgado. Ela procurou
marcar as diferenças entre eles com indumentárias específicas e atemporais.
A opção do diretor Walter Lima Junior por um elenco
enxuto encontra eco em uma cena igualmente despojada, econômica, com poucos
elementos, que ganham forma no cenário concebido por Fernando Mello da Costa,
em que um caixão é o principal objeto cênico. “É a referência imediata com a
morte, que deflagra toda a ação da peça. Ele está sempre presente e se
transforma em cama, púlpito, ganhando diferentes funções de acordo com a
situação”, explica.
Para o diretor, a luz, a cargo de Daniel Galvan,
também tem uma função importante: “A ideia é que ela fuja do papel de definir a
realidade da cena, mas sim o clima, a atmosfera, ajudando a construir os ambientes
e estabelecer cortes, já que a história tangencia o mágico, o mistério e a
fantasia”.
Seja em sua premiada
trajetória como cineasta ou em suas incursões pela direção teatral, Walter
procura sempre ir a fundo na discussão e entendimento do texto pelo elenco,
que, para ele, é fundamental na compreensão do espetáculo pelo público:
“Entendimento permite invenção, permite ao ator apresentar sua própria versão
para não ficar restrito ao campo da interpretação de diálogos decorados”,
acredita. “Meu objetivo é chegar no público, contar essa história. Eu não
concebo a ideia de fazer filme nem peça sem me imaginar do outro lado, na
plateia. Se não existe essa relação, não tem graça”, completa.
SOBRE O AUTOR LUIS
ERLANGER
Começou a carreira de
jornalista pelo jornal O Globo em 1974. Em Brasília, esteve encarregado da
cobertura de fatos relevantes no processo de redemocratização no Brasil, como
de eleições, da morte do presidente Tancredo Neves, do Palácio do Planalto, da
nova Constituição de 88, do impeachment do presidente Collor e de planos
econômicos que mudaram o país. Após quatro anos como editor-chefe do jornal, em
1995, foi para a TV Globo, como diretor editorial de Jornalismo. A partir de
2000, por 13 anos, dirigiu a Central Globo de Comunicação (CGCOM) - responsável
pelas das divisões de Propaganda e Produção Audiovisual; Design; Relações
Externas, Comunicação Corporativa e Assessoria de Imprensa, e ainda pelos
projetos culturais e sociais e do centro de documentação da emissora. Depois de
dois anos como diretor de Análise e Controle de Qualidade da Programação, saiu
da empresa para montar a Erlanger Comunicação & Arte (ECA) - escritório de
prestação de serviços de consultoria, texto, projetos e produção nas áreas de
Comunicação e Cultura. É sócio-fundador da ONG Todos Pela Educação. Escreveu o
romance “Antes que eu morra” e a biografia “Junior - no fio da Navalha”. Dirige
documentários, produz e escreve para cinema, televisão e teatro.
SOBRE O DIRETOR
WALTER LIMA JUNIOR
Formou-se em Direito e atuou inicialmente como
jornalista e crítico de cinema. Na década de 1970, dirigiu mais de 50
documentários para a televisão. No cinema, foi assistente de Glauber Rocha em
“Deus e o Diabo na Terra do Sol” e estreou como diretor na adaptação da obra
“Menino do Engenho”, de José Lins do Rego. Construiu sólida e premiada
filmografia em que se destacam longas como “A Lira do Delírio”, “Brasil Ano
2000” (vencedor do Urso de Prata em Berlim), “Inocência”, “A Ostra e o Vento”,
“Os Desafinados”, entre outros. No teatro, dirigiu peças como “Fica Comigo esta
Noite”, “Répétition” e “A Confissão”. É professor na Escola de Cinema Darcy
Ribeiro e na PUC-Rio. Foi tema da elogiada biografia Walter Lima Junior: Viver
Cinema, Casa da Palavra, 2010, do crítico Carlos Alberto Mattos.
FICHA TÉCNICA
Texto: Luis Erlanger
Direção: Walter Lima Junior
Assistência de direção: Carlos André
Martins (Careca)
Elenco:
André Gonçalves – Padre Emanuel
Amandha Lee – Beata / Secretária / Garota de
programa / Mãe-de-santo / Mãe / Médium
Rodolfo Mesquita – Sacristão / Oncologista / Pastor
/ Traficante / Daimista / Padre
Cenografia: Fernando Mello da Costa
Figurinos: Inês Salgado
Iluminação: Daniel Galvan
Trilha sonora: Pedro Silveira
Trilha sonora: Pedro Silveira
Produção executiva: Dani
Carvalho e Renata Alvarenga
Direção de produção: José Gonzaga
Araújo
Elaboração e administração: Bianca Ramos
Patrocínio: Petrobras
Realização: Pedra Corrida Produções
Fotos: Leo Aversa e Cristina Granato
Espetáculo "AGORA E NA HORA"
Estreia: 05 de janeiro de 2018
Temporada: 25 de fevereiro de 2018
Apresentações: sexta-feira, 21h30;
sábado, 20h e 22h; e domingo, 20h
Ingresso: R$40,00 (setor 2) e R$70,00 (setor 1) às
sextas-feiras; R$50,00 (setor 2) e R$80,00 (setor 1) aos sábados e domingos
*Valores referentes a ingressos inteiros.
Meia-entrada disponível em todas as sessões e setores de acordo com a
legislação.
*Clientes Petrobras PREMMIA e Funcionários da
Petrobras têm 50% de desconto na compra de dois ingressos, apresentando
documentos que comprovem seus direitos. Desconto não cumulativo com outras
promoções.
Duração: 80 minutos
Classificação etária: 14 anos
TEATRO FOLHA
Shopping Pátio Higienópolis - Av. Higienópolis, 618 /
Terraço / tel.: (11) 3823-2323 - Televendas: (11) / 3823 2423 / 3823 2737 /
3823 2323 Site: www.teatrofolha.com.br
Vendas por telefone e
internet/ Capacidade: 305 lugares / Não aceita cheques / Aceita os cartões de
crédito: todos da Mastercard, Redecard, Visa, Visa Electron e Amex / Estudantes
e pessoas com 60 anos ou mais têm os descontos legais / Clube Folha 50%
desconto / 50% de desconto para funcionários e clientes do Cartão Renner.
Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a quinta, das 15h às 21h;
sexta, das 15h às 00h; sábado, das 12h às 00h; e domingo, das 12h às 19h /
Acesso para cadeirantes / Ar-condicionado / Estacionamento do Shopping: R$
14,00 (primeiras duas horas) / Venda de espetáculos para grupos e escolas: (11)
3104-4885, (11) 3101-8589, (11) 97628-4993 / Patrocínio do Teatro Folha: Folha
de S.Paulo, CSN, LG, Privalia, Nova Chevrolet, Wickbold, Owens, Teleperformance
e Grupo Pro Security.
SOBRE A CONTEÚDO
TEATRAL
O grupo empresarial
paulista Conteúdo Teatral atua há mais de quinze anos em duas
vertentes: gestão de salas de espaços e produção de espetáculos. Como gestora é
responsável pela operação do Teatro Folha, no Shopping Pátio
Higienópolis, com direção artística de Isser Korik e direção comercial de Léo
Steinbruch, programando espetáculos para temporada em regime de coprodução. No
período de atuação a empresa soma mais de 2 milhões de espectadores.
Como produtora de espetáculos,
viabilizou dezenas de peças, como “Gata Borralheira”, “O Grande
Inimigo”, “Os Saltimbancos”, “A Pequena Sereia”, “Grandes
Pequeninos”, “Branca de Neve e os Sete Anões”, “A Cigarra e a
Formiga”, “Cinderela” e “Chapeuzinho Vermelho” para as crianças. Para
os adultos foram realizadas, entre outras montagens, “A Minha Primeira Vez”,
“Os Sete Gatinhos”, “O Estrangeiro”, “Senhoras e
Senhores”, “O Dia que Raptaram o Papa”, “E o Vento
Não Levou”, “Equus” a trilogia “Enquanto Isso...”, além de projetos
de humor – como “Nunca Se Sábado...” e “IMPROVISORAMA” – Festival
Nacional de Improvisação Teatral. Em parceria com Moeller e Botelho produziu os
Musicais “Um Violinista no Telhado”, “Todos os Musicais de Chico Buarque em
90 Minutos”, “Nine – Um Musical Felliniano” e “Beatles num Céu de Diamantes”.
Foto1: Leo Aversa
Foto2: Cristina Granato
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