Nascido no município de São Gonçalo, o Contabilista,
Auditor e graduando em Direito, Rodrigo
Medeiros,45 anos, tem uma história de trabalho e empenho no
desenvolvimento econômico, social e turístico de Tanguá, onde atuou como Secretário Municipal de Educação por oito
anos, além de assumir outras pastas. Tempo o bastante como residente na cidade,
estabeleceu uma relação de afeto e trabalho, contribuindo para melhorias em
diversos setores. Da forma como conhece a
localidade e os cidadãos, Medeiros é pré-candidato
a prefeito do município de Tanguá – local que o motiva a cada dia mais.
“Minha relação com a cidade de Tanguá começou no ano 2000. Então, já tenho
vinte anos de Tanguá e me orgulho muito disso”, destacou.
Em entrevista ao CULTURA VIVA, Medeiros comentou sobre temas necessários e urgentes que
o município precisa de solução para alavancar o real desenvolvimento.
Acompanhe!
CULTURA VIVA: Quando o senhor pensa no município de Tanguá, o
que logo vem à sua mente?
RODRIGO MEDEIROS Tanguá é um bom
lugar para se conviver. É uma cidade de um povo ordeiro, pacato, acolhedor e
que se orgulha muito de sua história. É uma cidade nova que tem orgulho de seus avanços e
conquistas, mas tem desafios muito sérios a serrem superados. Acredito que tem
muito potencial para avançar em direção a seus desafios.
C.V.:
Como é sua relação com a comunidade? O que já realizou de relevância para a
população?
R.M.:
Me
orgulho muito com a relação que eu estabeleço com a cidade e toda a população, como
o cidadão tanguaense me abraçou e me deu uma força muito especial. Eu tive, em
2005, minha primeira experiência na administração pública, aqui em Tanguá. Fui
Secretário Municipal de Educação, Esporte e Lazer durante 8 anos. Mas, enquanto
fui Secretário de Educação tive a oportunidade de estar à frente de outras
pastas, acumulando essas funções: fui também Secretário do Meio Ambiente,
Praças, Parques e Jardins; fui Secretário de Cultura e Turismo; fui Chefe de
Gabinete e também Secretário de Governo. Me permitiu conhecer a cidade de um
ponto de vista holístico, entendendo, percebendo e reconhecendo o sentimento, quais
eram as perspectivas que as pessoas tinham da cidade, as suas projeções. Isso
tem colaborado muito no desenvolvimento dos meus projetos.
C.V.:
Como um município pequeno e localizado no interior do estado, deveria ser mais
fácil sanar os problemas, pelo menos, os menores. Como pré-candidato a prefeito
que postura terá, se eleito for, frente à essa realidade?
R.M.:
Primeiro, é preciso que entendamos que Tanguá é
o último município da Região Metropolitana. Embora, tenhamos ainda uma
característica de interior, somos um município da Região Metropolitana e, se
apropriar disso, é algo muito importante porque estamos a 60 quilômetros da
Capital Cultural do país, que é a cidade do Rio de Janeiro. Temos um potencial
enorme aqui. Somos cortados pela principal Rodovia do país, a BR 101, ou seja, logisticamente
estamos numa posição central e estratégica, no meio do caminho para o Norte do
Estado; temos uma alça de acesso para a Região Serrana por Cachoeiras de Macacu
e Nova Friburgo; estamos muito próximos do Arco Metropolitano que pode ser
acessado por Manilha. Então, vejo que temos muito potencial para ser
desenvolvido e acredito nessa capacidade que temos de colocar isso em prática. Fazendo
com que o turismo fortaleça, que a geração de empregos aconteça a partir dessa logística
favorável, dessa ambiência e também da forma como o cidadão tanguaense se
posiciona a quem nos visita. Enfim, isso é algo sensacional!
C.V.:
O que de melhor o senhor analisa em Tanguá que merece de mais investimento?
R.M.: Não diria que
fosse algo de melhor, mas uma área que me incomoda muito e eu vejo um
potencial enorme é a questão do turismo. Acho que a cidade de Tanguá, sobretudo
no momento em que está vivendo com esportes individuais, como bike, motocross e
através dos bugueiros as pessoas estão descobrindo a cidade. A Lagoa Azul é um
potencial que tem sido decantado no país todo: temos recebido visitantes. Mas, também
temos a belíssima cachoeira de Tomascar, um centro gastronômico interessante, a
Serra do Barbosão que, hoje, tem instituído, no município, o Parque Natural da
Serra do Barbosão que precisa ser cuidado, preservado e garantido porque há um
potencial turístico principalmente no que diz respeito à prospecção do município.
Estamos há 60 quilômetros da Capital Cultural do pais, que é o Rio de Janeiro,
estamos cortados pela principal Rodovia do país, que é a BR 101, não há um
semáforo entre nós e o Rio de Janeiro, e temos que explorar isso apresentando para
as pessoas que é possível vir aqui, pertinho, rapidinho e irão chegar num lugar
onde há uma ambiência rural. Temos, ainda, um projeto fantástico chamado
Circuito da Laranja onde, quem nos visita, conhece as propriedades rurais, o
engenho de farinha, os pomares e vai descobrir que é possível se divertir sim
num ambiente agradável com aspecto de interior e em família.
C.V.:
Entre dezenas de problemas existenciais, a saúde e a educação, de fato, são os
quesitos que mais sofrem ano após ano. Qual sua proposta central para reduzir,
o máximo possível, dessas dificuldades?
R.M.:
É
preciso que entendamos que Tanguá é um município muito novo, só tem 24 anos e nos
orgulhamos dessa história. Porém, acho que precisamos, realmente, avançar. No
campo da saúde temos profissionais extraordinários no município, muito bem
qualificados, mas a estrutura de saúde precisa sofrer investimentos reais: não
temos um centro de imagem diagnóstico, não realizamos nenhum tipo de procedimento
de cirurgia eletiva, seja catarata, hérnia, miomas, vesícula, apendicite,
perineoplastia, enfim, são cirurgias de menor potencial agressivo, mas que são muito
importantes e a gente não realiza aqui: acaba tendo que encaminhar para a
regulação e, assim, realizar esses procedimentos fora do município. Isso vai
criando uma fila de espera enorme. Precisamos empoderar a nossa rede, fazer investimento
pesado também na atenção básica fortalecendo o papel dos postos de saúde da
família, dando uma autonomia maior e investimento na equipe e, dessa forma,
aproximarmos as agendas de consultas eletivas. Essa é uma dificuldade, demoramos
muito nesse quesito. Enfim, no campo da saúde, precisamos fazer esse tipo de
investimento. No campo da Educação – com a licença de quem foi Secretário de
Educação e conhece um pouco essa rede –, hoje só temos duas creches em
funcionamento no município: a Creche Municipal Tereza Campins Gonçalves e a
Creche Municipal Oziris Rodrigues da Silva, no Centro de Tanguá. Portanto, as
crianças de Duques, Pinhão, Bandeirantes, Posse dos Coutinhos e toda a área
rural precisam de investimento em Creche e Pré-escola. Diferente não é numa
agenda de escola em tempo integral. Temos, hoje, 16 escolas no município e precisamos
colocar, na agenda da gestão, a implantação da rede em tempo integral.
Particularmente, eu acho que isso deve começar pelas escolas da área rural e é o
que eu pretendo fazer se as coisas acontecerem da forma como estamos programando.
C.V.:
E o campo do turismo, esporte e lazer que futuro terão?
R.M.:
Precisamos
fortalecer a estrutura para garantir o potencial dos nossos pontos turísticos.
Por exemplo: a Cachoeira de Tomascar é bela porque Deus assim a fez, mas qual
ação governamental tem sido feita para a sua preservação? Não há um trabalho
ecológico de reflorestamento da margem da cachoeira, não tem um trabalho de
limpeza já que é um ponto de visitação, porque, nos fins de semana, principalmente,
recebemos muitos visitantes. Sobre a Lagoa Azul tenho visto anúncios na
internet onde se cobra R$ 20,00 (Vinte Reais) para se fazer visitas, mas o que
o poder público está fazendo para regular aquela operação? Quais são os riscos?
O que tem feito para tornar o lugar mais atrativo e seguro? É preciso lembrar
que a Lagoa Azul está dentro da área de amortecimento do Parque Natural
Municipal da Serra do Barbosão, ou seja, é uma área com potencial que precisa
ser preservado. Logo, é preciso que o município regule essa atividade, ordene, organize
e explore esse potencial turístico. Associado a isso é preciso que encorajemos
os nossos empreendedores em Tanguá para fazerem, inspirados nos empresários,
como a Marilene, o Lau de Tomascar, o Tom Zé, enfim, que possam investir aqui.
Nós temos uma gastronomia muita atraente na região.
C.V.: No tocante ao
urbanismo, ao saneamento básico, enfim, “a cara” do Centro da cidade, tem
resoluções práticas?
R.M.:
Sim.
Esse é um ponto sensível. A BR 101 é um grande ativo que temos aqui, afinal de
contas é a principal rodovia do país, corta o município de norte a sul e é,
realmente, muito importante para a economia da cidade. Por outro lado, também nos
traz um problema do ponto de vista urbanístico. A entrada da cidade, por
exemplo, é um problema sério: é preciso mudar porque ela é perigosa. As pessoas
que nos visitam ou os residentes vem pela BR 101, que é uma rodovia de alta velocidade.
Portanto, tem que ser repensada, urbanisticamente, aquela entrada. A questão do
viaduto é um grande desafio do ponto de vista urbanístico também porque ele
separa dois lados da cidade, é como se fossem duas cidades distintas: uma que
se desenvolveu à esquerda da rodovia sentido norte e, a outra, que ainda carece
de desenvolvimento à direita da rodovia no sentido norte. Portanto, é necessário
pensar isso de forma séria e comprometida com profissionais, enfim, é realmente
um grande desafio e eu acho que isso é possível dado ao potencial que temos.
C.V.: Em todo município
os residentes do interior sofrem com questões de iluminação, estradas
precárias e até pobreza extrema, em alguns casos. Que esperança esse
pessoal pode ter, caso o senhor seja eleito?
R.M.:
Tanguá
se desenvolveu às margens da rodovia. A área urbana está ladeando a principal
rodovia do país que corta a cidade. Porém, a nossa constituição territorial é,
eminentemente, rural. Portanto, temos um potencial rural, agrícola e turístico
enorme. É preciso que esse potencial seja trabalhado de forma a preparar as
estradas, fazer um investimento melhor no interior da cidade. Então, isso
requer que tenhamos atenção numa patrulha mecanizada, mantendo as estradas vicinais,
apoiando o produtor rural, fazendo com que a área seja incentivada e
fortalecida, impedindo o êxodo, a saída dos moradores do campo para virem buscar
espaço na área urbana, que está cada vez mais competitiva. A estratégia para
isso é o empoderamento da área rural. Por isso, precisamos ajudar o produtor a
escoar a sua produção. Note: uma caixa de laranja, que é o principal produto
agrícola na cidade, hoje está sendo vendida até R$ 22,00 (Vinte e Dois Reais) na
área rural, ao passo que, se alguém vender a dúzia dela, consegue apurar algo em
torno de R$ 80,00 (Oitenta Reais) por uma caixa, ou seja, quase quatro vezes
mais. Precisamos implantar uma feira livre agrícola, o que não temos na cidade;
todas as cidades do nosso entorno têm feira livre, nós não temos; fortalecer e
empoderar o Mercado do Produtor Rural, que fica na beira da rodovia, mas hoje
está ali acabado, sucateado, realmente destruído e isso seria importante demais
para ajudar o nosso produtor aproveitar os passantes pela rodovia. Também gostaria
de resgatar algo que está na memória cultural e histórica dessa cidade, que é a
feira do Portinho, lá no Centro da Posse dos Coutinhos. Tenho desejo de implantá-la
ali, ao Igreja Católica, a Capela de Santana. Acho que,
se realmente criarmos uma estrutura dando empoderamento à área rural apoiando o
produtor, fortaleceremos, também, a nossa identidade cultural e turística da cidade.
C.V.: Para melhorias da cidade, em geral, quais parcerias buscará?
R.M.:
É
fundamental que entendamos que Tanguá já atingiu a maioridade, parte para 24
anos e precisa, realmente, se consolidar. Ainda não temos aqui, por exemplo, uma
linha de transporte municipal. Para você se deslocar dentro do Centro da cidade
paga uma tarifa intermunicipal. A gente precisa, realmente, se relacionar bem
para resolver o problema dos limites do município. Na área rural, em Muriqui, tem
uma praça que separa Tanguá de Itaboraí onde um lado da praça é Itaboraí e ou
outro lado é Tanguá; em Duques, no sentido sul indo em direção ao Rio de
Janeiro, depois que você passa do Bandeirantes II onde tem ali a Queijaria, já
começa Itaboraí. Entretanto, do outro lado, da pista, ali na frente na
cabeceira da ponte, já está perto da Embratel. Então, a gente precisa se
relacionar com Itaboraí de uma forma institucional, séria, mas a bem de
resolver problemas que são de interesse comum porque, no limbo, ficam os moradores
dessas regiões limítrofes. Precisamos, então, se relacionar e bem com o Governo
do Estado, com as nossas cidades vizinhas, sobretudo com a nossa coirmã Itaboraí
e também como Governo Federal que são, estrategicamente, muito importantes
desde os investimentos que são possíveis até a correção de distorções
históricas que ainda vivenciamos em nossa cidade.
C.V.: Como
pretende dialogar com os Governos Estadual e Federal frente às necessidades do
município?
R.M.:
É
preciso que reconheçamos as dificuldades que temos aqui e, de uma forma
republicana, nos relacionarmos com outras instâncias de Governo. Inclusive, o
Governo do Estado tem um papel fundamental, sobretudo no que diz respeito à
construção de autonomias. Ainda não temos um destacamento com bombeiro militar,
ainda não temos mais que uma companhia, enfim, precisamos nos estruturar, dialogar, pensar as estruturas de
segurança, desenvolver o nosso potencial industrial, o nosso parque logístico. Eu
penso na construção e na necessidade imperiosa de um condomínio industrial e
isso, se bem pensando junto às agências de fomento do Estado com a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de
Janeiro
(Codin) pode nos ajudar enormemente no aproveitamento da geração de empregos,
enfim, precisamos nos relacionar de forma equilibrada, republicana, mas
pragmática: os objetivos são esses, os desafios estão colocados; como faremos para
superar? Porque isso concorre para o sucesso e o atingimento de objetivos
comuns, tanto em nível estadual como em nível federal.
C.V.: Que recado o senhor deixa para a população
tanguaense?
R.M.:
É
preciso acreditar, é preciso entender que as dificuldades estão colocadas.
Vivemos um momento de crise econômica que está instalada no mundo todo e foi
agravada com a pandemia. Em Tanguá, em especial, já vínhamos mergulhados nessa
crise antes mesmo da pandemia. Temos visto a cidade perder o empoderamento do
que veio conquistando ao longo dos últimos anos, mas acho também que todos os potenciais,
tudo aquilo que a população conquistou, o nível de amadurecimento da própria população
local nos permite olhar com positivismo de que temos sim condições de nos
tornar uma cidade que pense a saúde pública de uma forma mais acolhedora, mais humanizada,
mais efetiva no seu tempo de resposta para as demandas da sociedade; que seja
assim, uma cidade que promova e construa oportunidades e insira, no mercado de
trabalho, sobretudo essa juventude que percebemos tão ameaçada em tempos de violência,
e que a gente consiga explorar, ao máximo, o potencial turístico que temos aqui.
Sempre através da conscientização. Para isso, é importante que nós também
consolidemos e resgatemos o orgulho da nossa identidade educacional. Tanguá colecionou
prêmios nos últimos anos e, na história recente, tem visto o empobrecimento. É
preciso lembrar que nós estamos há cinco meses sem aulas na rede municipal e isso
é lastimável! Se os nossos alunos forem promovidos será um prejuízo porque eles
não tiveram a oportunidade de ter acesso ao conhecimento. Então, se forem
promovidos automaticamente será um prejuízo para sua formação; se forem retidos
também não é justo porque eles tinham o direito de terem sim a chance de
estudar e precisamos, então, reconduzir através da educação, da saúde, da empregabilidade
e da promoção de segurança com um horizonte melhor para Tanguá. Portanto, eu
sou muito otimista e confio nisso, assim como todos vocês que eu espero que
também confiem.
Foto: Divulgação
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