Ser tão amante por seu habitat, respeitar e enaltecer a terra-mãe ao ponto de se dedicar a uma pesquisa intensa, rara e cara com o intuito desse trabalho todo virar um livro empírico e de fácil entendimento do público em geral, simultaneamente, só mesmo uma pessoa que veste a camisa da sua cidade e valoriza seus pontos turísticos, praias, trilhas, ilhas e, em meio à caminhada desse estudo sério, encontrar curiosidades, falar de biodiversidade e debruçar-se em assuntos de um município em que nenhum outro autor jamais apresentou, embora possa ter tentado e desistido pelo dispêndio desse trabalho de campo. 


Mas, com o professor Acioli Junior a história ganhou um capítulo à parte e ele pagou para ver: se empenhou num trabalho rigoroso município afora e, com certeza, seu esforço deixará um legado para a cidade de Cabo Frio – uma das principais e mais visitadas na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, pelo acolhimento e charme turístico.

 

Nascido no local e o conhecendo como a palma da mão, o mestre concedeu entrevista exclusiva ao CULTURA VIVA e falou sobre o livro "Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio", que será lançado no Museu José de Dome (Charitas), da seguinte forma: no dia 27 de agosto, das 9 às 17h, com palestra às 10h e às 15h e, no dia 28 de agosto, das 17 às 21h, com palestra às 19h. O Museu fica localizado na Avenida Assunção, 855, no Centro de Cabo Frio. Imperdível! 

 

Acompanhe o bate papo! 

 

CULTURA VIVA: Se tornar um escritor sempre foi uma meta?

ACIOLI JUNIOR: Não. Aconteceu naturalmente, de maneira progressiva, no decorrer dos anos, sem nenhum planejamento ou aspiração prévia.

 

C.V.: Enveredar pelo caminho da Educação (ser um professor) facilitou e muito seu desempenho textual e perceptivo na produção de cada livro publicado?

A.J.: Sim, juntamente com algo muito marcante que aconteceu anos antes do magistério: quando era adolescente, com 14 anos, comecei a participar da Igreja Presbiteriana de Cabo Frio. Ao frequentar as reuniões (cultos e Escola Bíblica) percebi que havia uma obrigatoriedade para os membros, que era ler a Bíblia uma vez por ano. Eu entendi, em minha mente adolescente, que aquilo era uma disputa e, assim, com 18 anos, lá estava eu em minha quinta leitura das Escrituras! Nunca mais parei de ler e estudar. Li tanto que me tornei um cético guiado pela dúvida e ancorado na razão. Essa experiência foi que me levou ao magistério, a ser um intelectual estudioso, a ser um devorador de livros, artigos e periódicos científicos, além de produzir muito, escrevendo quase todos os dias.  

 

C.V.: Qual foi sua reação quando pôs em suas mãos seu primeiro livro?

A.J.: Escrever um livro é como dar à luz a um filho. É um processo doloroso e prazeroso, ao mesmo tempo. Ver a obra pronta compensa todo esforço, dedicação, leituras, pesquisas e noites de sono perdidas.

 

C.V.: Em breve, lançará o "Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio". Por ser uma pesquisa documental e empírica, automaticamente, exige um pouco mais do autor. Qual o ponto da obra que deu mais trabalho desenvolver?

A.J.: Eu fiquei seis anos pesquisando, me dedicando, gastando um bom dinheiro visitando lugares desconhecidos da população, turistas que amam Cabo Frio e escrevendo sobre o Patrimônio Ambiental e Histórico do município. Tudo deu muito trabalho porque estou sendo o desbravador escrevendo sobre algo inédito: nenhum outro autor escreveu sobre praias, ilhas, rios, laguna, Parques Naturais Municipais e sobre todo o meio ambiente do município cabo-friense. Nem em sites da Marinha, do IPHAN, INEPAC e INEA se encontram nada sobre o que pesquisei e escrevi. Por isso, foi importante a pesquisa empírica, a visita a todos esses lugares descritos no livro, além das entrevistas com pescadores e mergulhadores profissionais que foram muito importantes para meu conhecimento sobre os principais pontos de mergulho e sobre a fauna marinha nas ilhas.


 

C.V.: Teve apoio de colaboradores na execução de uma pesquisa tão extensa? Se teve, estabeleceu critérios para tais participações?

A.J.: Nenhum. Nunca tive apoio de ninguém. Muito menos do poder público. Aliás, teço inúmeras críticas aos prefeitos que se sucederam à frente da administração da Prefeitura Municipal de Cabo Frio, com exceção de um prefeito, Ivo Saldanha, que governou a cidade no final da década de 1980 e tombou dezenas de monumentos históricos via decreto. Os demais não valorizaram a história e o patrimônio cultural de um dos mais antigos municípios do Brasil. Cabo Frio é a quinta cidade mais antiga do país, elevada a essa condição pelo rei Felipe III da Espanha (Felipe II de Portugal), no período da União Ibérica, em 1615. Mas, a região de Cabo Frio é conhecida pelos colonizadores portugueses desde a viagem de Gonçalo Coelho em 1501. Não tive apoio, mas, na verdade, não esperava tê-lo, inclusive pelo tom crítico das minhas publicações e por eu zelar pela minha independência e liberdade. Antes só do que politicamente acompanhado.

 

C.V.: Dissertar sobre Patrimônio Ambiental trouxe um diferencial para o seu livro. Há pontos críticos nos capítulos referentes à questão? O que preferiu enfatizar sobre o assunto?

A.J.: Os pontos críticos que aponto em relação ao patrimônio cultural do município é a sua desvalorização por parte do poder público com o abandono de alguns, como o mais importante monumento rural de toda a região, a Fazenda Jesuítica de Campos Novos, assim como o total desconhecimento por parte da população cabo-friense dos bens culturais municipais, a incapacidade dos gestores em fomentar um turismo histórico-cultural e o ecoturismo numa cidade que é privilegiada no que tange a história e belezas naturais.

 

C.V.: Para falar com propriedade sobre locais de mergulho no município de Cabo Frio e melhores opções para a pesca submarina foi necessário acampar nesses lugares? Como fez para explorar essas regiões, talvez desconhecidas da população local, como um todo?

A.J.: Eu visitei todas as ilhas de Cabo Frio por duas vezes em 2018. Aluguei um barco e o coloquei o dia inteiro à minha disposição. Saí às 5:30h da manhã do Canal Itajuru e fui para a Ilha de Âncora, a mais distante da cidade, terminando na Ilha dos Papagaios, a mais próxima da costa às 17h. Foram dez ilhas oceânicas visitadas. Além dessas duas inspeções que não foram nada baratas, pois não há passeios de escuna para a maioria delas (somente para duas das dez ilhas), eu ainda ouvi 36 pescadores e mergulhadores profissionais que me deram informações preciosas para eu escrever o texto. A população local não conhece, pelo menos, sete dessas dez ilhas oceânicas nem pelos seus nomes. A ilha que eles mais conhecem é a Ilha do Japonês, que fica no Canal Itajuru. No entanto, não sabem que ela possuiu quatro outros nomes anteriores ao atual, nem que seu nome original é coroa da Barra.


 

C.V.: O bairro Tamoios, no Segundo Distrito de Cabo Frio, ganhou destaque em seu livro. Por que o priorizou?

A.J.: Primeiro porque é rico em história, possui quatro praias, os três rios do município, que também a maioria dos cabo-frienses desconhecem, mas estão nessa localidade e tem o mais importante sítio patrimonial rural da Região dos Lagos. Nenhum outro autor valorizou a localidade em seus escritos e, por último, a família da minha mãe é toda de Tamoios. Foi uma forma de honrá-los!

 

C.V.: Qual foi a sua maior preocupação quando idealizou essa obra? Prestes a publicá-la, essa preocupação está resolvida, em tese?

A.J.: A minha maior preocupação, ou seja, melhor pretensão é elevar o nome da minha maravilhosa cidade e colocá-la em um patamar de destaque. É fomentar o turismo histórico-cultural e o ecoturismo. Também é levar a preservação de seus bens culturais tangíveis e intangíveis, além, é claro, de levar ao conhecimento de um grande número de pessoas locais de rara beleza.

 

C.V.: Como o público poderá adquirir o "Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio"?

A.J.: Através das minhas redes sociais, da Plataforma da Amazon, pelo Mercado Livre e sites de livrarias.

 

C.V.: Quais são suas redes sociais?

A.J.: Facebook: www.facebook.com/aciolijunior, Instagram: acioli_junior_ e WhatsApp (22) 99292-3818.

 

Confira alguns registros do professor Acioli Junior durante a pesquisa do livro "Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio":  

 

Na Trilha Praia Fofa



                      Na Praia Secreta das Amendoeiras


Na Trilha Caverna dos Escravos



                                                      Na Trilha da Lajinha


Fotos: Divulgação




 

 

 


 

 



 

 

 

 

 


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