Enoque Azeredo transformou uma triste experiência em obra literária e tem mudado histórias

26 agosto 2022 |

 


Ser fruto de um abuso sexual, na infância, e ainda vir a público registrar seu depoimento numa obra literária é coisa de um guerreiro. È atitude de quem superou o trauma e venceu os fantasmas que o atormentava.

 

Esse exemplo de pessoa é o psicólogo e escritor Enoque Azeredo, do Rio de Janeiro. Ao viver esta triste realidade, hoje ajuda centenas de pessoas que já passaram pelo problema e, através do livro “Quando ninguém vê”, tem auxiliado muita gente com suas palestras e orientações.

 

Acompanhe esse super bate papo! 

 

CULTURA VIVA: Com tantos assuntos ligados à psicologia infantil por que decidiu escrever sobre abuso sexual?

ENOQUE AZEREDO: Porque eu, na minha infância, fui violentado sexualmente. Sei a culpa e a angustia que pode ser sentida por 
uma pessoa que foi abusada. O meu objetivo é acolher essa pessoa e alertar a sociedade para que haja a prevenção.
 

 

C.V.: O livro "Quando ninguém vê" reflete uma realidade, infelizmente comum, na atual sociedade. Em sua opinião, o que leva um adulto querer se apropriar sexualmente de uma criança, tão indefesa?

E.A.: Geralmente, esse adulto está reproduzindo o que fizeram com ele. Tal comportamento pode ser um produto do inconsciente.


 

C.V.: Geralmente esse adulto também pode ser fruto de uma "catástrofe" em sua infância, não necessariamente sexual?

E.A.: Pode ser sim. Uma carência afetiva, como por exemplo: a ausência de um dos pais. A solidão, na infância, é angustiante e pode
desencadear algum tipo de transtorno.
 

 

C.V.: No tocante à criança a ser abusada é possível descrever seu estado ao perceber que será agredida?

E.A.: Sim. Essa criança que foi abusada pode mudar de comportamento, querer ficar isolada, triste, não querer interagir com um 
adulto que sempre interagia, começar a ter dificuldade no aprendizado, dentre outros tipos de comportamento.
 

 

C.V.: Como a família pode estar atenta a sinais que indiquem um possível interessado em violentar uma criança? Há métodos preventivos?

E.A.: Os pais precisam sempre saber com quem o filho interage e o que ele está fazendo. Não é bom uma criança ficar muito tempo com um adulto que não seja da confiança dos pais. É necessário analisar a reação da criança frente à interação com um adulto. É preciso ter cuidado com que a criança vê na internet: essa criança pode ser exposta a conteúdo sexual, pode sofrer chantagens e abusos sexuais. A família precisa acompanhar cada passo de uma criança. 

 

C.V.: Que parte de seu livro mais os leitores comentam?

E.A.: A parte mais comentada é sobre a prevenção para que a criança não seja abusada sexualmente, da página 29 a 40 porque propicia técnicas protetivas, a fim de
mobilizar a sociedade e a família. Só existe prevenção se houver conhecimento e educação.

  

C.V.: Sua vida é dedicada à área da saúde por longos anos. Já viu ou tomou conhecimento de casos sobre abuso sexual infantil que mesmo o senhor sendo profissional ficou extremamente abalado?

E.A.: Sim. Recebi, em meu consultório, uma pessoa com 25 anos que, aos 7, foi abusada sexualmente pelo avô; aos 12 anos, pelo pai e, quando a mãe
ficou sabendo, disse que era fantasia da criança. Essa pessoa estava com transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, depressão, não
estava conseguindo exercer as suas atividades laborais.

  

C.V.:  Que orientação o senhor pode dar aos pais quanto à saúde mental de uma criança?

E.A.: Para que uma criança tenha saúde mental, na infância, é preciso que os pais saibam ouvi-la, acolhe-la, acreditar em sua fala, demonstrar, através de comportamentos, que essa criança pode confiar neles no momento de angustia.

  

C.V.: Pretende realizar algum trabalho, aberto ao público, para ampliar a importância da sua obra literária?

E.A.: Sim, estarei lançando na Sociedade Brasileira de Belas Artes, na Rua do Lavradio, 84, no Centro do Rio de Janeiro, no dia 05 de setembro, das 16h às 20h.


  

C.V.: Quais são as suas redes sociais?

E.A.: Site https://enoqueazeredo.revolutionnitweb.com.br/, email: barbosabarbosa.barbosa@bol.com.br, Youtube: Enoque Azeredo Psicólogo e Escritor, Instagram: Enoque Azeredo (@enoqueazeredo_escritor), Facebook : Enoque Azeredo e WhatsAp (21) 96814-1013.

 

Fotos: Divulgação

 

 






4 comentários:

Anônimo disse...

Excelente entrevista! Tema fundamental a ser discutido.

Dani Fiks disse...

Esse é um assunto de extrema importância, os pais devem está sempre atentos para que o pior não aconteça a seus filhos. Parabéns ao autor!!

Anônimo disse...

Acontecimentos que não viram notícia. Parabéns pela coragem.

Oziel Fernandes disse...

Conheço esse guerreiro, palavra que pode definir a pessoa maravilhosa que é meu amigo Enoque Azeredo. Parabéns pelo trabalho.