Leandro Miranda e o dirigível que mudou uma vila de pescadores em Arraial do Cabo

03 agosto 2022 |



Hoje em dia qualquer fato ocorrido no Brasil e no mundo é veiculado em instantes, geralmente. Com o avanço da tecnologia e a rapidez da internet as notícias chegam em questão de minutos na palma da mão de qualquer pessoa que possua um aparelho celular conectado à rede internacional de computadores. Contudo, outrora não era assim. A informação custava chegar e muitos acontecimentos não ganharam manchetes. Foi justamente o que aconteceu com a queda de um dirigível na madrugada do dia 17 de janeiro de 1944, no município de Arraial do Cabo (RJ), em plena Segunda Guerra Mundial.

 

A história foi relatada, minuciosamente, pelo escritor Leandro Miranda, residente na cidade.  Tecnólogo em Petróleo e Gás, ele fez um minucioso trabalho de pesquisa que durou cerca de dois anos e custou cerca de R$ 4 mil, que tirou do próprio bolso.

 

O livro “K-36 – O Zeppelin Que Caiu no Caboconta com as informações necessárias que concluíram o trabalho, graças a uma rede de entrevistados que se expandiu pouco a pouco e incluiu veteranos de guerra, aficionados pela Segunda Guerra, como o baterista João Barone, da banda Paralamas do Sucesso, e as quatro pessoas locais que testemunharam os fatos. Sem falar que seu avô acompanhou todo o acontecimento, pois era um antigo morador. Ou seja, um marco.

 

Em conversa com o CULTURA VIVA, o autor falou, um pouco, sobre essa obra.

 

Acompanhe!

 

 

CULTURA VIVA: O que te motivou a escrever o livro "K-36 - O  Zeppelin que caiu no Cabo"?

LEANDRO MIRANDA: Documentar a história para que meu filho, no futuro, ao contar a história para seus amigos, possam acreditar nela e vir que não era mais uma história de pescador e, sim, um acontecimento histórico ocorrido aqui, em Arraial do Cabo.

 

C.V.: O que mais te fascina nessa história verídica?

L.M.: Tudo, desde o que provocou o acidente, a ajuda dos pescadores, na forma como foi feito o resgate e como o acidente modificou o dia a dia de uma vila de pescadores.

 

C.V.: O senhor sempre foi antenado em histórias do passado que trazem certo mistério? 

L.M.: Sim. Desde pequeno eu gostava de ouvir os antigos moradores da cidade com suas histórias fascinantes de um tempo remoto onde, aqui, não tinha água, luz, telefone, etc. Era uma verdadeira vila de pescadores com histórias fantásticas que, aos poucos, vamos resgatando.

 

C.V.: A cidade de Arraial do Cabo é marcada por histórias interessantes assim? Existe algo mais curioso na localidade que pensa em se debruçar?

L.M.: Sim, A História da construção do porto do Forno que, em 2028, completará 100 anos é uma dessas histórias em que já iniciei algumas pesquisas e pretendo contá-la, em breve.

 

C.V.: Qual a cena que ficou em sua memória do seu avô contando a história do dirigível?

L.M.: Tenho guardado, em minha mente, ele sentado segurando o alicate que ganhou dos americanos, na época, e me contando, em detalhes, o dia a dia do resgate.


 

C.V.: O que foi mais difícil na composição deste livro?

L.M.: A aquisição de documentação que comprovasse o acidente, uma vez que, no Brasil, não existe documentação que faça menção ao acidente. Me orgulho de ter conseguido esse material lá nos Estados Unidos.

 

C.V.: Além do livro contar o fato do dirigível chocar com a Ilha do Farol, em 1944, traz outros assuntos concernentes à Arraial do Cabo. Qual destacaria aqui?

L.M.: Sim. A forma como o acidente modificou o cotidiano de uma vila de pescadores e as mais diversas utilidades que os pescadores deram para algumas partes dos destroços, como a roupa de pescaria feita com a lona do balão, a calha de chuva feita com o material da fuselagem, etc. 


 

C.V.: Qual a sua maior intenção com a publicação desta obra?

L.M.: Foi documentar uma parte importante da nossa história que vinha se perdendo com o passar dos anos. 

 

C.V.: Quais são as suas redes sociais?

L.M.: Facebook Leo do Blimp e Instagran @leodoblimp 

 

Fotos: Arquivo pessoal de Leandro Miranda

 


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