Hoje em dia qualquer fato
ocorrido no Brasil e no mundo é veiculado em instantes, geralmente. Com o
avanço da tecnologia e a rapidez da internet as notícias chegam em questão de
minutos na palma da mão de qualquer pessoa que possua um aparelho celular
conectado à rede internacional de computadores. Contudo, outrora não era assim.
A informação custava chegar e muitos acontecimentos não ganharam manchetes. Foi
justamente o que aconteceu com a queda de um dirigível na madrugada do dia 17
de janeiro de 1944, no município de Arraial do Cabo (RJ), em plena
Segunda Guerra Mundial.
A história foi relatada,
minuciosamente, pelo escritor Leandro
Miranda, residente na cidade. Tecnólogo em Petróleo e Gás, ele fez um
minucioso trabalho de pesquisa que durou cerca de dois anos e custou cerca de
R$ 4 mil, que tirou do próprio bolso.
O livro “K-36 – O Zeppelin Que Caiu no Cabo” conta com as informações necessárias que
concluíram o trabalho, graças a uma rede de entrevistados que se expandiu pouco
a pouco e incluiu veteranos de guerra, aficionados pela Segunda Guerra, como o
baterista João Barone, da banda Paralamas do Sucesso, e as quatro pessoas
locais que testemunharam os fatos. Sem falar que seu avô acompanhou todo
o acontecimento, pois era um antigo morador. Ou seja, um marco.
Em conversa com o CULTURA VIVA, o autor falou, um
pouco, sobre essa obra.
Acompanhe!
CULTURA VIVA: O que te motivou a escrever o
livro "K-36 - O Zeppelin que caiu no Cabo"?
LEANDRO MIRANDA: Documentar a
história para que meu filho, no futuro, ao contar a história para seus amigos, possam
acreditar nela e vir que não era mais uma história de pescador e, sim, um
acontecimento histórico ocorrido aqui, em Arraial do Cabo.
C.V.: O que mais te fascina nessa
história verídica?
L.M.: Tudo, desde o que
provocou o acidente, a ajuda dos pescadores, na forma como foi feito o resgate
e como o acidente modificou o dia a dia de uma vila de pescadores.
C.V.: O senhor sempre foi antenado
em histórias do passado que trazem certo mistério?
L.M.: Sim. Desde
pequeno eu gostava de ouvir os antigos moradores da cidade com suas histórias
fascinantes de um tempo remoto onde, aqui, não tinha água, luz, telefone, etc.
Era uma verdadeira vila de pescadores com histórias fantásticas que, aos poucos,
vamos resgatando.
C.V.: A cidade de Arraial do Cabo é
marcada por histórias interessantes assim? Existe algo mais curioso na
localidade que pensa em se debruçar?
L.M.: Sim, A História
da construção do porto do Forno que, em 2028, completará 100 anos é uma dessas
histórias em que já iniciei algumas pesquisas e pretendo contá-la, em breve.
C.V.: Qual a cena que ficou em sua
memória do seu avô contando a história do dirigível?
L.M.: Tenho guardado,
em minha mente, ele sentado segurando o alicate que ganhou dos americanos, na
época, e me contando, em detalhes, o dia a dia do resgate.
C.V.: O que foi mais difícil na
composição deste livro?
L.M.: A aquisição de
documentação que comprovasse o acidente, uma vez que, no Brasil, não existe
documentação que faça menção ao acidente. Me orgulho de ter conseguido esse
material lá nos Estados Unidos.
C.V.: Além do livro contar o fato do
dirigível chocar com a Ilha do Farol, em 1944, traz outros assuntos
concernentes à Arraial do Cabo. Qual destacaria aqui?
L.M.: Sim. A forma como
o acidente modificou o cotidiano de uma vila de pescadores e as mais diversas utilidades
que os pescadores deram para algumas partes dos destroços, como a roupa de
pescaria feita com a lona do balão, a calha de chuva feita com o material da fuselagem,
etc.
C.V.: Qual a sua maior intenção com
a publicação desta obra?
L.M.: Foi documentar
uma parte importante da nossa história que vinha se perdendo com o passar dos
anos.
C.V.: Quais são as suas redes
sociais?
L.M.: Facebook Leo do
Blimp e Instagran @leodoblimp
Fotos: Arquivo pessoal de Leandro
Miranda
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