Um papo cabeça com uma pessoa inteligente e que domina bem a palavra ao se comunicar. De gente assim, a Região dos Lagos e o Rio de Janeiro têm muita. Porém, são batalhadores que, de forma autônoma, conduzem seu trabalho, sempre aguardando que melhorias, tanto políticas, como empresarias possam enxergar o valor que a cultura e a educação têm, sem falar no valor dos benefícios que a poesia, a música e a expressão de sentimentos podem modificar, significativamente, a vida de um cidadão.
Nessa vibe, segue o escritor e psicanalista Camilo Mota, 57 anos, de Araruama (RJ). Desde adolescente envolvido com a poesia e expondo seu talento para colaborar com a vida de pessoas alheias, por pura missão, acaba de lançar um novo livro intitulado “Janelas do Corpo”, numa obra dupla, onde o escritor José Eduardo Gouvêa também, na mesma obra, lança “Um exército de loucos” – uma parceria que vai ficar na história!
Com lançamento marcado para o próximo sábado (10/12), o lançamento duplo terá suas atividades: às 11h, os autores concederão entrevista no programa “SeLigaí”, apresentado pelo locutor Marcelo Merecci, na Rádio Mar Aberto (98.7 FM), com transmissão simultânea pelo facebook da emissora (www.facebook.com/marabertofm) e, às 16h, receberão o público na Casa de Cultura de Araruama, no Centro da cidade, para uma tarde de autógrafos. Entrada franca. Vale a pena conferir!
Mesmo tão atarefado, Mota
reservou um tempinho e conversou com o CULTURA
VIVA sobre sua carreira e esse momento tão especial em sua vida. A gente só
tem gratidão e deseja muito sucesso!
CULTURA VIVA: Sua
experiência com a poesia não é recente. De onde vem esse talento?
CAMILO MOTA: Desde a adolescência havia um impulso para expressar, em palavras, os sentimentos. Naquele tempo, comecei a me interessar mais pela literatura e tive meu primeiro contato com obras que me cativavam, como Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Franz Kafka, Julio Cortazar, entre outros. A poesia só veio a querer sair de mim na juventude, quando estudava Letras na Federal de Juiz de Fora. Ali foi o impulso para a construção de minha própria linguagem. Não sei se é talento. Talvez um esforço continuado para desenhar as travessuras do meu espírito em busca de sensações, e uma necessidade de transmitir isso de alguma forma.
C.V.: Quantos
livros já publicou e, particularmente, qual o que mais te marcou?
C.M.: Já reuni poemas em seis livros, com tiragens
pequenas, apenas para deixar algumas migalhas do meu ser pelo caminho. Cada um
deles é a marca do tempo vivido. Então, todos têm sua importância e valor.
C.V.: Entre
romances, fantasias ou ficção, qual a sua preferência na literatura brasileira?
Essa opção tem um motivo especial?
C.M.: Por conta da minha expressão através de poemas, a
poesia teve mais a minha atenção do que a prosa. Acho essencial ler outros
poetas, tanto os antigos quanto os contemporâneos. Quando criei, em 1993, o
Jornal Poiésis, a ideia era justamente a de estar sempre em contato com a
produção independente de literatura do país. Até hoje gosto de acompanhar o que
se faz por aí.
C.V.: Recentemente,
o senhor lançou o livro “Janelas do Corpo” em parceria com o autor José Eduardo
Gouvêa. Como surgiu a ideia?
C.M.: Foi um bom encontro, desses raros que surgem no
caminho. Eu estava com “Janelas do Corpo” terminado e, numa conversa na praça,
o Edu também contou que havia terminado seu livro “Um exército de loucos”.
Havia ali uma identidade inicial, um processo que culminou na realização desse
projeto. Admiro o trabalho do Edu desde que o conheci, pois ele procura, em sua
obra, dar um tom singular que reflete a sua busca pessoal de expressão. Nossos
estilos são distintos e, mesmo assim, conseguem conversar no campo poiético.
C.V.: Como tem
sido a receptividade do público com esta obra?
C.M.: Eu digo que meus poemas não são para serem
entendidos, mas sentidos. É um brincar com a palavra, a imagem, o som, a
associação de fluxos que atravessam o meu corpo e mente. De vez em quando, eles
tocam alguém e a resposta é sempre muito significativa, para mim. Acho que essa
é a magia da poesia. Ela age no invisível, no espaço entre os corpos e define
algum sentimento indizível de pertencimento a algo que nos toca tão
profundamente.
C.V.: Geralmente,
quando vai escrever uma obra, percebe como surgem suas inspirações? Vem através
de ideias inesperadas, fatos ou do cotidiano?
C.M.: Eu não chamo de inspiração. É mais uma pulsão, uma
força que brota das entranhas como a lava de um vulcão. Eu não planejo os
poemas. Quando percebo alguma vibração me balançando por dentro, tento traduzir
isso com as ferramentas de que disponho e as palavras vão se encadeando. Há
momentos que surgem de um só grito. Mas não é algo tão espontâneo na medida em
que me esmero em escolher o ritmo, a sonoridade, o sentimento, o vocábulo mais
adequado para expressar o que estou sentindo. Há, portanto, um trabalho bem
material para organizar isso tudo.
C.V.: Seu campo
de trabalho é no município de Araruama e na Região dos Lagos, basicamente. Como
avalia a área no sentido de apoio ao ramo, tanto político como empresarial?
C.M.: Se houvesse um maior entendimento da importância
da arte e da cultura no processo civilizatório, é bem provável que pessoas e
instituições estariam mais abertas a contribuírem e fomentarem esse processo.
Enquanto isso não acontece, vamos realizando nossas pequenas revoluções
moleculares.
C.V.: Além de
escritor, o senhor também faz parte da Academia Araruamense de Letras
(AARALetras). Como tem sido a experiência com a organização?
C.M.: A Academia é uma organização interessante na
medida em que reúne pessoas que têm afinidade com a literatura. Em Araruama, há
um clima fraterno entre os membros, gerando bons vínculos de amizade e de
respeito mútuo.
C.V.: Antes da
pandemia do coronavírus a AARALetras organizava saraus de poesias,
constantemente. Como está a programação, no momento?
C.M.: Acho que, aos poucos, as atividades deverão ser
retomadas. Como não estou mais na diretoria, não tenho como responder à questão,
adequadamente.
C.V.: Prepara
algum evento a mais para divulgar seu novo livro? O que planeja para seu
público em 2023?
C.M.: Eu e o José Eduardo nos reunimos não apenas para
fazer o livro em comum, mas para construir um projeto ou processo que
denominamos Frente Literária. Temos uma página no Instragram
(@frenteliteraria), onde estamos reunindo alguns escritores, atores, músicos,
no sentido de criarmos um movimento, que inclui a realização de saraus, palestras,
grupos de estudo e mais o que surgir pela frente.
C.V.: Quais são
suas redes sociais?
C.M.: Minha principal rede é o Instagram
(@camilomota_psicanalista), onde publico material literário e também
profissional da minha área de atuação, além de filosofia e outros temas que
tocam. E tenho o site pessoal (www.camilomota.com.br),
onde reúno os textos em prosa.
Fotos:
Arquivo pessoal de Camilo Mota
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