A programação de fevereiro da
CINEMATECA BRASILEIRA tem Retrospectiva David Lynch e as
Mostras Dupla Direção e Traços de Artistas; História Real e Coração
Selvagem, de David Lynch, O filho, de Jean Pierre e Luc
Dardenne e Imagens do Inconsciente, de Leon Hirszman estão entre os
títulos das três Mostras a serem apresentados GRATUITAMENTE de 02 a 12 de
fevereiro, nas salas Grande Otelo e Oscarito.
Ainda em fevereiro, a
Cinemateca dá continuidade às sessões do projeto Sábado Infantil com o filme O MENINO
MALUQUINHO, às 15h, na sala Grande Otelo.
No sábado, 11, Marighella,
de Wagner Moura, reinicia o programa Sessão, seguida de debate com
profissionais de cinema.
RETROSPECTIVA
DAVID LYNCH
A Cinemateca Brasileira realiza uma
retrospectiva dedicada à obra do cineasta americano David Lynch, com 8 dos seus
10 longas-metragens, além de exibir na íntegra a primeira temporada
de sua consagrada série de televisão Twin Peaks (1990),
da qual dirigiu dois episódios.
Apesar de nascer em um subúrbio de
Minnesota, é a cidade de Filadélfia, na
Pensilvânia, que Lynch credita ser sua maior inspiração. Ao se mudar para
lá para cursar faculdade de artes visuais, em meados dos anos
1960, o cineasta conheceu uma urbe decadente e violenta, que despertava um
constante estado de medo e tensão. Sugestões dessa experiência estão
presentes em seu longa-metragem de estreia, Eraserhead (1977),
em que o protagonista precisa lidar com seu bebê-monstro em uma
cidade industrial escura, permeada por sons e imagens sinistros. Mas as
primeiras experimentações com o cinema vieram anos antes, ainda na década
de 60, com a produção de diversos curtas-metragens que já apontavam o
nascimento de uma voz original e ousada no cinema americano.
O interesse pela vida pacata no subúrbio (às vezes
nem tão pacata assim), sequências oníricas, narrativas fragmentadas e
um desenho de som minucioso são características de seus
filmes. Seu estilo é invariavelmente associado ao surrealismo,
tal como Eraserhead havia mostrado ao
mundo.
Nos anos seguintes, Lynch buscou se
assentar em Hollywood com filmes menos experimentais, embora ainda
audaciosos: com O homem elefante (1980) e Veludo
azul (1986), recebeu indicações ao Oscar de Melhor Diretor,
tornando-se um nome de peso. Com Coração selvagem (1990),
recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Em História
real (1999), roteirizado por sua ex-esposa e colaboradora de
longa data, adota um estilo tão convencional de direção que, por isso mesmo,
considera ser a experiência mais experimental que já teve em um set de
filmagens.
Outros longas que compõem a mostra e que
retomam seu estilo mais experimental são Estrada perdida (1997), Cidade
dos sonhos (2001) — projeto de série de TV que
não vingou e acabou se tornandotalvez o mais aclamado longa-metragem do
diretor —, e Império dos sonhos (2006), sua primeira
incursão no vídeo. Os dois últimos retratam uma Los Angeles
imperdoável que aflige suas sofridas protagonistas, atrizes interpretadas
por Naomi Watts e Laura Dern, respectivamente, em performances inesquecíveis.
As duas, aliás, são constantes colaboradas de Lynch, assim como
outros nomes como Kyle MacLachlan, Jack Nance e Harry
Dean Stanton, além do compositor Angelo Badalamenti, que faleceu em
dezembro de 2022 e cujas trilhas musicais marcaram a filmografia do
cineasta.
MOSTRA DUPLA DIREÇÃO
Em termos numéricos, o casal Danièle
Huillet e Jean-Marie Straub é a dupla mais prolífica,
tendo realizado mais de 25 filmes entre 1963 e 2006, transitando
entre França, Alemanha e Itália. São,sobretudo, releituras de diversas
fontes: óperas, peças, poemas, manifestos, sempre empregando
um teor brechtiano, intelectual e político. No caso
de Gente da Sicília (1999), baseado do
romance Conversas na Sicília, de
Elio Vittorini, fica claro o estilo dos cineastas de potencializar o
texto, que é praticamente declamado pelos atores não profissionais do
filme, além da importância dos silêncios.
Três duplas de irmãos compõem a mostra: os
americanos Albert Hughes e Allen Hughes, com Perigo para a
sociedade (1993), que emprega um realismo brutal para retratar a
criminalidade e as dificuldades enfrentadas pelos jovens negros oriundos de
bairros marginalizados nos Estados Unidos; Jean-Pierre Dardenne e Luc
Dardenne com O filho (2002), também expoentes de um
realismo duro, numa história sobre traumas do passado; e Joel Coen e Ethan
Coen, com O Grande Lebowski (1998), exemplo
perfeito do estilo tragicômico da dupla, com histórias cheias de camadas e
personagens excêntricos. Apesar de por vezes creditarem somente um
dos dois, os irmãos Dardenne e os irmãos Coen costumam dirigir
conjuntamente.
Do Brasil, a mostra apresenta o longa-metragem de
estreia de Juliana Rojas e Marco Dutra, Trabalhar cansa (2011), dupla que
solidificou tanto em seus trabalhos conjuntos quanto solo um cinema
fantástico e de gênero, Tinta bruta (2018),
de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, retrato
claustrofóbico da solidão de um jovem queer, e Até o
fim (2020), de Ary Rosa e Glenda Nicácio, dupla que
produz no recôncavo baiano um cinema ao mesmo tempo popular e
inventivo.
MOSTRA TRAÇOS DE ARTISTAS
Entre os dias 10 e 12 de fevereiro, a Cinemateca
Brasileira apresenta a mostra Traços de artistas, que
trará ao público uma aproximação com a vida e a obra de figuras emblemáticas
para o campo das artes visuais.
A mostra abre com a trilogia Imagens do
inconsciente (1986), projeto ao qual o diretor Leon
Hirszman dedicou seus últimos anos de vida. Trate-se de uma série de três
documentários sobre três artistas do Centro Psiquiátrico Pedro II do Rio de
Janeiro: Fernando Diniz, Adelina Gomes e Carlos Pertuis,
pacientes e frequentadores dos ateliês coordenados pela
psicanalista Nise da Silveira.
Destaque também para Maria: não esqueça
que eu venho dos trópicos (Ícaro Martins, 2017), uma investigação
sobre a vida e a arte de Maria Martins, reconhecida como uma das maiores
escultoras brasileiras. Martins foi uma figura chave no movimento
surrealista na década de 1940, utilizando como inspiração mitos e símbolos
amazônicos, além de abordar o tema da sexualidade de forma transgressora e
pioneira. O documentário explora ainda a
relação afetiva e artística de Martins com Marcel Duchamp,
evidenciando as influências da escultora na obra do célebre artista
francês.
Ziraldo – era uma vez um
menino... (Fabrizia
Pinto, 2021), documentário íntimo e pessoal feito pela filha do
artista, Fabrizia Pinto, retrata o legado do cartunista
mineiro em comemoração aos seus 90 anos. Entrevistas e depoimentos do
próprio Ziraldo concedidos ao longo de quarenta anos revelam o
entrelaçamento entre sua vida e produção artística.
A programação conta ainda com Kobra auto retrato (Lina
Chamie, 2022), sobre o grafiteiro brasileiro reconhecido
internacionalmente, A paixão de JL (Carlos Nader,
2015), sobre o pintor, desenhista e escultor José Leonilson, e Sonhos (Akira
Kurosawa, 1990), que realiza um encontro com o pintor holandês
Vincent Van Gogh.
SÁBADO INFANTIL
A partir de janeiro de 2023, a Cinemateca
Brasileira irá realizar sessões dedicadas às crianças com frequência quinzenal,
sempre aos sábados. Serão exibidos filmes brasileiros e estrangeiros, de
diferentes períodos e estilos, de modo a fomentar a formação de público
cinematográfico desde a infância.
4 de fevereiro, sábado, às 15h
Menino Maluquinho – O Filme
Brasil, 1995, 82 min, cor, livre, 35 mm
Direção: Helvécio Ratton
Elenco: Samuel Costa, Patrícia Pillar, Roberto
Bomtempo, Luiz Carlos Arutin, Hilda Rabello, Edyr de Castro, Vera Holtz, Othon
Bastos, Tonico Pereira
Sinopse: Maluquinho é um menino brincalhão, levado
e esperto, que começa a sofrer quando seus pais decidem se divorciar. Tudo muda
quando Vovô Passarinho o leva para passar as férias no interior de Minas
Gerais.
SESSÃO ABC
As sessões programadas pela Associação Brasileira
de Cinematografia (ABC) estão de volta à Cinemateca em 2023. As exibições são
sempre seguidas de conversas com profissionais do audiovisual e membros da
equipe do filme exibido. Os encontros são bimestrais às 19h na sala Grande
Otelo.
11 de fevereiro, sábado, às 19h
Marighella
Brasil, 2021, 155min, cor dcp, 16 anos
Direção: Wagner Moura
Elenco: Seu Jorge, Bruno Gagliasso, Luiz Carlos
Vasconcelos, Bella Camero, Humberto Carrão, Jorge Paz, Carla Ribas, Charles
Paraventi, Brian Townes, Adriana Esteves, Herson Capri, Maria
Marighella
Sinopse: 1969. Marighella não teve tempo pra ter
medo. De um lado, uma violenta ditadura militar. Do outro, uma esquerda
intimidada. Cercado por guerrilheiros 30 anos mais novos e dispostos a reagir,
o líder revolucionário deixa para trás seu filho para pegar em armas,
tornando-se um notório inimigo da ditadura.
CINEMATECA BRASILEIRA
A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da
América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de
Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna
de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu
idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o
cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a
difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela
Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi
qualificada como Organização Social.
O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais
de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e
iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação
cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da
produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a
Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de
telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos
Culturais para acesso público.
Cinemateca Brasileira
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana
Horário de funcionamento
Espaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às
18h
Salas de cinema: conforme a grade de programação.
Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h,
exceto feriados
Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para
cadeirantes)
Sala Oscarito (104 lugares)
Retirada de ingresso 1h antes
do início da sessão
Site Oficial <acesse aqui>
Instagram: @cinemateca.brasileira
Facebook: @cinematecabr
Twitter: @cinematecabr
Spotify <acesse aqui>
***Na Foto em destaque, a Cinemateca
Brasileira
Foto: Caio Brito e João Pedro Albuquerque
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