Mexer com imaginário das pessoas. Sem querer, querendo... Despertar a criança dentro de cada adulto que visita a exposição de Brinquedos Antigos, no Museu Rebobina, no Centro de São Gonçalo (RJ). Aliás, quem foi criança nos Anos 80 e 90, principalmente, viveram os tempos áureos, onde a infância era valorizada e respeitada de fato, seja na TV, nas produções de brinquedos e, até na escola. A vida tinha outro sabor.

 

De acordo com esta nostalgia, o curador da exposição, o Técnico de Informática David Araújo Moreira, 40 anos, resolveu abrir seu acervo e permitir que muitos se emocionem e revivam momentos marcantes que jamais voltarão, infelizmente.

 

Em entrevista hoje ao CULTURA VIVA, Moreira falou do afeto que tem com cada objeto exposto nesta iniciativa que vale apena conferir.

 

Acompanhe!

 

 

CULTURA VIVA: De onde veio a ideia de montar a exposição com brinquedos antigos?

DAVID ARAÚJO MOREIRA: Sempre gostei de colecionismo e, certa vez, visitando o museu de brinquedos achei o máximo a iniciativa e pude perceber que tinha tantos brinquedos quanto o próprio Museu, na ocasião, e pensei em trazer essa iniciativa para a cidade onde nasci e fui criado dando a opção de pessoas que curtem nostalgia poderem partilhar a mesma sensação.



C.V.: Você já tinha alguns e teve a colaboração de outrem?

D.A.M: Coleciono desde a minha infância e possuo muitos itens da minha própria geração.

 

C.V.: São quantos brinquedos expostos no local?

D.A.M: Tenho mais de 3.000 itens de diversas gerações que fizeram parte da infância de muitos brasileiros.

 

C.V.: Cite alguns, por favor.

D.A.M: Tem um pouquinho de cada coisa como, por exemplo, Comandos em Ação, He-man, Thundercats, coleção da Moranguinho, Lango Lango, Tazos, brinquedos de madeira, brinquedos de lata, brinquedos acorda bonecas de porcelana e etc.


 

C.V.: Quais critérios utilizou para montar tal exposição?

D.A.M: O único critério que eu utilizei foi apenas a saudade. Vivemos, hoje, num mundo tão tecnológico, corrido e digital. Devido à essa modernidade, estamos esquecendo de algo que, de fato, nos fazia muito felizes, que é brincar. Então, o meu critério foi a saudade de cada brinquedo desses. É como um sentimento da saudade de alguém.

 

C.V.: Por quê?

D.A.M: Porque vi a necessidade de ter um local assim devido ao alto índice de uso de telas entre celulares e tablets e, com isso, os brinquedos de formas manuais estão ficando de lado. Então, através dessa iniciativa, posso tentar resgatar essa sensação de brincar novamente.

 

C.V.: E a ideia do Museu Rebobina é sua?

D.A.M: Sim. Tive a ideia da iniciativa aqui, no Centro de São Gonçalo. Inclusive, o próprio nome Rebobina, que é voltar atrás, retroceder.

 

C.V.: Além de brinquedos, o público encontra outros produtos na exposição. Quais são?

D.A.M: Sim. Lá tem um pouquinho de cada coisa. Além de brinquedos, tenho, também, itens escolares que marcaram gerações, como estojos, canetinhas, lápis e lapiseiras, Kichute infantil, linha de eletrônicos, como videogames antigos, minigames carimbos escolares e por aí vai.

 


C.V.: Como tem sido a receptividade do público com este trabalho?

D.A.M: Tem sido o máximo ver, nos olhos das pessoas que lá frequentam, a emoção de se deparar com objetos de uma fase esquecida. Muitos saem dali emocionados, onde me agradecem por existir esse local de recordação. No lugar de Memória recebo pessoas ali que um simples brinquedo faz a mente e o coração viajar e voltam no tempo recordando de entes queridos que hoje já não estão mais aqui. Tudo isso através de um simples brinquedo infantil.

 

C.V.: Tem ideia de quantas pessoas já visitaram o espaço?

D.A.M: Realmente não sei mais precisar, com exatidão, a quantidade de pessoas, pois já recebi muitas visitas, inclusive de pessoas que foram e retornaram por mais de uma vez devido à sensação.

 

C.V.: Há algo que gostaria de acrescentar na exposição?

D.A.M: Sim, com certeza. Estou sempre buscando acrescentar novos itens. Inclusive, recebo doações de pessoas que curtem a iniciativa e gostariam que seus itens fossem lembrados por outras pessoas.

 

C.V.:  Por quê?

D.A.M: Porque quanto mais memórias afetivas tiverem na exposição, mais pessoas consigo alcançar e conscientizar da importância dos brinquedos para as crianças de hoje em dia.

 

C.V.: Quem tiver brinquedos antigos pode doar para a mostra, então? Como deve proceder?

D.A.M: Sim, com certeza será um imenso prazer receber itens para estar compondo e somando com o Museu Rebobina. Basta entrar em contato com o Instagram ou pelo WhatsApp do museu.

 

C.V.: Em sua opinião, esta iniciativa mexe com o imaginário dos visitantes?

D.A.M: Sim, com certeza a sensação da visita é única. Muitas pessoas se emocionam com itens ali expostos. Tenho, por exemplo, alguns casos para compartilhar, como de um visitante que se emocionou quando viu o videogame Atari, recordou da sua infância em que a mãe o presenteou com muita dificuldade, na época.

 

C.V.: Quais são as suas redes sociais?

D.A.M: Instagem @museu_rebobina.

 

Fotos: Arquivo pessoal de David Araújo Moreira


0 comentários: