Daniela Fossaluza 'costura' histórias para o público infantil

25 janeiro 2009 |


O coletivo de artistas “Costurando Histórias” nasceu em torno da idéia de contar histórias com tapetes, segundo sua coordenadora, a atriz Daniela Fossaluza, 33 anos. Mas, essa idéia nasceu na França através da educadora Clotilde Hammam: ela teve a idéia de fazer um tapete tridimensional para o neto, onde a história ficasse palpável. O neto gostou, chamou os amigos e a coisa deu certo. Ela, que é pedagoga, levou para a biblioteca. Enfim, o tapete se tornou um objeto de ajuda e incentivo à leitura. A idealizadora criou, então, um projeto chamado Rdonte-Tapis e chamou o filho Tarak Hammam, que é diretor de teatro, para ajudar a difundir o projeto. Dessa forma, chegou ao Brasil, através do Tarak. Na universidade de teatro – UNI-Rio, onde estudou Artes Cênicas –, Daniela conheceu a técnica, começou a contar história com os tapetes franceses e, depois de quatro anos de prática, criou o “Costurando Histórias”, similar ao projeto francês, criando tapetes a partir de histórias brasileiras.

C.V.: Qual seria o diferencial do “Costurando Histórias”?
DANIELA FOSSALUZA: Costurar traz essa idéia de alinhavar conteúdos e proporcionar encontros. Quando a gente costura o tapete para contar história utiliza livro, instrumento, música. Então, você está costurando linguagens também: arte, teatro, artesanato, literatura.

C.V.: Como é feita a pesquisa para montar um tapete que conte a história?
D.F.: A idéia é encontrar uma história que proporcione uma boa transmissão de conteúdo. A gente costura histórias indígenas, histórias criadas a partir da oralidade, autores contemporâneos, histórias do oriente, mitologia grega, etc. A idéia é a gente fazer uma coisa bem ampla para oferecer à criança essa idéia de um mundo rico, cheio de possibilidades.

C.V.: Existe uma técnica específica para incluir a ludicidade durante a contação da história?
D.F.: A ludicidade é ponto de partida. Uma vez que você vai transferir uma história para um objeto, um tapete, nisso aí já tem que ser lúdico. Como é que você vai concretizar algo da história naqueles tecidos? Nisso você já está brincando. O tapete é como um jogo: a história vai aparecendo ali, as crianças vão tentando adivinhar, vão ficando surpresas com o enredo.

C.V.: O trabalho do “Costurando Histórias” é puramente infantil?
D.F.: Ele é direcionado ao público infantil, mas cada vez mais isso está se ampliando porque eu venho percebendo que os adultos estão completamente envolvidos. Há uma idéia de fazermos tapetes de histórias para eles também.

C.V.: Como o público interage durante a apresentação?
D.F.: A interação é muito bem-vinda. A idéia do contador de histórias é perceber cada criança que está ali ouvindo aquela história e contar para cada um, embora de uma forma geral. Depois que a gente narra as histórias, eles podem mexer nos tapetes: oferecemos a eles aquilo que a gente utiliza. Isso já dá todo um caráter de proximidade.

C.V.: Como é a atuação de cada ator durante as apresentações?
D.F.: Somos um grupo de dez pessoas e não são todos atores. Na verdade, só temos duas atrizes. A gente tem músicos, um engenheiro, ..., eu, a Patrícia Garcia e a Denise Goneve, que também conta histórias, mas ela não vem do teatro, ela é artesã, ajuda a criar o tapete.

C.V.: Daniela, que recado você pode deixar para quem trabalha com contação de histórias?
D.F.: Contador de histórias é uma coisa que todo mundo é de certa forma, mas por que você conta uma história para mim? Porque você acha aquela história boa. Então, primeira coisa é você ter um motivo para contar. A partir daí, você pode discutir a forma de contar melhor, a forma de prender. Mas, no coração da coisa, tem que estar a paixão.

Foto: Edson Soares

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