Todo mundo encara uma pessoa tatuada como viciada em drogas”, de acordo com a empresária Cláudia Maria de Freitas, 48 anos. Esta frase mostra a indignação dela, que fez a primeira tatuagem aos 16 anos, escondida da família, e conta que reclamaram no início, alegando que era “coisa de marginal”, mas como sempre foi “meio radical e ovelha negra da família”, garante que este foi um comportamento típico seu. Quando chegou a 42 tatuagens, perdeu as contas e garante que ainda vai fechar o corpo todo (da cabeça para baixo). Cláudia destaca que a sociedade ainda tem preconceito. “Outro dia eu fui num açougue, o balcão era alto. Perguntei ‘aceita cheque?’, o rapaz respondeu ‘aceito’. Quando ele levantou um pouquinho e viu minhas tatuagens, disse ‘não, não aceito, não’. Em outra ocasião, fui à outra loja e o rapaz não aceitou o meu cheque. Disse que não era por causa disso, mas sei que foi pelas minhas tatuagens. Isso é preconceito. Eles vêem a tatuagem, acham que você é um estelionatário. Você vê na cara deles que estão achando isso”.
Para combater esse preconceito, ela diz que deve haver mais esclarecimento quanto ao assunto, uma vez que hoje em dia existem muito mais pessoas tatuadas do que antigamente. ”Sou trabalhadora, sou uma empresária, graças a Deus! Pago os meus impostos e trabalho com uma loja de tatuagens, em Belo Horizonte”, defende-se.
O tatuador Henri Schumacker Martins, 23 anos, proprietário da Schumaker Tatoo Studio, em Rio Bonito, que também é tatuado, diz que tatuagem é vaidade. “Quando eu converso com os tatuadores, falo ‘você é um tatuador, deve chamar a atenção: é bom que chama o seu cliente’. Para quem não quer chamar a atenção não é muito bom, então, faz em parte que dê para tapar. Nos Estados Unidos, eles fazem muito na parte do braço; aparece, mas lá faz muito frio e eles tapam. Aqui, no Brasil, quem não quer que apareça, faz nas costas, na parte de cima do braço, no ombro, na perna. É uma dor que você vai sentir, não é uma dor insuportável, mas é uma dor, vai marcar sua pele e vai ficar escondendo?”, questiona.
Henri explica o processo da tatuagem. “Tem o processo de esterilização, que tem o sinal do autoclave ou do glutaron (um líquido que deixa o material de molho por 12 horas); a agulha já vem descartável e esterilizada, só solda, joga no álcool, limpa; joga a agulha com a biqueira (um bico que segura a máquina e a agulha fica no meio), que tem muito contato com o sangue. No autoclave, você bota por 50 minutos ali embalado, já esteriliza, mata tudo e é bem mais rápido, só que o custo é bem maior. Existe também bico descartável e a agulha descartável acaba. Você pode quebrar e jogar tudo fora. Depois vem o processo do desenho, a pessoa escolhe o desenho; tem a fase do melhoramento do desenho. Eu colo o desenho ou, então, quando o desenho é muito fundo, eu risco na mão mesmo. Limpo bem o local, risco com uma caneta, depois vou traçando tudo com a máquina e pintando”.
O tatuador não costuma fazer a sessão por mais de 3 horas. Um desenho que tem contorno, sombreamento e colorido, por exemplo, procede da seguinte forma: contorna; depois de uma hora e meia, dar uma sombreada. O período de cicatrização dura entre 10 e 15 dias. Em 7 dias, a casca da tatuagem sai. Daí, em mais 7 dias, a pele fica bem forte para a agulha pegar no local. Cicatrizado, ele começa a colorir.
O PROCESSO DA TATUAGEM PODE TRANSMITIR DOENÇAS
Segundo a dermatologista Ana Líbia Cardozo, 38 anos, a tatuagem pode transmitir Hepatite (B e C) e o vírus do HIV. Além disso, pode transmitir outras doenças causadas por bactérias e vírus pelo contato de um mesmo material de uma pessoa com a outra. “Os bons tatuadores, hoje em dia, esterilizam o material e têm agulhas individuais” – alerta –. “Além disso, algumas pessoas têm alergia a determinado pigmento da tatuagem. Por exemplo, os pigmentos vermelho e amarelo podem dar alergia em algumas pessoas. Como já introduziu aquele pigmento na pele, depois tem que retirá-lo. O sintoma, normalmente, é coceira e surgem no local umas bolinhas, que podem ficar coçando, minar água e dar, até, ferida”, explica.
Como não há uma forma de fazer um teste para evitar tal acontecimento, Ana Líbia aconselha quem for fazer tatuagem evitar muita cor. Usar, de preferência, o azul escuro e o preto.
A dermatologista informa que já existe uma forma de remover tatuagens. “O melhor tratamento para fazer a retirada é através de um laser de NDYAG e tem que fazer várias aplicações. Ele funciona melhor para tatuagem escura. Por isso, não aconselho fazer tatuagem colorida. É mais demorado o tratamento e você faz, normalmente, de 8 a 12 sessões para diminuir a tatuagem. Na verdade, a pele não fica como era antes, mas você consegue apagar bastante com esse laser. Existem outras técnicas mais simples de tentar tirar a tatuagem, mas com resultados inferiores, que é você fazer a dermo a brasão, que é como você passar uma lixa na pele. O tratamento com laser é melhor, apesar de você ficar como se fosse uma cicatriz”, detalha.
Para este serviço, se cobra por centímetro quadrado. É uma média de R$ 200 a R$ 250 por cada 5 centímetros quadrados, por sessão. “Se a pessoa quer fazer a tatuagem tem que está consciente”, adverte.
Para quem deseja fazer uma tatuagem, ela recomenda escolher um bom profissional, que faça todo o trabalho da maneira mais asséptica possível e orienta que a pessoa que tem tatuagem não pode pegar sol para preservar (tem que usar protetor solar) e tem que lavar muito bem o local com sabonetes antissépticos.
Foto: Internet
Tatuagem como forma de decorar o corpo
02 janeiro 2009 Postado por JORNAL CULTURA VIVA por Edson Soares às 15:14 | Marcadores: Especial
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