Todo mês é a mesma coisa: contas aos montes para pagar, cobranças via telefone, carta ou até mesmo expressivas palmas no portão de casa, solicitando o que está atrasado. Em diversos casos, o cidadão precisa apelar dando desculpas, remendando um pouco aqui, costurando mais ali, enfim, cria um jeito de se livrar da situação. Outras vezes, o caso é tão sério que tem a urgência de ser resolvido naquele instante. Então, sem saber direito de onde, arruma o valor para quitar a dívida. Quando o mês acaba, ufa! Deu conta de alguns compromissos, outros puderam “ficar para depois”, afinal de contas, com o que se “ganha” é impossível quitar tudo.
Mas, será por que o brasileiro tem a audácia de gastar mais do que pode? Sem qualquer margem de erro, a necessidade é tão feroz que provoca esta façanha, faz a pessoa percorrer montanhas e vales nunca imaginados em alcançar, para “dar conta do recado”. Isso porque existem dependentes, àqueles que sobrevivem com o esforço do responsável. Uma coluna serve para sustentar e proteger uma construção, impedir desastres, faz parte da sua função. Como sustentáculo, quem precisa pagar as contas, fazer compras e cumprir todas as tarefas da lista mensal do lar, também se vê nesta condição: resolver tudo para não prejudicar ninguém.
Mesmo num país onde a crise também se tornou cidadã, cada um é obrigado a cumprir com seus deveres e obrigações. Pode não ter casa própria, carro do ano, conta bancária com um saldo bem satisfatório, mas se seu nome está limpo “na praça”, é considerado alguém honesto. Se “o senhor comércio” soubesse como o cliente se vira para manter essa honestidade...
Como se não bastassem as cobranças do dia-a-dia, o indivíduo ainda precisa prestar contas à sociedade e à família dizendo aonde foi, com quem andou, se encontrou algum conhecido pelo caminho, tem que namorar, noivar, casar, ter filhos e dar boa educação e conforto a eles, etc. Essa história de cobrança não tem fim. Será que se tivesse um término como seria depois, se enquanto há vida a história continua? Seriam novos episódios? O “protagonista da vida real” viveria outros personagens? Se fosse assim, você não seria o mesmo? Como isso se daria se você é um só? No palco da vida, o ator enfrenta cenas fáceis e difíceis, sem mudar a sua identidade. Ninguém pode ter, normalmente, dois nomes. Viver é uma arte porque os artistas conseguem “dar um jeitinho” e resolver as dificuldades que surgem enquanto a peça está no palco. Por isso, não se sinta desanimado quando os problemas avolumarem-se. Entenda que você é um artista e vai dar conta de representar o seu papel. Sempre conseguiu... Prova disso é ainda estar de pé para contar as vitórias alcançadas nos desafios anteriores. Sorria! Você não é um profissional como os da televisão, que representam ilusões, com posturas e decisões estabelecidas por outrem. Você tem uma vantagem: é um artista que vive realidades. Isso é um privilégio apenas seu e as emissoras de TV, que exibem novelas, nunca poderão transmitir com essência e tanta naturalidade.
VIVER É UMA ARTE
02 agosto 2010 Postado por JORNAL CULTURA VIVA por Edson Soares às 20:16 | Marcadores: Edson Soares
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