Na infância não se tem compromisso porque “responsabilidade é coisa de adulto”. Por isso, viver não tem fronteiras até aparecerem os responsáveis e ditar as regras: não pode isso, só pode aquilo, se obedecer recebe presentes, etc. Uma fase curta, mas de grandes lembranças, acúmulo de traumas e aprendizagens a partir dos exemplos deixados.
A transformação do “ser criança” para “viver a adolescência” traz muitas complicações. As mudanças bruscas trazem dúvidas e incertezas que, facilmente serão vencidas se a infância foi realmente bem aproveitada e orientada por bons condutores. O preparo da semente garante o futuro da árvore.
Quando passa esse período de incompreensões e desentendimentos, abrem-se as portas da juventude, um novo mundo onde as cores têm luminosidade, tudo atrai, seduz e seguir o que deseja o coração podem proporcionar aventuras muito interessantes... As amizades afloram, grupos se formam a fim de curtir a vida da forma como bem entendem. Para que dar satisfação se já é independente? O jovem luta pelos seus sonhos, é capaz de batalhar até conquistar pedra sobre pedra para construir o seu castelo, um lugar de festa, diversão, permissividade. A partir de uma liberdade que, muitas vezes, transgride os ensinamentos e conselhos dos pais, o “novato” se fere em bueiros da vida, pára em becos escuros, armadilhas, esconderijos perigosos que revelam um novo ser, diferente de outrora, mais dedicado à família.
Nessas horas, a mentira se torna uma grande companheira. Os pais, na verdade, não sabem a metade do que o “filho” aprontou fora de casa. Tudo por influências de “amizades encantadoras” que surgem para tornar o “careta” em alguém desregrado e sem perspectivas. Lutam apenas com uma intenção: “divertir não tem limites”. Embarcando nessa, muitos abandonam os estudos, a convivência familiar e relacionamentos fortes e sinceros por momentos banais e efêmeros.
Ao chegar na vida adulta, depois de adquirir tantas experiências, “a ficha cai”. Então, ao olhar para trás e perceber os estragos que fez, se torna difícil ter forças para mirar o horizonte que está em sua direção. Se o tempo fosse bem aproveitado na juventude, o futuro não seria mais promissor? As oportunidades só buscam aqueles que se preparam e possuem as ferramentas que ela precisa utilizar. Sem ferramentas, o “pedreiro” não pode trabalhar, fica impossibilitado de produzir porque faltam-lhe acessórios fundamentais para a “conclusão da obra”. Esse é justamente o momento em que se deve parar e analisar. Compreender-se para prosseguir. Se ainda há vida, a esperança também está de pé. De pronto, deve-se pedir perdão aos pais e a uma gama de pessoas que prejudicou, machucou, feriu porque agia a partir do que “dava na telha”. O “não pensar” gerou sofrimento.
O instante mais difícil vai ser encontrar consigo mesmo e pedir perdão, aceitar que mesmo sendo errante, pode respeitar-se e melhorar, progredir para o bem próprio e de todos à sua volta. Mesmo deparando com os monstros internos, não compreendendo por que aprontou tanto, deve se amar, traçar um novo norte onde a conduta será diferente, os propósitos serão brilhantes e favorecedores, coletivamente. Vencer “feras indomadas” que aparecem em sua frente, pode ser muito fácil, basta agir, ter estratégias. Mas vencer a si próprio requer exercício, renúncia e aceitação, simultaneamente. O mais importante de tudo é você estar bem e realizado.
PERDOAR A SI MESMO
04 novembro 2010 Postado por JORNAL CULTURA VIVA por Edson Soares às 20:39 | Marcadores: Edson Soares
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