A Copa do Mundo e a expectativa de quem vive no Rio de Janeiro

03 março 2014 |


O Brasil está na mira mundial. Em junho o país sediará a Copa do Mundo e, como se já não bastassem os acontecimentos que chamam a atenção de outros países para cá, como inclusive as manifestações constantes seguidas de vandalismo, está chegando a vez do Esporte. Considerado um país que tem “o samba no pé” e um celeiro de jogadores de futebol de peso, chegou a hora da vitória. Independente do resultado final do campeonato – se será favorável ou não para o Brasil – só em o país receber um evento de tal porte já representa grande vitória. Contudo, há uma preocupação principal: segurança. Qual será a expectativa dos cariocas para sediar jogos no Maracanã e para receber turistas do mundo inteiro? O Rio de Janeiro está preparado?
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), a violência aumentou no estado do Rio em 2013, se comparado com o ano anterior, conforme divulgado na imprensa na semana passada. Os roubos de veículos aumentaram 27,09%, de 22.064 para 28.043. Os roubos a estabelecimentos comerciais tiveram aumento de 32,9%, passando de 5.213 casos para 6.929. Os roubos de celulares cresceram 25,56%, indo de 4.362 em 2012 para 5.477 em 2013. Os roubos de veículos aumentaram 27,09%, de 22.064 para 28.043. Os casos de roubos a residências aumentaram 12,94%, com um total de 1.92 registros no ano passado. Independente dessas porcentagens, a Copa do Mundo vem aí. Além disso, tem fatores como obras concluídas, transporte, superlotação de pessoas de ponta a ponta da cidade, e a população se pronuncia.
A jornalista Tais Faccioli, 37 anos, moradora do bairro da Tijuca, fala sobre sua expectativa. “Em primeiro lugar, é que as obras nos estádios sejam concluídas a tempo e que toda a parte de infraestrutura esteja perfeita para que o Brasil possa oferecer ao mundo um evento, ao menos, digno. E que nossa seleção conquiste o hexa campeonato em casa”, comenta. “Fora dos campos, espero que o dinheiro gasto com esta festa deixe legados para as cidades-sede. Não só para atletas, como para os cidadãos em geral. Aqui no Rio, por exemplo, foi muito triste assistir à tentativa do governo estadual de demolir uma escola pública de referência e um parque aquático para dar lugar a um estacionamento no entorno do Maracanã. Ação que foi descartada após uma grande mobilização popular”, informa.
O acúmulo de pessoas na cidade também preocupa a jornalista. “Apesar dos investimentos feitos nos últimos anos, o Rio de Janeiro não tem infraestrutura no setor de transportes para garantir qualidade no deslocamento dos moradores, das delegações e das pessoas que visitarão a cidade no período da competição. Acho que a cidade só não vai ficar um caos porque as escolas estarão em recesso e será decretado ponto facultativo nos dias dos principais jogos”, destaca Taís.
Quem passa pelo Rio também se preocupa
O ator paulista Vicentini Gomez, 57 anos, e sucesso como o “Delegado Cavalcante” na novela “Jóia Rara” da TV Globo que, no momento passa boa parte de seu tempo no Rio de Janeiro devido às gravações, evidencia que todo projeto dessa natureza demanda organização, reestruturação urbanística e logística. “Oportunidade para o Rio de Janeiro, que é uma cidade privilegiada pela natureza ganhar status de cidade organizada e um dos pontos turísticos mais atrativos do mundo”, sugere.
Residindo no momento no bairro de Jacarepaguá, Gomez se preocupa com a estrutura do Rio em diversos setores de prestação de serviços. “Todo evento esportivo de grande porte também exige uma mega estrutura para organizar o transito, pessoas, rede hoteleira e demais itens necessários ao evento. Gente consumindo e trazendo lucros e benefícios ao Rio. Se se organizar decentemente poderá servir de exemplo, se não, será motivo para piada e chacota”, analisa. Ele concorda com a jornalista Taís no quesito obras concluídas. “Espero que todas as obras sejam finalizadas e tenha uma cidade segura, limpa e atrativa para os turistas e esportistas”, aguarda como ponto favorável ao evento. 
Preocupação social da cidade do Rio
Representando o desejo de todos os brasileiros, o ator Lino Corrêa, 52 anos, residente no bairro Flamengo, pensa na vitória final e social da cidade. “Que a nossa seleção brasileira seja Campeã, mas que os nossos governantes possam destinar verbas semelhantes para  a saúde, a educação e a cultura do nosso povo; que a distribuição de renda seja mais justa para ganharmos a Copa do nosso dia a dia”, grifa.
Ele ressalta a situação atual do município. “Creio que a Cidade Maravilhosa precisa ter mais estrutura para receber os turistas, mas acredito que as melhoras vão acontecer. Espero que elas permaneçam. Nesse clima de insegurança que vivemos há sempre certa preocupação com multidões”, observa.
Sergipano nascido na cidade de Lagarto, Corrêa veio morar no Rio de Janeiro em 1982  para fazer um curso de especialização em Periodontia na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, logo depois em que se formou em Odontologia na Universidade  Federal de Sergipe (UFS), e, segundo ele, foi adotando a Cidade Maravilhosa aos poucos. “Me apaixonei pelo Teatro e o Jornalismo, que hoje são as profissões mais presentes na minha vida. Hoje me considero  um carioca de alma e um lagartense  de genética, ou melhor dizendo, um ‘lagartoca’, pois moro no Rio há 32 anos”, conta.
Pedido aos Governantes
Aproveitando o ensejo, a jornalista Tais Faccioli faz um pedido aos govervantes. “Eu pediria aos governantes que montem um esquema inteligente e eficaz de trânsito e que atentem para a questão da segurança na cidade”, solicita.Da mesma forma, o ator Vicentini Gomez dá o seu recado para os parlamentares. “Mais humanidade e preparo das autoridades e segurança para não só o turista, mas o povo em geral”, diz. Já o ator Lino Corrêa destaca também a segurança. “Que proporcionem maior segurança a todos  nesse período”, prioriza.
Rio de Janeiro pós-Copa do Mundo
Com tantas expectativas, temores e esperanças, o carioca e quem se naturalizou como tal, consegue visualizar um Rio de Janeiro pós-Copa do Mundo. “Espero que as melhorias continuem sem cessar  para essa cidade cenário que é uma vitrine turística e cultural para o mundo”, torce Lino Corrêa. Ator e diretor, além de grandes experiências no cinema e no teatro, Vicentini Gomez conhece bem História, Geografia e Turismo pelas pesquisas que faz constantemente. Logo, apresenta sua visão. “Se as autoridades souberem capitalizar os eventos Copa e Olimpíadas, teremos uma das mais belas cidades do mundo”, enaltece o Rio de Janeiro. Taís Faccioli, que conhece bem a cidade e seus problemas, não acredita vir grandes mudanças. “Não imagino que vá mudar muita coisa no Rio de Janeiro após a Copa do Mundo. Mas, ficaria muito feliz se, a reboque do evento, viessem a modernização e a melhora na qualidade dos transportes públicos. De concreto, imagino que o evento vá fortalecer o setor de turismo na cidade”, finaliza a jornalista. 
Fotos: Divulgação

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