Índice FIRJAN de
Gestão Fiscal revela que Rio das Ostras e Itaboraí
ficaram em 2º e 3º lugar,
respectivamente, no ranking estadual.
Niterói e São Gonçalo pioraram seu desempenho
O Índice FIRJAN de
Gestão Fiscal (IFGF) divulgado nesta sexta-feira, dia 19, pelo Sistema FIRJAN
(Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), revela que Rio das
Ostras (2º), Itaboraí (3º), Maricá (6º) e Saquarema (9º) são as cidades do
Leste Fluminense com melhor gestão fiscal. Além delas, outros dois municípios
foram classificados como boa gestão fiscal, são eles: Iguaba Grande e Tanguá.
Rio Bonito foi o município da região com pior avaliação, e apresenta gestão
fiscal crítica.
As duas maiores
cidades do Leste Fluminense, Niterói e São Gonçalo, pioraram seu desempenho em
2013, e são cidades classificadas como gestão fiscal em dificuldade. Ambas
tiraram conceito D em Investimentos, isso significa gestão crítica desse
quesito. Rio Bonito foi o único município da região que registrou conceito
D no IFGF 2013. Tal resultado foi verificado, principalmente, por conta das
reduções no IFGF Investimentos e dos baixos recursos para honrar suas
obrigações de curto prazo identificado pelo IFGF Liquidez. Em contrapartida, o
município manteve gestão de excelência no IFGF Custo da Dívida, que reflete que
uma pequena parte do orçamento está comprometido pelas receitas líquidas reais
com despesas com juros e amortizações.
Tanguá teve a maior
evolução entre 2012 e 2013, dentre os municípios que apresentaram boa gestão. O
crescimento do IFGF de 32,6% deveu-se, principalmente, pela melhora do IFGF
Investimentos, que saltou do conceito D para A.
O Rio de Janeiro
foi a única capital brasileira a apresentar excelência na gestão fiscal,
sustentada pelo bom desempenho em todos os indicadores que compõem o índice:
Receita Própria, Gastos com Pessoal, Investimentos, Liquidez e Custo da Dívida.
Com isso, é a capital com a melhor gestão fiscal do país, seguida de São Paulo
(SP) e Porto Velho (RO).
Com dados oficiais
de 2013 - últimos disponíveis – a 3ª edição do IFGF avaliou a situação fiscal
de 5.243 municípios brasileiros, sendo 83 do Rio de Janeiro, onde vive 93,4% da
população fluminense. Apenas as cidades que não apresentaram as informações ou
estavam com dados inconsistentes não foram avaliadas. O objetivo do estudo é avaliar a qualidade da gestão fiscal dos
municípios brasileiros e fornecer informações que
auxiliem os gestores públicos na decisão de alocação dos recursos.
O índice varia de 0
a 1, sendo que, quanto maior a pontuação, melhor a situação fiscal do
município. Cada um deles é classificado com conceitos A (Gestão de Excelência,
com resultados superiores a 0,8 ponto), B (Boa Gestão, entre 0,6 e 0,8 ponto),
C (Gestão em Dificuldade, entre 0,4 e 0,6 ponto) ou D (Gestão Crítica,
inferiores a 0,4 ponto).
Itaboraí, São Pedro
da Aldeia, Casimiro de Abreu e Silva Jardim obtiveram nota máxima em Liquidez.
Niterói e Rio Bonito apresentaram contrastes: tiraram zero nesse quesito, o que
significa que fecharam 2013 com mais obrigações a pagar que dinheiro em caixa.
Os dados dos
municípios de Araruama, Arraial do Cabo e Cabo Frio não estavam disponíveis na
base de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Na análise
estadual, apenas a capital apresenta excelência no IFGF, 19 cidades possuem
gestão fiscal boa, 56 apresentam situação fiscal difícil e sete estão com
situação crítica. Ainda que exiba um quadro majoritariamente negativo, o estado
do Rio está em posição mais favorável que a maior parte do país: o percentual
de prefeituras com conceito A e B no IFGF (24,1%) está acima da proporção
nacional (15,8%) e o IFGF médio das prefeituras foi de 0,5430, o quinto maior
entre as unidades da federação e 19,5% superior à nota nacional (0,4545). Com
isso, entre os 500 maiores IFGFs do país, 15 são do Rio de Janeiro e quatro
deles estão na lista das 100 melhores gestões do país – Rio de Janeiro (0,8169
ponto), Rio das Ostras (0,7832), Itaboraí (0,7756) e Quatis (0,7480).
Na comparação com
2012, no entanto, houve redução da parcela de prefeituras com conceitos A e B e
o respectivo aumento das prefeituras com conceitos C e, principalmente, D. A
piora em relação ao ano anterior foi direcionada pelo IFGF Investimentos, em
que a pontuação média do estado foi de 0,3345, um recuo de 22,7% em relação a
2012. Ainda que a deterioração do IFGF Investimentos tenha influenciado
negativamente o desempenho do índice geral, a análise da FIRJAN mostra que o
quadro fluminense caracteriza-se por baixo comprometimento do orçamento dos
municípios com gasto de pessoal e encargos da dívida, boa suficiência de caixa,
além de capacidade de arrecadação acima da realidade nacional.
No estado, os
outros municípios mais bem avaliados são Barra do Piraí (0,7243), Maricá
(0,7161), Mesquita (0,7020), Campos dos Goytacazes (0,7001), Saquarema (0,7001)
e Queimados (0,6835). Na parte inferior do ranking, com os dez piores
resultados, estão Três Rios (0,4480), Cardoso Moreira (0,4351), Italva
(0,4320), Comendador Levy Gasparian (0,3764), Trajano de Morais (0,3725), Santa
Maria Madalena (0,3706), Rio Bonito (0,3652), Itaocara (0,2980), Carapebus
(0,2746) e Angra dos Reis (0,2564) na última posição. Nestes municípios com
baixos resultados, os principais problemas são os baixos investimentos e a
falta de liquidez.
No índice, o
indicador “Receita Própria” mede a dependência dos municípios em relação às
transferências dos estados e da União; “Gastos com Pessoal” mostra quanto os
municípios gastam com pagamento de pessoal, em relação ao total da receita
corrente líquida; o indicador “Investimentos” acompanha o total de
investimentos em relação à receita corrente líquida; “Liquidez” verifica se as
prefeituras estão deixando em caixa recursos suficientes para honrar suas
obrigações de curto prazo, medindo a liquidez da prefeitura como proporção das
receitas correntes líquidas; e “Custo da Dívida” é correspondente às despesas
de juros e amortizações em relação ao total das receitas líquidas reais.
Quase 800 cidades brasileiras descumprem Lei de Responsabilidade Fiscal
O IFGF revela ainda que 796 cidades brasileiras descumprem a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, 2000), que determina o teto de 60% para as despesas com o funcionalismo público. Os piores índices estão no Nordeste, que possui 563 municípios nesta situação. Isso significa que 33,7% das prefeituras da região comprometem mais de 60% da receita corrente líquida com a folha de pagamento. Os estados da região com a maior proporção de prefeituras com este resultado são Alagoas (66%), Sergipe (62,7%), Paraíba (56,2%) e Pernambuco (41,3%).
Na região Norte, o
percentual de prefeituras acima do limite estabelecido também é alto: 18,8% ou
72 cidades, metade delas no Pará. Em contraste, nas demais regiões do país a
proporção de municípios que deixaram de cumprir a LRF não ultrapassou 8%. A
melhor situação é observada entre os municípios do Sul, onde apenas 4% (47
municípios) estão acima do limite da LRF. No Sudeste, foram 5,2% (83) e no
Centro-Oeste 7,2% (31). Entre os estados, destacam-se Santa Catarina (2%),
Paraná (2,4%) e Rio de Janeiro (2,4%).
O estudo da FIRJAN
- que avalia outros indicadores de destino de recursos, além de origem de
recursos e disponibilidade de caixa para cobrir as obrigações de curto prazo - aponta ainda que 4.417 prefeituras apresentam
situação fiscal difícil ou crítica, apenas 808 possuem boa gestão e 18 têm gestão de excelência. O resultado negativo deve-se ao
crescimento dos gastos com pessoal bem acima das receitas, que consumiram
parcela significativa dos orçamentos municipais e deixaram pouco espaço para os
investimentos. A queda dos investimentos foi generalizada: 3.559 (67,9%)
prefeituras investiram menos do que em 2012.
Na análise, o
índice Brasil atingiu 0,4545 ponto (situação fiscal difícil), o pior resultado
desde o início da série, em 2006, quando o índice foi de 0,4989 ponto. Em
relação a 2012 (0,5079 ponto), a piora do resultado foi da ordem de 10,5%, a
maior queda anual do indicador desde a crise de 2009. Entre 2012 e 2013, 3.339
cidades pioraram sua situação fiscal.
No IFGF Gastos com Pessoal (0,4924 ponto) e no IFGF Investimentos (0,4319 ponto) houve queda expressiva frente ao ano anterior (-11,4% e -31,2%, respectivamente). O IFGF Receita Própria (0,2393 ponto) recuou 0,8% na medida em que as receitas próprias desaceleraram mais do que as transferências dos estados e do governo federal. Assim, nem as melhoras no IFGF Custo da Dívida (0,8306 ponto), que subiu 4,8%, e no IFGF Liquidez (0,4871 ponto), que teve variação positiva de 1,3%, foram suficientes para evitar o pior resultado da série para o IFGF Brasil.
No IFGF Gastos com Pessoal (0,4924 ponto) e no IFGF Investimentos (0,4319 ponto) houve queda expressiva frente ao ano anterior (-11,4% e -31,2%, respectivamente). O IFGF Receita Própria (0,2393 ponto) recuou 0,8% na medida em que as receitas próprias desaceleraram mais do que as transferências dos estados e do governo federal. Assim, nem as melhoras no IFGF Custo da Dívida (0,8306 ponto), que subiu 4,8%, e no IFGF Liquidez (0,4871 ponto), que teve variação positiva de 1,3%, foram suficientes para evitar o pior resultado da série para o IFGF Brasil.
No ranking geral do
índice, os municípios mais bem avaliados são Conceição
do Mato Dentro (MG), na primeira posição, seguida de Alvorada de Minas (MG),
Gramado (RS), Balneário Camboriú (SC), Vitória do Xingu (PA), Abdon Batista
(SC), Itatiaiuçu (MG), Maringá (PR), Indaiatuba (SP) e Hortolândia (SP). Com os
piores resultados estão São José da Vitória (BA), Massaranduba (PB), Capim
(PB), Santa Luzia (BA), Lagoa de Dentro (PB), Araçagi (PB), Itapororoca (PB),
Porto da Folha (SE), Paramoti (CE) e Barro Preto (BA), na última posição.
No estudo, a FIRJAN ressalta que a situação das contas municipais preocupa. A Federação afirma que a dependência das transferências é crônica e o comprometimento com as despesas de pessoal cada vez maior, deixando as prefeituras à mercê da conjuntura econômica e política. Assim, a postergação de despesas via restos a pagar e a redução dos investimentos consolidaram-se como típicas variáveis de ajuste, exatamente como tem ocorrido com os estados e com o governo federal. A FIRJAN acredita que mudar essa dinâmica seja o grande desafio da política fiscal brasileira, sob pena de convivermos com carga tributária e/ou a dívida pública entre as mais altas do mundo. O primeiro passo nesse sentido, segundo a Federação, seria a criação de uma regra para que, ao longo dos anos, as despesas correntes não cresçam acima das receitas.
No estudo, a FIRJAN ressalta que a situação das contas municipais preocupa. A Federação afirma que a dependência das transferências é crônica e o comprometimento com as despesas de pessoal cada vez maior, deixando as prefeituras à mercê da conjuntura econômica e política. Assim, a postergação de despesas via restos a pagar e a redução dos investimentos consolidaram-se como típicas variáveis de ajuste, exatamente como tem ocorrido com os estados e com o governo federal. A FIRJAN acredita que mudar essa dinâmica seja o grande desafio da política fiscal brasileira, sob pena de convivermos com carga tributária e/ou a dívida pública entre as mais altas do mundo. O primeiro passo nesse sentido, segundo a Federação, seria a criação de uma regra para que, ao longo dos anos, as despesas correntes não cresçam acima das receitas.
Região Sul possui
39,8% dos municípios entre os 500
melhores do país
A análise
comparativa entre os municípios com melhor e pior gestão fiscal mostra que as
fortes desigualdades econômicas e sociais brasileiras se estendem à gestão
fiscal. Os municípios com menor pontuação no IFGF estão concentrados no
Nordeste, enquanto aqueles que obtiveram as notas mais altas estão nas regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Entre as 500 melhores cidades, o Sul do país se destaca. A região possui 39,8% dos municípios nestas posições mais privilegiadas do ranking, e aumentou sua participação em relação ao ano anterior. Já o Sudeste reduziu sua participação entre os 500 melhores, e responde por um terço deste grupo. Com exceção do Rio de Janeiro, que manteve 15 municípios entre os 500 maiores, os outros estados perderam participação: São Paulo (98) perdeu nove municípios, mas sustentou o primeiro lugar do país nessa lista; Minas Gerais (46) perdeu seis e Espírito Santo (9) perdeu quatro.
O Centro-Oeste
também reduziu sua participação entre os 500 maiores, devido exclusivamente ao
Mato Grosso (30), que perdeu 10 prefeituras, uma vez que Goiás manteve 24 e o
Mato Grosso do Sul (12) incluiu uma nesta seleta lista.
Na outra ponta do
ranking, com os piores resultados, predominam as cidades do Nordeste (78%).
Lideram a lista os estados da Bahia (107 municípios) e da Paraíba (79). Já no
Sudeste, que detém 13,4% desses 500 piores resultados do Brasil, o estado com
mais representantes foi Minas Gerais (59), terceiro estado com mais municípios
nessa parte do ranking. Os únicos estados brasileiros que não tiveram nenhuma
cidade entre os 500 piores resultados do país são Paraná, Roraima e Mato Grosso
do Sul.
Na análise da
FIRJAN, as principais diferenças entre os 500 melhores e os 500 menores
resultados estão nos indicadores Liquidez, Gastos com Pessoal e Investimentos.
Já o baixo nível do indicador Receita Própria é realidade nos dois grupos e
mostra que a dependência das transferências estaduais e federais é uma
deficiência inclusive de muitos municípios que estão nas 500 melhores posições
do ranking. Os juros e amortizações do indicador Custo da Dívida são problema
de poucos municípios, especificamente dos grandes.
Deterioração do
quadro fiscal foi menos intensa nas capitais
Em um quadro de menor crescimento das receitas, a deterioração do quadro fiscal foi menos intensa nas capitais. Enquanto o IFGF Brasil apresentou queda de 10,5% na comparação com 2012, o IFGF médio das capitais brasileiras recuou apenas 3,1%. Uma das explicações, de acordo com o estudo, é que as capitais melhoraram sua gestão com gasto com pessoal em 1,9%, em contraste com a piora de 11,4% desse indicador em nível nacional.
O IFGF médio das
capitais ficou 42,2% superior ao nacional, 0,6449 contra 0,4545 ponto. O grande
diferencial das capitais é a capacidade de arrecadação própria: em média
geraram 42,4% das suas receitas, quase quatro vezes a média brasileira (12%). O
menor comprometimento com gastos de pessoal combinado à maior capacidade de
arrecadação permitiu maior liquidez e mais investimentos.
Na primeira posição
deste ranking, a cidade do Rio de Janeiro se sobressaiu com a terceira maior
nota no IFGF Investimentos entre as capitais, ao mesmo tempo em que obteve bom
desempenho em todos os outros indicadores. Na segunda posição, São Paulo
apresentou significativa melhora no IFGF Custo da Dívida, ainda que este
indicador tenha permanecido como o mais baixo para a cidade. Além disso, a
capital paulista foi a única a obter nota máxima no IFGF Gastos com Pessoal,
com isso subindo cinco posições no ranking das capitais. Nas últimas posições
deste ranking das capitais estão Goiânia (0,4927), São Luís (0,4834) e João
Pessoa (0,4153).
_________
0 comentários:
Postar um comentário