Pesquisas
no Rio de Janeiro em visitas ao Arquivo Nacional e Museu da República
estruturam o trabalho da equipe
A equipe do projeto “Justiça!
– uma história” trabalha intensamente na conclusão do primeiro bloco do longa-metragem de Vicentini
Gomez que contará a história do Judiciário Brasileiro.
Esse bloco é dedicado à análise da estrutura do poder
Judiciário na América portuguesa por meio de depoimentos dejuristas,
jornalistas e historiadores, englobando as declarações de Ana
Luiza Martins, André Figueiredo, Bruno Fleiter, Ives Gandra Martins, Jonas
Soares de Souza, Roque Mesquita, Sergio Coelho e Sergio Jacomino.
"Justiça!- Uma
história", com previsão de lançamento para o Dia da Justiça
(8/12) e que terá, além dos inúmeros depoimentos
cenas que reconstituirão casos polêmicos datados desde o período
colonial até a redemocratização, também trará participações
especiais de atores como Ana Lúcia Torres, Marcos Caruso e
Rosy Lamas. Segundo seu produtor, diretor e roteirista Vicentini
Gomez, o filme contará com declarações de,aproximadamente, 70
historiadores, magistrados, jornalistas e artistas. Entre eles, o presidente
da Corte paulista, José Renato Nalini, Iris Kantor, Carlos Alberto
Parente, Boris Fausto.
PESQUISAS E
ACOLHIDA EM TOUR CARIOCA
A equipe de pesquisa de “Justiça!
Uma história” visitou o Arquivo Nacional e o Museu da República no
Rio de Janeiro em busca de documentos textuais, iconográficos e
imagens em movimento para concretização da segunda fase do projeto. No Arquivo
Nacional, a equipe foi recepcionada pelo diretor geral, Jaime
Antunes da Silva, e pela coordenadora-geral de acesso e difusão documental, Maria
Aparecida Silveira Torres. Órgão da estrutura doMinistério da Justiça,
o Arquivo Nacional foi criado em 1838 e hoje abriga um imenso
acervo de manuscritos, impressos, mapas, plantas, filmes, fitas de áudio,
vídeos e registros iconográficos (fotografias, negativos, diapositivos,
caricaturas, cartões-postais e gravuras). Instalado num magnífico conjunto de
prédios situado na Praça da República e tombado pelo IPHAN, o Arquivo
Nacional guarda, sobretudo, documentos provenientes dos Poderes
Executivo, Judiciário e Legislativo federais.
No Museu da República, a
equipe foi recebida pela historiadora Maria Helena Versiani, da
área de pesquisa da instituição. Maria Helena trabalhou
com aColeção Memória da Constituinte e publicou recentemente o
livro “Correio Político – os brasileiros escrevem a democracia (1985-1988)”.
À equipe, a historiadora enfatizou a importância desse estudo que permitiu
desmistificar a ideia, de longa tradição no pensamento político brasileiro, de
que o povo é politicamente desinteressado, passivo, incapaz para a tarefa de
pensar a organização da vida em sociedade. O Museu da República está
instalado noPalácio do Catete, sede da presidência da
República de Prudente de Morais a Juscelino Kubitschek.)
JUSTIÇA BRASILEIRA, O COMEÇO DA HISTÓRIA
A instalação de um
Governo-Geral no Brasil, em 1549, é apontada pelo desembargador Roque
Mesquita como marco inicial da estruturação do Judiciário
brasileiro, uma vez que Tomé de Souza trouxe consigo o Desembargador
Pero Borges para desempenhar a função de Ouvidor-Geral,
encarregando-se da administração da Justiça.
Outro momento importante é a criação do Tribunal da Relação da Bahia em 1587, como corte de 2ª instância que seria instalada em 1607. A corte suprema para Portugal e suas colônias era a Casa de Suplicação, instalada em Lisboa, e assim continuou até a vinda da Corte para o Rio de Janeiro em 1808. “A Casa da Suplicação de Lisboa era o intérprete máximo do direito português, e suas decisões constituíam em assentos que deveriam ser acolhidos pelas instâncias inferiores como jurisprudência vinculante”, afirma o escritor e jurista Ives Gandra Martins.
Outro momento importante é a criação do Tribunal da Relação da Bahia em 1587, como corte de 2ª instância que seria instalada em 1607. A corte suprema para Portugal e suas colônias era a Casa de Suplicação, instalada em Lisboa, e assim continuou até a vinda da Corte para o Rio de Janeiro em 1808. “A Casa da Suplicação de Lisboa era o intérprete máximo do direito português, e suas decisões constituíam em assentos que deveriam ser acolhidos pelas instâncias inferiores como jurisprudência vinculante”, afirma o escritor e jurista Ives Gandra Martins.
Sérgio Jacomino, especialista em
Direito Registral, e os historiadores Ana Luiza Martins, André
Figueiredo, Bruno Fleiter, Jonas Soares de Souza e Sérgio Coelho mostram
a complexidade da Justiça em todo o período, e a
interpenetração das funções judiciais com as funções eclesiásticas,
administrativas e policiais. Durante o período colonial, nas comarcas os
chanceleres, contadores e vereadores que compunham as Câmaras Municipais também
exerciam atividades jurisdicionais. As figuras dos corregedores, provedores,
juízes ordinários e juízes de fora, próprias da Justiça Portuguesa, começaram a
surgir no Brasil na medida em que a colonização exigiu uma estrutura
burocrática e administrativa mais sofisticada.
Os resultados das filmagens
dos depoimentos foram enriquecidos com informações e materiais obtidos no Museu
da República, Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional e em entrevistas com
profissionais das Bibliotecas Públicas de São Paulo, Sorocaba e Itu. No
estágio atual da produção do filme um conjunto de imagens levantado em acervos
de instituições ou criadas em 3D pelos técnicos da equipe já dialoga com os
depoimentos dos especialistas, permitindo ao documentário abordar o assunto em
uma linguagem fluente e consistente.
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