Ele
tem o samba no olhar. Em seu coração pulsa o amor pelo carnaval que, aliás, se
dedica incansavelmente. Assim como outros artistas, o jovem Tomaz Miranda, 29 anos, é alguém que dá
um brilho a mais no carnaval de rua, no Rio
de Janeiro. Através de blocos que prezam em realizar shows onde o público aproveita
de forma sadia, Miranda é um daqueles que registra seu trabalho no cenário carioca
e arrasta multidões.
Cantor, cavaquinista e
puxador do bloco Simpatia é Quase Amor,
concedeu entrevista exclusiva ao CULTURA
VIVA. Acompanhe!
CULTURA VIVA: Se pudesse dar um sinônimo para sua
carreira, que palavra seria?
Tomaz
Miranda: Samba. É a música que eu mais gosto de cantar.
C.V.: Quem ou o que
mais te inspirou a seguir carreira como sambista?
T.M.: Não me considero
sambista, mas um músico e cantor de samba. Sambista é outro papo. Tenho algumas
referências. Meus pais foram importantes pro meu estudo musical. (Comecei desde
pequeno). Além disso, os grandes compositores e instrumentistas da nossa música
são sempre inspirações pra gente seguir em frente.
C.V.: O samba tem muito a ver com o Rio de Janeiro.
De quando começou no ramo até hoje observa alguma mudança no cenário, tanto em
público quanto em investimento?
T.M.: De uma maneira geral, o
cenário da cultura está muito ruim. Com a crise econômica, social e política
que o Brasil passa isso fica pior. Ainda tivemos esse processo de criminalização
da Lei Rouanet, que é de uma ignorância absurda. Temos grandes artistas no
cenário musical carioca e não vejo o reconhecimento que eles merecem. Espaço na
mídia, contratos justos, etc. É sempre uma luta e, de maneira geral, o risco
fica sempre em cima do artista, o que não é justo. O artista tem que investir
em tudo hoje em dia. Assessoria de imprensa, digital, bancar seus discos, etc.
Acho que passamos um período muito difícil e ninguém sabe muito bem por onde
ir. Está todo mundo experimentando uma maneira de fazer.
C.V.: E o carnaval desse ano, que balanço você faz?
T.M.: Foi um carnaval bonito.
Acho uma pena alguns blocos deixarem de sair por falta de patrocínio. Torço
para que ano que vem voltem ao circuito. Quanto mais blocos em mais regiões da
cidade, melhor, pois a descentralização faz com que cada um possa brincar onde
quiser, perto de casa, com os amigos do bairro e sem precisar atravessar a
cidade no transporte (ruim) pra brincar o carnaval.
C.V.: A efervescência dos blocos de rua deu um novo
ar ao carnaval no Rio, em sua opinião?
T.M.: Resgatou a ocupação da
rua como espaço público de convivência gratuita. Acho isso muito importante.
C.V.: Além de cantar muito bem, você domina o
cavaquinho com maestria. É apenas uma questão de dom ou momentos de dedicação
foram fundamentais?
T.M.: Agradeço muito o
elogio. Acredito que a maior parte disso tudo é dedicação. Não acredito muito
nessa coisa de dom não (risos).
C.V.: Além do bloco
Simpatia é Quase Amor, do qual você é puxador, colabora em outros blocos?
T.M.: Toco no Escravos da
Mauá e no Imprensa Que eu Gamo. Em 2017 fui convidado pelo Suvaco do Cristo pra
compor o samba e ganhamos o prêmio Serpentina do Ouro do Jornal O Globo. Fiquei
muito feliz com o resultado! O samba é meu e do Mellinho, fundador do Simpatia.
C.V.: Qual o segredo do sucesso de público dos
nossos blocos cariocas, em sua análise?
T.M.: Acho que as pessoas
perceberam que é possível se divertir muito durante o carnaval sem gastar
dinheiro com Abadás e/ou camarotes.
C.V.: Quais as novidades de sua carreira para este
ano?
T.M.: A primeira prensagem do
meu disco está acabando. Penso em prensar mais uma leva e fazer mais alguns
shows de relançamento desse trabalho que eu gosto tanto. Também estou avaliando
se gravo um segundo disco, mas ainda não tem nada certo.
C.V.: Prevê algum futuro para o samba?
T.M.: As modas vêm e vão, o
samba permanece.
C.V.: Quais os seus contatos para shows?
Fotos: Divulgação
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