Um projeto que une diversas linguagens artísticas e busca responder, com
urgência, às incertezas do presente: o momento político e social e a situação
pandêmica que o mundo atravessa. Este é o cerne de A Extinção É Para
Sempre, projeto multilinguagem e inédito idealizado pelo artista,
compositor, diretor e escritor Nuno Ramos e realizado
pelo Sesc São Paulo, com apoio do Goethe-Institut.
Organizado em sete episódios e com colaboração de nomes das artes visuais, da
dança, do teatro e do cinema, o laboratório teve início em janeiro de 2021 e
seguirá com desdobramentos ao longo de um ano.
"Estamos vivendo um misto de queda sem fim com ataque por todos os
lados. O projeto é uma tentativa de reagir, com balas múltiplas, a um ataque
múltiplo, de manter a linguagem viva em vários níveis", afirma Nuno
Ramos. "É também uma forma de fazer arte ‘a quente’, uma produção em
movimento, que vá contra o atual estado de apatia e responda aos assuntos que
percorrem o espaço público hoje - como o luto, a violência, a ameaça às
instituições e a relativização da nossa história", completa o artista.
"Em meio à imprecisão e complexidade do momento atual, realizar tal
proposta, com apoio do Goethe-Institut, é matizar possibilidades para uma
travessia coletiva mais acolhedora, abastecida pelas múltiplas camadas que
envolvem o fazer artístico-cultural e as descobertas infindas que a arte
proporciona", reflete Danilo Santos de Miranda, diretor
regional do Sesc São Paulo.
Atualmente configurado como um laboratório artístico, o projeto tem
promovido diálogos sobre as proposições com artistas de diversas origens e
linguagens, como a escritora Noemi Jaffe, o cineasta Jorge
Bodanzky, a atriz Edna de Cássia, o coreógrafo Eduardo
Fukushima e o encenador Antonio Araujo.
Nuno, que costuma trabalhar com diversos registros, explica que, aqui, o
instinto "foi logo ir juntando muita gente". "Temos de fazer, na
cultura, o que a representação política não tem conseguido fazer, que é uma
abertura, uma capacidade de contaminação entre o que pareceria incongruente.
Isso tudo tem de somar agora, mostrar a força que as diferenças têm quando
pisam num mesmo chão", ele pontua.
Em cada um dos sete episódios, a equipe artística é reorganizada. Há
participações pontuais e também um núcleo que perpassa todo o projeto. Ele é
composto por Tarina Quelho, coreógrafa e preparadora corporal, o
músico Romulo Fróes e os performers Allyson Amaral,
Tenca Silva, Nilcéia Vicente, Ivy Souza e Leandro Souza.
Esse grupo fixo, que nasceu de uma busca por novas parcerias, também irá ajudar
a criar um diálogo entre todas as obras. "As ideias são muito diferentes
entre si, mas formam um todo, e a gente vai carregando as ideias de um episódio
para outro", explica Nuno.
A estreia do projeto se dá com a proposição CHAMA, um
monumento virtual de luto, uma chama eterna e ininterrupta em memória aos
mortos, que permanecerá acesa durante um ano, a partir de 25 de maio.
A CHAMA será instalada fisicamente no Sesc Avenida
Paulista e transmitida ao vivo por meio do site de A Extinção
É Para Sempre (http://www.sescsp.org.br/aextincaoeparasempre).
Nas próximas semanas, em data a ser definida, o público também poderá
participar ativamente da obra inscrevendo-se, por meio do site, para
compartilhar sua própria Chama, compondo um chamado internacional
ao luto, à pausa e à dignificação de cada perda. Pessoas de qualquer parte do
mundo serão bem-vindas a integrar essa ação, gravando suas chamas da maneira
que preferirem.
Entre os dias 28 e 30 de maio, acontecem as transmissões do
episódio Chão-Pão. Um grupo de performers monta um chão
feito com lajotas e pães impróprios para consumo. Sobre esse terreno, os
artistas caminham e dançam, quebrando e modificando esse chão-pão. No meio da
cena, dois monitores trazem trechos em loop dos filmes Deus e o Diabo
na Terra do Sol e Terra em Transe, de Glauber Rocha, mais
especificamente, da frase "A culpa não é do povo", que se repete nos
dois longas. A violência do discurso e do pisar sobre o pão, sobre o alimento,
se contrapõe à leveza dos movimentos dos performers. As performances serão
transmitidas no canal do Sesc Avenida Paulista no YouTube (http://www.youtube.com/SescAvenidaPaulista)
e também no site do projeto.
O conjunto de A Extinção É Para Sempre é formado por
sete episódios: CHAMA, Chão-Pão, Iracema Fala, Monumento, Os desastres da
Guerra, Helióptero e A extinção é para sempre. Os demais episódios seguem em
desenvolvimento no laboratório artístico e seus desdobramentos para o público
estarão sujeitos às possibilidades de interação que as mudanças no contexto da
pandemia permitirem nos próximos meses.
Informações e atualizações do projeto em www.sescsp.org.br/aextincaoeparasempre .
FICHA TÉCNICA DO PROJETO
Realização: Sesc São Paulo
Apoio: Goethe-Institut
Idealização e direção artística: Nuno Ramos
Assistência de direção: Vicente Antunes Ramos
Direção de produção: Rachel Brumana
Gestão e coordenação de produção: Marisa Riccitelli Sant’ana
Assistência de produção: Giovanna Monteiro e Luiza Alves
Direção técnica: André Boll e William Zarella Jr.
Artistas convidados e performers: Romulo Fróes, Tarina Quelho,
Noemi Jaffe, Jorge Bodanzky, Edna de Cássia, Eduardo Fukushima, Antonio Araujo,
Allyson Amaral, Tenca Silva, Nilcéia Vicente, Ivy Souza e Leandro
Souza
*Na
Foto em destaque, a Capa do Teaser 'A Extinção É Para Sempre' de Nuno
Ramos
Foto: Divulgação
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