Keiphany Gomes e os passos de uma bailarina que nasceu para brilhar

13 novembro 2025 |

 


Ela é uma batalhadora. Desde pequena envolvida com a arte e o ballet, especificamente, já passou pelo teatro e pela música, com muita dedicação por onde transitou. Atualmente, Professora, Diretora Artística e Produtora Cultural, a jovem Keiphany Gomes, 27 anos, hoje conversou com o CULTURA VIVA e relatou, um pouco, da sua trajetória no meio artístico. Dá, até, para suar com os passos da dança dessa história.


No próximo dia 15/11 ela irá ministrar o workshop “Fábrica de Artes Keiphany Gomes”, na Sociedade Musical e Dramática Riobonitense, onde passará muito da sua experiência aos presentes.

 

Acompanhe!

 

CULTURA VIVA: Desde pequena você se dedica ao ballet. Foi natural ou houve influências?

KEIPHANY GOMES: Desde os 6 anos me dedico não somente ao ballet, mas, também, a outras artes cênicas, como o teatro e a música. Comecei cantando aos três anos e, aos 6 seis, minha mãe me colocou no ballet, que eu era completamente apaixonada! Aos oito, entrei para o teatro. Sim, recebi muitas influências — minha mãe é uma atriz nata e meu pai, Mauricio Gomes, um verdadeiro “pé de valsa”. Eles me ensinaram a amar a arte e me ajudaram a transformar esse amor no meu maior foco, especialmente minha mãe, Cristina Carneiro.

 

C.V.: Com o passar do tempo e amadurecendo nessa arte, preferiu seguir algum estilo musical?

K.G.: Com o tempo, percebi que o meu propósito era influenciar vidas através da arte. Mesmo na adolescência eu já entendia que minha arte deveria transformar pessoas — seja pela música, pela dança ou pelo teatro. Por isso, escolhi uma vertente: só canto, danço e atuo aquilo que edifica, que inspira, que ajuda as pessoas a se expressarem e se encontrarem — como eu me encontrei na arte.


 

C.V.: Quais foram as maiores dificuldades que já enfrentou no mundo da dança? Como lidou com a realidade?

K.G.: Foram muitas. Uma das primeiras foi a dificuldade de atenção. Era muito complicado assimilar os passos e combinações do ballet. Naquela época, não se falava em TDAH — então eu era considerada “lerda” e isso abalava muito minha autoestima. Chorei muitas vezes pelos cantos, até entender que, mesmo com minhas limitações, a arte poderia ser o meu hiperfoco e que através dela eu poderia vencer o medo de “não ser capaz”. Hoje transformo essa dificuldade em criatividade e sensibilidade. Outra grande barreira foi a questão financeira. Meus pais sempre quiseram investir em mim, mas nem sempre era possível. Muitas vezes faltava dinheiro para sapatilhas, figurinos e mensalidades. Na faculdade de Dança, na Cândido Mendes (Ipanema – RJ), eu vendia café, doces e fazia bazar para pagar os custos. Quando comecei a produzir espetáculos aos 15 anos, em Rio Bonito, lembro de vender doces na Praça Fonseca Portela para pagar o teatro da CDL e ver as crianças do projeto onde eu era instrutora se apresentarem. Mas, também, enfrentei uma dificuldade religiosa e ideológica. Muitas pessoas da minha igreja não viam a dança com bons olhos e, ao mesmo tempo, muitos artistas não me aceitavam no meio por eu ser cristã e ter uma arte que confessa os valores da fé. Vivi um conflito entre dois mundos: o artístico e o espiritual. Foi um processo de amadurecimento até entender que a arte e a fé podem caminhar juntas e que o meu propósito é justamente usar a arte como um instrumento de edificação e transformação de vidas.

 

C.V.: Quais são suas principais referências no ballet?

K.G.: Ana Botafogo, em especial, não só por ser a primeira bailarina, mas por ser tão sensível e humana. Por muitas vezes, enviei cartas para muitos artistas para falar dos projetos que realizava e a Ana Botafogo foi a única que me retornou e mantém o contato através de uma grande amiga, a Marta (aliás, faço essa dedicação a ela!), outras professoras, como Vera Aragão, Monique Emílio e Heloísa Almeida são grandes inspirações também! Mas, ouso dizer que também minha grande amiga e parceira Mary Patrício é uma referência pessoal — uma professora incrível que me inspirou muito no tempo que morei em Rio das Ostras.

 

C.V.: Qual foi a apresentação mais difícil que já teve que encarar? Onde buscou força para seguir?

K.G.: Acredito que todas as apresentações são desafiadoras — o frio na barriga é importante, mesmo para quem já está acostumado. Porém, a mais difícil foi no dia em que um grande amigo da família, o Laudinei, faleceu. Ele me acompanhou desde pequena, me levava para cursos, era muito presente. No mesmo dia do enterro eu tinha uma apresentação à noite. Fui ao velório, à tarde, e me apresentei à noite. Cumpri meu papel, mas assim que saí do palco fui ao camarim e chorei muito. Foi uma das apresentações mais difíceis da minha vida porque precisei sorrir quando só queria chorar.


 

C.V.: Em suas aulas de dança, há algo em que seus alunos têm mais dificuldade?

K.G.: Cada aluno é único. O que é fácil para um, é desafiador para outro. As técnicas das danças acadêmicas, como o ballet e o jazz, são complexas. Por isso, procuro ser uma professora sensível, que entende as dificuldades e respeita o tempo de cada um. Eu mesma sei o que é ter dificuldade com a dança e, por isso, ensino com empatia e paciência.

 

C.V.: E o workshop “Fábrica de Artes Keiphany Gomes” — de quem foi a ideia? O que acontece nele de mais especial?

K.G.: A ideia é minha. A Fábrica de Artes Keiphany Gomes não será apenas um workshop, mas um projeto de formação e fomento cultural. O objetivo é capacitar tecnicamente os artistas locais com aulas regulares, workshops e eventos, trazendo professores da cidade e de outros municípios que sejam referência em suas áreas. Vamos começar com o primeiro workshop, que eu mesma ministrarei como professora formada em Licenciatura em Dança.



 

C.V.: Você teria agenda para fazer este workshop em outros municípios? Como os interessados podem agendar?

K.G.: Com certeza! Os interessados podem entrar em contato pelo WhatsApp da produtora The Son, minha empresa no setor da economia criativa, que está produzindo o projeto Fábrica de Artes Keiphany Gomes.

 

C.V.: E como tem sido o cotidiano do grupo do workshop no WhatsApp?

K.G.: Tem sido animado! O grande desafio que comentamos é fazer o workshop e se apresentar no mesmo dia — uma verdadeira maratona artística!

 

C.V.: Quais são suas redes sociais?

K.G.: Instagram @keiphanygomes e @thesonprodutora


Alguns momentos da carreira da Keiphany Gomes









Fotos: Arquivo pessoal de Keiphany Gomes


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