Ela
é uma batalhadora. Desde pequena envolvida com a arte e o ballet, especificamente,
já passou pelo teatro e pela música, com muita dedicação por onde transitou.
Atualmente, Professora, Diretora Artística e Produtora Cultural, a jovem Keiphany
Gomes, 27 anos, hoje conversou com o CULTURA VIVA e relatou, um
pouco, da sua trajetória no meio artístico. Dá, até, para suar com os passos da
dança dessa história.
No próximo dia 15/11 ela irá ministrar o workshop “Fábrica de Artes Keiphany Gomes”, na Sociedade Musical e Dramática Riobonitense, onde passará muito da sua experiência aos presentes.
Acompanhe!
CULTURA
VIVA: Desde pequena você se dedica ao ballet. Foi natural ou houve influências?
KEIPHANY
GOMES: Desde os 6 anos
me dedico não somente ao ballet, mas, também, a outras artes cênicas, como o
teatro e a música. Comecei cantando aos três anos e, aos 6 seis, minha mãe me
colocou no ballet, que eu era completamente apaixonada! Aos oito, entrei para o
teatro. Sim, recebi muitas influências — minha mãe é uma atriz nata e meu pai,
Mauricio Gomes, um verdadeiro “pé de valsa”. Eles me ensinaram a amar a arte e
me ajudaram a transformar esse amor no meu maior foco, especialmente minha mãe,
Cristina Carneiro.
C.V.: Com
o passar do tempo e amadurecendo nessa arte, preferiu seguir algum estilo
musical?
K.G.: Com o tempo, percebi que o meu
propósito era influenciar vidas através da arte. Mesmo na adolescência eu já
entendia que minha arte deveria transformar pessoas — seja pela música, pela
dança ou pelo teatro. Por isso, escolhi uma vertente: só canto, danço e atuo
aquilo que edifica, que inspira, que ajuda as pessoas a se expressarem e se
encontrarem — como eu me encontrei na arte.
C.V.: Quais
foram as maiores dificuldades que já enfrentou no mundo da dança? Como lidou
com a realidade?
K.G.: Foram muitas. Uma das primeiras foi a
dificuldade de atenção. Era muito complicado assimilar os passos e combinações
do ballet. Naquela época, não se falava em TDAH — então eu era considerada
“lerda” e isso abalava muito minha autoestima. Chorei muitas vezes pelos
cantos, até entender que, mesmo com minhas limitações, a arte poderia ser o meu
hiperfoco e que através dela eu poderia vencer o medo de “não ser capaz”. Hoje
transformo essa dificuldade em criatividade e sensibilidade. Outra grande
barreira foi a questão financeira. Meus pais sempre quiseram investir em mim,
mas nem sempre era possível. Muitas vezes faltava dinheiro para sapatilhas,
figurinos e mensalidades. Na faculdade de Dança, na Cândido Mendes (Ipanema –
RJ), eu vendia café, doces e fazia bazar para pagar os custos. Quando comecei a
produzir espetáculos aos 15 anos, em Rio Bonito, lembro de vender doces na Praça
Fonseca Portela para pagar o teatro da CDL e ver as crianças do projeto onde eu
era instrutora se apresentarem. Mas, também, enfrentei uma dificuldade
religiosa e ideológica. Muitas pessoas da minha igreja não viam a dança com
bons olhos e, ao mesmo tempo, muitos artistas não me aceitavam no meio por eu
ser cristã e ter uma arte que confessa os valores da fé. Vivi um conflito entre
dois mundos: o artístico e o espiritual. Foi um processo de amadurecimento até
entender que a arte e a fé podem caminhar juntas e que o meu propósito é
justamente usar a arte como um instrumento de edificação e transformação de
vidas.
C.V.: Quais
são suas principais referências no ballet?
K.G.: Ana Botafogo, em especial, não só por
ser a primeira bailarina, mas por ser tão sensível e humana. Por muitas vezes,
enviei cartas para muitos artistas para falar dos projetos que realizava e a
Ana Botafogo foi a única que me retornou e mantém o contato através de uma
grande amiga, a Marta (aliás, faço essa dedicação a ela!), outras professoras,
como Vera Aragão, Monique Emílio e Heloísa Almeida são grandes inspirações
também! Mas, ouso dizer que também minha grande amiga e parceira Mary Patrício
é uma referência pessoal — uma professora incrível que me inspirou muito no
tempo que morei em Rio das Ostras.
C.V.: Qual
foi a apresentação mais difícil que já teve que encarar? Onde buscou força para
seguir?
K.G.: Acredito que todas as apresentações são
desafiadoras — o frio na barriga é importante, mesmo para quem já está
acostumado. Porém, a mais difícil foi no dia em que um grande amigo da família,
o Laudinei, faleceu. Ele me acompanhou desde pequena, me levava para cursos,
era muito presente. No mesmo dia do enterro eu tinha uma apresentação à noite.
Fui ao velório, à tarde, e me apresentei à noite. Cumpri meu papel, mas assim
que saí do palco fui ao camarim e chorei muito. Foi uma das apresentações mais
difíceis da minha vida porque precisei sorrir quando só queria chorar.
C.V.: Em
suas aulas de dança, há algo em que seus alunos têm mais dificuldade?
K.G.: Cada aluno é único. O que é fácil para
um, é desafiador para outro. As técnicas das danças acadêmicas, como o ballet e
o jazz, são complexas. Por isso, procuro ser uma professora sensível, que
entende as dificuldades e respeita o tempo de cada um. Eu mesma sei o que é ter
dificuldade com a dança e, por isso, ensino com empatia e paciência.
C.V.: E
o workshop “Fábrica de Artes Keiphany Gomes” — de quem foi a ideia? O que
acontece nele de mais especial?
K.G.: A ideia é minha. A Fábrica de Artes
Keiphany Gomes não será apenas um workshop, mas um projeto de formação e
fomento cultural. O objetivo é capacitar tecnicamente os artistas locais com
aulas regulares, workshops e eventos, trazendo professores da cidade e de
outros municípios que sejam referência em suas áreas. Vamos começar com o
primeiro workshop, que eu mesma ministrarei como professora formada em
Licenciatura em Dança.
C.V.: Você
teria agenda para fazer este workshop em outros municípios? Como os
interessados podem agendar?
K.G.: Com certeza! Os interessados podem
entrar em contato pelo WhatsApp da produtora The Son, minha empresa no setor da
economia criativa, que está produzindo o projeto Fábrica de Artes Keiphany
Gomes.
C.V.: E
como tem sido o cotidiano do grupo do workshop no WhatsApp?
K.G.: Tem sido animado! O grande desafio que
comentamos é fazer o workshop e se apresentar no mesmo dia — uma verdadeira
maratona artística!
C.V.: Quais
são suas redes sociais?
K.G.: Instagram @keiphanygomes e @thesonprodutora
Alguns momentos da carreira da Keiphany Gomes
Fotos:
Arquivo pessoal de Keiphany Gomes











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