Nelson Rodrigues sob a lente do Armazém Companhia de Teatro

12 março 2010 |


O repertório da Armazém Companhia de Teatro é caracterizado pela
dramaturgia própria, feita de parcerias do diretor Paulo de Moraes com o poeta Maurício de Arruda Mendonça (como nos últimos "Pessoas Invisíveis" e "A Caminho de Casa"). Agora, a Companhia faz uma releitura de Nelson Rodrigues com a peça “Toda Nudez Será Castigada”, dia 23 de março, às 20h, no Teatro Municipal de Niterói.

“De tempos em tempos, o Armazém trabalha a partir de um texto já pronto. Isso ocorreu outras vezes, em ”A Tempestade“(Shakespeare) e ”Esperando Godot“(Beckett). É uma maneira de oxigenar nosso processo criativo: mergulhar no universo bem peculiar de um determinado autor. Neste caso, Nelson Rodrigues é o maior gênio da dramaturgia brasileira e isso justifica qualquer montagem”, explica Moraes.

A estrutura narrativa de "Toda Nudez Será Castigada" foi o que mais seduziu a companhia em sua primeira vez com Nelson Rodrigues (1912-1980).A peça começa pelo fim é toda contada em flash-back e a ação vai se construindo fragmentariamente, como cacos da memória de Herculano (Thales Coutinho). É como se os dois personagens "conversassem" sobre sua história: a do homem que, "por humanidade", quer tirar a musa-prostituta da rua. Mas tudo termina em tragédia.

“O texto é uma montanha-russa, não tem parada. A trama parece se construir toda dentro da cabeça de Herculano. Ele é uma espécie de ‘herói expressionista’, oscilando o tempo todo entre a ciência e a fé, entre a liberdade de pensamento e os dogmas”, acentua Moraes. Herculano brande seus princípios, mas sucumbe à carne. A hipocrisia ronda a família do viúvo. Não é por acaso que Nelson Rodrigues adota para a peça o subtítulo "Obsessão em três atos".

A montagem do Armazém não é presa a uma época ou a um lugar. A cenografia dá o suporte necessário a essa encenação não-realista, sugerindo as gavetas da memória de Herculano, com suas portas giratórias que compõem no palco uma caixa inteiriça de acrílico e ferro. As transparências marcam os vitrais coloridos – que tanto poderiam ser de uma igreja ou de um bordel. Sagrado e profano.

“Toda Nudez Será Castigada” venceu o Prêmio Eletrobras de Teatro 2006, nas categorias de Melhor Iluminação, Melhor Cenografia e Melhor Figurino; e o Prêmio Shell de Teatro 2005 nas categorias de Melhor Direção (Paulo de Moraes) e Melhor Iluminação (Maneco Quinderé).

Ficha Técnica
Elenco: Patrícia Selonk,Thales Coutinho, Ricardo Martins, Sérgio Medeiros, Simone Mazzer, Verônica Rocha, Isabel Pacheco, Simone Viana, Raquel Karro e Marcelo Guerra
Direção: Paulo de Moraes
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri
Figurinos: Rita Murtinho
Música Original: Arrigo Barnabé
Letra da Canção-Tema: Roberto Riberti
Músicos: piano – Arrigo Barnabé; violoncelo – Raif Dantas Barreto;
violino – Luis Amato; voz – Arrigo Barnabé e Simone Mazzer
Trilha Sonora Pesquisada: Paulo de Moraes
Produção Executiva: Flávia Menezes e Joana D’Arc Costa
Produção: Armazém Companhia de Teatro
Patrocínio: PETROBRAS

TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA - TMN
Data: 23 de março (terça-feira)Horário: 20h
Valor: R$20Classificação etária: 16 anos
Capacidade: 400 lugares
Local: Teatro Municipal de Niterói
Endereço: Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói.
Tel: 2620-1624

Foto: Divulgação

0 comentários: