Como forma de promover a
conscientização no Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial
(26), os profissionais da rede municipal de saúde, em Macaé (RJ), alertam a
população sobre as consequências da doença. O objetivo é diminuir os
indicadores de morbimortalidade, estatística de pessoas que sofreram
complicações causadas pela pressão alta, como infarto, Insuficiência Renal
Crônica (IRC) e Acidente Vascular Encefálico (EVE), conhecido popularmente como
derrame, que são doenças do aparelho circulatório.
De acordo com dados do Ministério da
Saúde, baseado na população de Macaé, de 234 mil habitantes, a estimativa de
pacientes hipertensos do Sistema Unificado de Saúde (SUS), é que para este ano,
2016, cerca de 46 mil e 800 habitantes possuam a doença. O Programa de Doenças
Crônicas não Transmissíveis, da Vigilância em Saúde do município, é responsável
pelo tratamento e prevenção da hipertensão. Segundo a Secretaria Municipal de
Saúde (Semusa), cerca de 50% dos hipertensos ainda não foram diagnosticados,
pois, além da doença ser silenciosa, requer uma maior conscientização em
realizar o check up médico anual.
- O Ministério da Saúde cobra dos
municípios o trabalho de informar e prevenir a população sobre os perigos da
pressão alta. Antes a doença era mais frequente nos mais velhos, hoje, não tem
idade, nem sexo, de crianças a idosos, todos precisam ficar em alerta. A atual
faixa etária de risco da hipertensão é dos 30 aos 59 anos. Resultado de um
maior estresse diário, pois, a rotina corrida e intensa de trabalho ocasiona
maus hábitos alimentares e muitos justificam não terem tempo de ir ao médico. É
primordial que as pessoas se preocupem e busquem o diagnóstico e o tratamento o
mais rápido possível - ressalta a coordenadora do Programa das Doenças Crônicas
não Transmissíveis, Rossana Espinoza.
Má alimentação lidera o ranking de causas da hipertensão, segundo
nutricionista
Atualmente o Centro de Saúde Jorge
Caldas registra 5 mil e 700 pacientes em tratamento de hipertensão, já as 30
Unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) atendem mais 8 mil e 500
hipertensos. Além desses locais, o acompanhamento médico também é realizado no
Centro de Especialidades Moacir Santos (Barracão) e nas sete Unidades Básicas
de Saúde (UBS).
Conscientização e
prevenção podem diminuir os casos de hipertensão arterial
"O maior problema de saúde
pública dos países desenvolvidos e em desenvolvimento é a hipertensão arterial.
Com isso geram maiores gastos no seu tratamento e controle". Essas são
palavras do médico cardiologista da rede municipal de Saúde e
professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Lécio Patrocínio, que faz um alerta especial para quem não
procura atendimento médico e não realiza exames periódicos.
- A hipertensão é a doença que mais
mata, pois ocasiona uma séria de complicações, podendo causar dez vezes mais
mortes que a Aids. É necessário que as campanhas governamentais de comunicação
alertem e invistam nessa conscientização -, ressalta o cardiologista,
acrescentando que "a dificuldade de adesão do tratamento é muito comum,
muitas pessoas não levam as orientações médicas a sério e até deixam de tomar o
remédio por conta própria".
Segundo o médico, Macaé tem um ponto
positivo no tratamento de hipertensão, pois fornece medicamentos gratuitos para
todos os pacientes do SUS.
O cardiologista lembra que os alvos
da hipertensão são: coração, rins, artérias e cérebro. E que 95% das pessoas
hipertensas não sentem nada, e isso é o que mais preocupa. "Em uma Unidade
de Tratamento Intensiva (UTI), se existir 10 leitos, seis deles serão por
complicações oriundas de pressão alta. E isso gera um problema econômico, pois
as vítimas da doença, na fase adulta, muitas das vezes ficam impossibilitadas
de trabalhar, após um acidente cardiovascular", afirma o médico, que
atende às segundas-feiras no Centro de Saúde Jorge Caldas, e às sextas-feiras,
na Casa do Idoso.
Pacientes que
realizam tratamento conseguem controlar a doença
Depois de passar mal em
seu trabalho com fortes dores na nuca e dormência nos braços, Vanda Lúcia
Celestina da Silva, de 58 anos, procurou atendimento no Hospital Público de
Macaé (HPM). Vanda é faixa-preta e professora de Karatê, e conta que perdeu
três irmãos e a mãe com infarto, vítimas da hipertensão. "Apesar de fazer
caminhadas, ter uma vida ativa e ter uma alimentação saudável, tenho na família
casos fatais da doença. Da genética não temos como fugir. Acabei descobrindo
recentemente, no dia primeiro deste mês, fui atendida na emergência e
encaminhada para o tratamento no Jorge Caldas. Agora é seguir as orientações e
tomar o medicamento de forma correta para viver bem", afirma Vanda, 58
anos, em seu primeiro dia de consulta com Lécio Patrocínio, nesta segunda-feira
(25).
Joelsa de Souza Nogueira tem 54 anos
e foi diagnosticada com hipertensão quando sentia leves dores de cabeça e
resolveu ir até o módulo do ESF do Lagomar. Após detectar pressão alta, e ser
atendida com medidas paliativas, foi encaminhada para o tratamento continuado.
"Faço o acompanhamento com o cardiologista e além de controlar a pressão
tomando o remédio duas vezes ao dia, mudei minha rotina alimentar. Cortei sal,
gordura, frituras e temperos prontos", comentou a cozinheira, que também
mudou o modo de preparo dos alimentos no emprego.
Alimentação
saudável é a grande aliada para pessoas que sofrem de pressão alta
A nutricionista da Semusa, Simone
Barreto Souza, atende cerca de 20 pacientes por dia, às segundas-feiras, no
Centro de Saúde Jorge Caldas eorienta a sociedade sobre os maus hábitos
alimentares, uma das principais causas da hipertensão. "As pessoas
costumam comer embutidos, como salsicha e linguiça, enlatados e congelados.
Alimentos vilões da saúde. Muitos pacientes novos, como crianças e jovens já
sofrem de pressão alta, pois são os que mais consomem biscoitos, refrigerantes,
lanches calóricos entre temperos muito salgados. É preciso atenção ao perigo da
má rotina alimentar", adverte.
Segundo ela, o melhor combate é a
prevenção. "Utilizar temperos de hortas e evitar molhos e temperos
industrializados, como tabletes e/ou saches, é fundamental. Incluir peixes no
cardápio, diminuir a cafeína e controlar o peso corporal são as dicas
nutricionais. Hambúrguer, pizza e almôndegas, por exemplo, são bem mais
saudáveis e saborosos quando feitos em casa. A dica é triturar o frango e/ou
carne moída, sempre poupando o excesso de sal", afirmou.
A especialista ainda pontua o perigo
do macarrão instantâneo. "Alimentos preparados de forma rápida são bombas
pro nosso organismo. O macarrão instantâneo, mesmo cru, está frito, e o
sache de tempero que o acompanha chega a ser perto do limite diário de sal
recomendado", salientou a nutricionista, acrescentando que a presença de
frutas, legumes e verduras, principalmente da cor verde, ajuda a manter o
organismo funcionando corretamente.
Ela ressalta a necessidade de hábitos
mais saudáveis. "É preciso que as pessoas criem o hábito de sentir o gosto
do alimento, principalmente a salada, é possível preparar temperos com cebola,
azeite, iogurte natural e substituir o excesso de sal nas refeições de forma
saborosa", orienta a nutricionista, que também atende no Nuamc, localizado
na UPA- Barra, às terças-feiras.
Texto: Ana Menezes
Foto: Rui Porto Filho