Ele inspira Carnaval e faz, dessa festa, um espaço
de alegria verdadeira, coletivamente. Une pessoas afins e exala inspiração o
tempo todo. Sapiente, mas um homem simples e gentil. Esse é o Professor Titular
da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e escritor,
João Baptista Vargens.
Morador do município de Rio Bonito e mestre, principalmente em matéria de Carnaval,
concedeu entrevista exclusiva ao CULTURA
VIVA hoje e fala, com propriedade, sobre o assunto.
Acompanhe!
CULTURA
VIVA: Como o senhor
analisa o Carnaval?
JOÃO BAPTISTA VARGENS: Vejo o
carnaval como uma festa de congraçamento, em que as pessoas vivem, por um
momento, um mundo utópico, cada um, a seu modo, dentro de suas possibilidades,
faz a catarse, oxigenando o cotidiano áspero.
C.V.: Desde
quando participa dessa festa?
J.B.V.: Participo do Carnaval "profundo"
desde 1967, quando me aproximei de compositores da Portela e, hoje, tenho a
grata satisfação e a imensa honra de fazer parte do carro da Velha Guarda Show
no desfile. Creio que tenha sido convidado não somente por viver o dia a dia da
Escola, como, também, por ter relatado parte de sua história, agora centenária,
em livros, tais como: "Candeia, luz da inspiração"; "Monarco, a
dignidade do samba"; "Casquinha da Portela, andanças e
festanças"; "A Velha Guarda da Portela", este em parceria com
Carlos Monte, pai da cantora e compositora portelense Marisa Monte. Agora, no
prelo, tenho "A casa da dona Neném", viúva do grande Manacéa.
C.V.: Pode
nos contar uma experiência vivida no Carnaval?
J.B.V.: No Carnaval, vivi, também, a experiência de, a
convite do Professor Darcy Ribeiro, à época Vice-Governador do Estado,
participar, durante os quatro primeiros anos do "Sambódromo", de 1984
a 1987, do corpo de jurados do desfile do grupo especial. Sem
dúvida, foi uma experiência ímpar, porém é muito difícil avaliar,
quantificar, cotejar a beleza, principalmente quando se tem amigos participando
da competição em várias escolas. Desse modo, prefiro assistir ao
espetáculo, sem maior compromisso do que usufruir do momento mágico.
C.V.: O
senhor também já compôs enredo com o Monarco, não foi?
J.B.V.: Em 1986, escrevi com o Monarco o enredo
"Candeia, luz da Inspiração" - título de um de meus livros - para a
Unidos do Jacarezinho. Na oportunidade a Escola foi campeã e galgou o
acesso ao grupo especial. Nesse campo de atuação permaneço invicto, pois não
mais me aventurei a repetir a dose. A tarefa requer dedicação integral e
não disponho desse tempo.
C.V.: O
senhor já trouxe uma parte dos integrantes da Portela para animar o Carnaval
Riobonitense. Como foi a experiência?
J.B.V.: Estive em Rio Bonito com um grupo da Portela,
creio, em 1977 ou 1978. O desfile foi da rodoviária ao Hotel Ximenes,
onde havia um badalado bar, ponto de encontro da juventude local.
C.V.: Nos Anos 80 o Carnaval era forte em
Rio Bonito e algumas escolas de samba locais desfilavam. Que recordação maior o
senhor tem daquela época?
J.B.V.: Em Rio Bonito havia três escolas de samba: Canarinhos da Bela Vista, Serrano e Cruzeiro. As escolas da cidade ganhavam, ou compravam, fantasias de anos anteriores de escolas do Rio. Certa vez, eu, o Casquinha e o Manacéa fizemos o samba da Canarinhos e um compositor local assinou a composição. Para nossa alegria, a escola da Bela Vista foi a campeã.
***Alguns momentos do Professor e escritor
Fotos: Arquivo pessoal de João Baptista Vargens