A música e seus encantos, como sempre! E, com sua forma
melodiosa de nos embalar, sempre nos presenteia com grandes talentos que
abençoam nossos ouvidos, acalmam nossa alma e nos fortalece para seguirmos a
vida pelos caminhos das notas musicais. Por isso, hoje o CULTURA VIVA conversou com o músico João Paulo Amaral, 43 anos, que representa mais um
profissional que é, de fato, um orgulho brasileiro.
Violeiro,
compositor, arranjador, professor e pesquisador, o rapaz ajustou sua agenda e reservou um
tempinho para conversar conosco. Que honra! Gratidão, mestre!
Acompanhe!
CULTURA
VIVA: Como foi seu primeiro
contato com um instrumento de cordas? Sentiu, ali, que teria um desenrolar em
sua história?
JOÃO PAULO AMARAL: A música sempre esteve presente em minha
casa. Em minha infância, acho que tinha menos de dez anos quando conheci o
violão através de familiares e amigos. Com o passar dos anos fui me
interessando, cada vez mais, pelo instrumento e pela música, acompanhado meu
pai, que sempre gostou de cantar. Na adolescência pedi para ele me dar uma
guitarra, pois gostava de rock. Tive minhas primeiras bandas e etc., mas, nessa
época, não tinha muito claro a ideia de como seria ser um profissional da
música. Acabei indo estudar Engenharia, tal como o meu pai, mesmo tendo duas
irmãs que já estavam atuando como cantoras. No segundo ano descobri que não era
o que eu queria fazer; aí acabei decidindo partir de vez para a música, fazendo
Bacharelado em Música Popular, na Unicamp e, depois, o mestrado na mesma
universidade.
C.V.:
O senhor estudou Música e
tem especialização na área. O que mais te atrai no estudo musical?
J.P.A.: Acho que, no meu caso, a busca inicial foi
pelo conhecimento mais profundo, tanto técnico quanto de ter uma formação mais
abrangente, mais ampla, conhecer o máximo de ferramentas para ser um músico
melhor. Aos poucos, percebi que, além disso, no meu caso que cursei uma
universidade como a Unicamp, a formação não foi apenas na prática musical em
si, mas abriu minha cabeça para a reflexão, pensamento crítico, compreensão do
contexto artístico e histórico onde a gente está inserido, me ajudou nas
escolhas para minha carreira, etc. Também me trouxe o interesse pela pesquisa e
ferramentas também para lecionar.
C.V.:
A pesquisa é o caminho
que, com certeza, resulta num produto final que agrada o público. Como inicia
sua pesquisa musical? Tem algum item que dá a partida?
J.P.A.: Não tenho certeza se é a pesquisa que garante
o que agrada ao público. Eu acho que a pesquisa é um dos elementos importantes
para um fazer musical criativo, pois antes de produzir sua própria música, você
precisa conhecer o que de relevante e interessante já foi feito e, aí, entra a
pesquisa. Mas, acho que não basta reproduzir apenas o que já foi feito, pois em
arte a gente sempre quer fazer coisas novas. Então, aí entra a criação e por aí
vai. A minha pesquisa é constante, e parte sempre do que me agrada ouvir e da
curiosidade de ouvir coisas diferentes, conhecer tudo que de importante já foi
feito no passado e, ao mesmo tempo, ouvir o que de novo e interessante está
sendo feito. Vou me guiando pelos nomes reconhecidos, tanto de músicos,
intérpretes quanto compositores e, por aí, vou seguindo. Hoje com a internet é
muito mais fácil o acesso do que antigamente, mas é preciso se guiar para não
ficar perdido no meio de tanta informação.
C.V.: Em sua opinião, o que deve saber, de mais
importante, o interessado em estudar e ganhar a vida como músico de
instrumentos de cordas?
J.P.A.: Olha, se o objetivo é viver de tocar, de
performance, como a de qualquer instrumentista é uma carreira difícil: demanda
estudo formal, mas, também, vivência, tocar e trocar com os outros, precisa ter
amor e se dedicar. Muito provavelmente sem descanso por toda vida, sempre
buscando ter uma identidade própria e investindo na própria carreira,
aprendendo a fazer auto-gestão, produção cultural e escrever projetos. Tem que
saber que muitas vezes pode ter momentos de instabilidade financeira, por isso
vale a pena pensar também em dar aulas. Acho importante fazer muitos amigos
músicos, pois, com eles, você sempre aprende e cresce. Enfim, é difícil, mas no
final o prazer é para a vida toda.
C.V.: Além da viola, quais os outros instrumentos
que toca?
J.P.A.: Além da viola caipira, também toco violão e
guitarra.
C.V.:
Seu gosto pela viola vem
de família ou o senhor é o primeiro?
J.P.A.: Meu pai sempre cantou música caipira. Minha
família é do sul de Minas Gerais e sempre esse tipo de música esteve presente.
Mas, tocar viola eu sou o primeiro; meu pai toca um pouco de violão.
C.V.:
Das músicas que já tocou,
em uma de suas apresentações, qual a que mais te deu emoção?
J.P.A.: É difícil escolher uma música apenas. Acho
que o que emociona mais a gente no palco são alguns momentos mágicos que, às
vezes, acontecem, seja por uma interação criativa entre os músicos em algum
trecho de improvisação, seja quando o público te aplaude no meio de uma música
(isso é demais!), seja quando você vê uma criança na plateia com os olhos
vidrados em você, seja quando você toca num lugar especial, enfim, por aí.
C.V.: Quanto ao músico Almir Côrtes como se deu
essa parceria?
J.P.A.: Conheci o Almir na Orquestra Filarmônica de
Violas, grupo de Campinas onde tocamos e que, desde 2011, eu sou diretor e
regente. Ele também fazia mestrado na Unicamp, toca bandolim e violão e estava aprendendo
viola. Aí a amizade surgiu e a vontade de tocar junto também: montamos o
projeto Cordal, gravamos o álbum em 2014 e passamos alguns anos tocando esse
projeto aqui e fizemos uma turnê nos EUA. Depois, há alguns anos, o Almir mudou
para o Rio para dar aula na UNIRIO. Então, a gente precisou dar um tempo no
projeto, mas sempre estamos em contato.
C.V.:
Durante esse período de
pandemia do coronavírus chegou a fazer shows online? Como essa fase afetou sua carreira?
J.P.A.: Sim, fiz algumas vezes. A pandemia afetou
bastante. Em fevereiro de 2020 eu tinha uma agenda de mais de 24 shows
marcados; alguns relativos a projetos aprovados em editais estaduais. Então,
muitos foram cancelados ou precisaram ser adaptados para lives e etc. Tenho a
sorte de também ter o trabalho de professor, que pode ser adaptado para o
formato não presencial. Alguns colegas que viviam apenas de tocar estão
passando dificuldades por conta da pandemia.
C.V.: Quais as novidades que vem por aí em
sua carreira?
J.P.A.: Do meu projeto solo vou lançar um álbum novo
chamado “Aço da Terra”, com participações de Alberto Luccas (contrabaixo acústico),
Ana Luiza (voz), Cléber Almeida (bateria), Ricardo Herz (violino) e do meu pai Valdo (voz). Será
antecipado por dois singles: o primeiro deles é o “Clube da Esquina n.2”, que
será lançado dia 16 de abril. Nos dias 3, 4, 10 e 11 de abril acontecerá o
Festival Viola da Terra, 100% online, onde fiz a curadoria e direção artística
e que vai trazer uma programação extensa unindo 35 violeiras e violeiros. Dia 18 de abril, às 18h, participarei do Violeiros do
Brasil, junto com o violeiro Paulo Freire. Com meu grupo Conversa Ribeira vamos
lançar, ainda esse semestre, nosso 3o videoclipe, além do 2o
podcast com a cantora Monica Salmaso.
C.V.: Quais
são suas redes sociais?
J.P.A.: Minhas redes sociais são as seguintes:
Instagram: www.instagram.com/joaopauloamaral.official
Facebook: www.facebook.com/joaopauloamaral.official
Youtube: www.youtube.com/joaopauloamaral
Site: www.joaopauloamaral.com.br
Fotos: Cláudia Geronymo