Fatos recentes da
política brasileira inspiram a peça “Michel III – Uma Farsa à Brasileira” que
estreia no Teatro dos Arcos
O espetáculo “Michel III – Uma Farsa à Brasileira” estreia dia
06 de janeiro no Teatro dos Arcos e ficará em cartaz aos sábados e domingos, às
19h, até 28 de janeiro, com entrada grátis. Escrita por Fabio Brandi Torres e
dirigida por Marcelo Varzea, a montagem tem como personagem central Michel, um
aspirante ao trono, cansado de viver em segundo plano, que resolve conspirar
para assumir a coroa.
Esta é a
última peça da primeira edição do projeto Berçário Teatral, que iniciou em
agosto de 2017, e realizou seis montagens teatrais com o objetivo de
revitalizar o Teatro dos Arcos. A ideia partiu do curador do projeto e diretor
artístico do Teatro dos Arcos, Ian Soffredini, de criação um texto que
tratasse da política brasileira, usando personagens das peças de William
Shakespeare. Ele convidou o dramaturgo Fabio Brandi Torres para desenvolver o
texto. O autor se inspirou em “Rei Lear”, “Macbeth”, “Ricardo III”,
“Romeu e Julieta”, “Júlio César”, “Hamlet” e até “Sir Thomas More”
(texto inédito em português), entre outras obras de Shakespeare, para revisitar
o período histórico brasileiro do final do segundo mandato de Lula, passando
pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff, até
o momento presente. O título Michel III remete a Michel Temer, o terceiro vice
que se tornou presidente após a redemocratização.
Num ambiente de intrigas e obscuridades, cada personagem das cenas
shakespeareanas tem o seu equivalente na política brasileira. Nesta sátira, os
personagens fazem referência a figuras protagonistas do jogo político, além de
Michel Temer: Lula, Dilma Rousseff, Marta Suplicy, Marina Silva, Eduardo
Cunha, Romero Jucá, Sergio Moro; empresários como Marcelo Odebrecht e Joesley
Batista; e Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment.
“Michel III – Uma Farsa à Brasileira”
usa a comédia como instrumento de crítica e observação do jogo de forças
políticas que inclui acordos partidários e seus respectivos rachas de antigas
alianças, políticos que são descartados na briga pelo poder, povo revoltado e dividido
por posições extremistas. Áudios “vazados”, notícias falsas, memes na internet,
delações premiadas, condenações de governantes, enfim, o que compõe o cenário
político. “Foram necessários quatro meses de pesquisas sobre os fatos
históricos para escrever a peça que fala de ambição e poder, fazendo a relação
com os textos de Shakespeare”, explica Fabio Brandi Torres.
O autor
acredita que a peça oferece diferentes níveis de leitura e compreensão,
conforme o interesse na observação do jogo político e conhecimento da obra
de Shakespeare. “Quem não conhece a obra de Shakespeare e não se atentou
para os fatos políticos vai entender a trama porque a história que é contada
trata de um assunto universal. Mas quem tem referências da dramaturgia e
observou os fatos políticos vai perceber mais detalhes”, diz.
O diretor Marcelo Varzea conta que se interessou em participar do
projeto porque considera importante preservar a democracia e o poder do voto.
“A peça fala de um trono que foi usurpado. Nós, no nosso país, estamos cada vez
mais treinados a desvendar o que há por trás dos discursos
políticos. A peça também favorece este exercício. Faz rir e, principalmente,
faz pensar. Este é meu propósito: insuflar a análise crítica, sem a presença de
heróis”, diz o diretor.
O texto
evita tomar partido por um dos lados da disputa política, fugindo da
polarização. Mas expõe os fatos de maneira que o público possa tirar as suas
conclusões. Um dos assuntos tratados é a pedalada fiscal, que foi a
justificativa para o afastamento da ex-presidente Dilma. As pedaladas foram
legalizas dois dias após o impeachment, quando o governo de Michel Temer
sancionou mudanças na lei orçamentária. Este fato está parodiado no texto de
Fabio como a Cavalgada dos Fiscais.
SOBRE
O AUTOR FABIO BRANDI TORRES
Diretor
teatral, dramaturgo e roteirista. Foi vencedor por duas vezes do prêmio de
Melhor Autor do Festival de Teatro Curta/SESI (2000 e 2002) e três vezes
indicado como Melhor Autor ao Prêmio Coca-Cola FEMSA de Teatro Jovem (“A
Matéria dos Sonhos”, 2004, “Ciranda das Flores”, 2009 e “Pandolfo Bereba”,
2013). Também foi indicado ao Prêmio Shell 2005, como Melhor Autor, por “O
Mata-Burro”.
Como
roteirista, foi colaborador das novelas “Seus Olhos” (SBT) e “Paixões Proibidas”
(BAND/RTP), e da sitcom “#PartiuShopping” (Multishow). Em 2017, assinou o
roteiro do documentário “Inezita”, para a TV Cultura.
Teve a
peça “Um Conto do Rei Arthur” editada ao vencer o Concurso de Dramaturgia
Vladimir Maiakovski e o livro infanto-juvenil “O Tesouro de Fabergè” publicado
em duas edições.
Seus
textos já foram apresentados em Portugal, Espanha, Estados Unidos e Cabo Verde,
e encenados por Isser Korik (“Revistando”, “Grandes Pequeninos” e “A Pequena
Sereia”), Iacov Hillel (“Prepare seu Coração” e “Tutto Nel Mondo è Burla”), Val
Pires (“Medida por Medida”), Caco Ciocler (“Vão Livre”), André Garolli (“Trama
da Paixão” e “O Mata-Burro”), William Gavião (“Respeitável Público?” e
“Macbeth”) e Rosi Campos (“Se Casamento Fosse Bom...”).
SOBRE
O DIRETOR MARCELO VARZEA
Ator
carioca formado na CAL, mora em São Paulo desde 1991, onde tem uma sólida
carreira no teatro e se destaca como protagonista de diversos espetáculos,
dirigido pelos maiores nomes de encenadores brasileiros.
Atuou em
musicais de sucesso, como, “Cazuza”, “Elis”, “Rock in Rio-o Musical” e “O
Musical da Bossa Nova”. Protagonizou a lendária montagem de Gabriel Villela
para “A Ópera Do Malandro”, vivendo o malandro Max Overseas; atuou em séries de
TV fechada (HBO, FOX, Multishow, Netflix e GNT).
Na TV
Globo esteve no elenco das obras “A Lei do Amor”, “Malhação”, “Separação”;
“Força de um Desejo”, “Um Só Coração”, “JK” e “Insensato Coração”. Na
mesma emissora, fez participações em “Os Normais”, “A Diarista”, “Sob Nova
Direção”, “Toma Lá, Dá Cá”, “Casos e Acasos“ e “Retrato Falado”, entre outras
obras.
No cinema,
atuou em “Xingu”, “Boleiros”, “Deus Jr”, entre outros filmes.
Marcelo
também é dramaturgo, preparador de atores e já dirigiu diversos eventos
corporativos. Foi assistente de direção de novelas, comandou os 3 anos de
sucesso do projeto de atores/cantores “Segundas Intenções”. Dirigiu o musical “
Do Kitsch ao Sublime “, o drama “Aquário com Peixes”, do premiado Franz
Keppler, entre outros espetáculos.
SOBRE
O ELENCO
Marcelo Diaz – atuou em “Cais ou da
Indiferença das Embarcações”, direção de Kiko Marques; “Valéria e os Pássaros”
e “Crepúsculo”, montagens da Velha Cia; “A Porta Secreta”, com direção de Fabio
Ock; “As Feiosas”, de Marilia Toledo (indicado como ator ao Premio Femsa); e “O
Fingidor”, de Samir Yazbec. Mais recentemente atuou em “Chapeuzinho Vermelho”,
dirigido por Eduardo Leão.
Amaziles de Almeida - Cursou o
Teatro Universitário/UFMG, participando de importantes montagens: “Electra”, de
Eurípedes; “Rasga Coração”, de Oduvaldo Vianna Filho; “A Casa de Bernarda
Alba”, de Garcia Lorca; e “Aurora da Minha Vida”, de Naum Alves de Souza. A
partir de 1991, já em São Paulo, trabalhou nas montagens “Ham-Let”,
direção José Celso Martinez Corrêa; “Laços Eternos”, direção de Renato Borghi;
“Verás que Tudo é Mentira”, direção de Marco Antonio Rodrigues; “Quarto 77”,
direção de Roberto Lage; “Side Man”, direção de Zé Henrique de Paula; “Te
Amo São Paulo”, direção de Isser Korik; entre outras peças. Fez vários
curtas-metragens e algumas participações em longas, como, “O Grande
Mentecapto”, de Oswaldo Caldeira; “Alma Corsária”, de Carlos Reichenbach. Na
TV, atuou em “Mandacaru”, com direção de Walter Avancini na extinta TV
Manchete; “Antônio dos Milagres”, na CNT/Gazeta em SP, com direção de Lucas
Bueno; e “Sandy e Junior” na Rede Globo.
Martha Meola – atuou nas
peças “O Cárcere Secreto”, com direção de Francisco Medeiros; “Macunaíma”, “A
Hora e a Vez de Augusto Matraga“, dirigidas por Antunes Filho; “Woyzeck”,
direção de Alexandre Stockler; “Há Vagas Para Moças de Fino Trato”, direção de
Marcelo Lazaratto; “Dorotéia – Farsa Irresponsável”, de Nelson Rodrigues,
direção de Carlos Gomes; Assim É (Se lhe Parece), de Luigi Pirandello, direção
de Marco Antônio Pâmio, entre outras montagens. Atuou em diversas novelas na
TV, entre elas “Verdades Secretas”, de Walcyr Carrasco, e “Tempo de Amar”, de
Alcides Nogueira, ambas na TV Globo. No cinema, trabalhou em “Sonhos
Tropicais”, de André Sturm; “Contra Todos”, de Robson Moreira; “O Cheiro do
Ralo”, de Heitor Dhalia; “O Palhaço”, de Selton Mello; entre outros filmes de
longa e curta-metragem. Também trabalhou em mais de 100 campanhas publicitárias
no Brasil e na América Latina.
Fabiano Medeiros - iniciou
sua carreira em 1991. Em 1997 a convite de Gabriel Villela, integrou o show
"Tambores de Minas", de Milton Nascimento. Atuou em “A Vida é Sonho”
dirigida por Gabriel Villela. Em 1999 ingressou na Armazém Companhia de Teatro
(RJ), uma das mais conceituadas companhias brasileiras, dirigida por Paulo de
Moraes, atuando nos espetáculos “Alice Através do Espelho”, “Da Arte de Subir
em Telhados”, “Pessoas Invisíveis”, “Casca de Noz” e “Toda Nudez Será
Castigada”. Em São Paulo realizou os shows “Tropicália 4.0”; “Clara Luz”; “Tropicália
é preciso!” e “Divino Maravilhoso”. Paralelamente aos shows trabalha
também nos espetáculos musicais “Cazuza – Pro dia nascer feliz, o musical”,
“Rita Lee mora ao lado”, em ambos fazendo o papel de Ney Matogrosso.
Lena
Roque - atriz, diretora,
apresentadora e arte educadora formada em Artes Cênicas pela ECA/USP em 1995.
Atua há 32 anos. No teatro fez 22 espetáculos, entre eles, “Domésticas”,
direção de Renata Melo, “Dúvida”, direção de Bruno Barreto, “Freak Show”,
direção de William Pereira ,“Frenesi”, direção de Naum Alves de Souza.
Participou das séries “Axogum” (Canal Brasil), “Psi” (HBO), da novela
“Chiquititas” (SBT) e em dezenas de comerciais e vídeos institucionais. No
cinema, atuou em “Domésticas”, de Fernando Meirelles e Nando Olival; “Quanto
Vale ou é Por Quilo?”, de Sergio Bianchi, entre outros. Escreveu o livro
“Impressões” e quatro peças de teatro: “Alto Falante” ,“Autópsia”
“Impressões”, e “Louca de Amor - Quase Surtada”, adaptação do livro “Confissões
de uma Louca de Amor” de Viviane Pereira.
Michel Waisman - formado
pela Escola de Arte Dramática (EAD/USP). Atuou nas peças “A Máquina Tchekov”,
com direção de Clara Carvalho e Denise Weinberg; “Esplêndidos”, com direção de
Eduardo Tolentino; “Os Sete Gatinhos”, com direção de Nelson Baskerville; “O
Beijo no Asfalto”, com direção de Marco Antônio Brás; “O Despertar da
Primavera”, com direção de Eduardo Tolentino de Araújo. Trabalhou no seriado
“Na Forma da Lei”, da TV Globo; nas séries “3%”, série produzida pela Boutique
Filmes, e “Rio Heroes”, produzida pela Mixer aguardando lançamento.
O
PROJETO BERÇÁRIO TEATRAL
O Projeto
Berçário Teatral tem por objetivo a produção de seis montagens com entradas
gratuitas, visando a revitalização do Teatro dos Arcos, na região central de
São Paulo. Desde agosto de 2017 foram realizadas temporadas das peças “Não Tem
Xícara”, idealizada e dirigida por Ian Soffredini; “Terra dos Outros Felizes –
o Jogo dos Amigos Imaginários”, texto de Michelle Ferreira e direção de Vanessa
Guillen; “Existe Sexo Depois do Casamento?”, de Jeff Gould, direção de Isser
Korik; “Lá Fora é Pior”, texto e direção do Núcleo de Pesquisa Teatral Arcos
Dramatúrgicos; e “Não me Recupero do Vazio do Seu Corpo”, do OBARA - Grupo de
Pesquisa e Criação, com direção de Lu Carion.
FICHA
TÉCNICA
Texto:
Fabio Brandi Torres
Direção: Marcelo Varzea
Elenco: Marcelo Diaz, Amazyles de Almeida, Martha Meola, Fabiano Medeiros,
Lena Roque e Michel Waisman
Assistente
de direção: Tadeu Freitas
Direção de
movimento: Erica Rodrigues
Trilha
sonora: Andre Ha
Iluminação: Lena Roque
Figurino: Vanessa Wander e Larissa Paulino
Visagismo: Igor Miranda
“Michel III – Uma Farsa à
Brasileira”
Estreia: 06 de
janeiro de 2018
Temporada
até: 28 de janeiro de 2018
Apresentações: sábados
e domingos, às 19h.
Capacidade: 70
lugares
Ingresso: Grátis
(entrega de convites no local uma hora antes da sessão)
Duração: 70
minutos
Classificação
etária: 12 anos
TEATRO
DOS ARCOS
Telefone:
11 3101-8589
Capacidade:
70 lugares
Horário
de funcionamento da bilheteria: somente nos dias de apresentação, uma hora
antes.
Acesso
para cadeirantes
Ar-condicionado
Foto: Pedro Tavares