A vida passa através do
silêncio. As aventuras, as turbulências e as dificuldades são todas num campo
sem som. Porém, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi criada, justamente,
pensando em suavizar a vida do deficiente auditivo e, assim, o incluir na
sociedade como um cidadão capaz de tomar suas decisões, dar opiniões e se
posicionar como qualquer ser humano, só que do seu jeito peculiar: através de
sinais, gestos e expressões que denotem sua visão quanto ao assunto em pauta.
Como condutor desse desafio, surgiu o Intérprete de Libras que, atualmente, encontra espaço e oportunidade de trabalho em diversos setores no mercado. Carlos Henrique Corrêa é um deles. Dedicado e apaixonado por esse universo, vive boa parte do seu dia focado em auxiliar deficientes auditivos a se posicionarem no mundo e a alçarem voos mais altos através da Educação e, por meio dela, ganharem conhecimento, cada um à sua maneira, e viverem sem ter medo de serem felizes!
No momento, ele atua no Espaço de Ensino Supletivo (EMES), com a direção da psicopedagoga Maria Rosiléa Ouverney, e, também, no Colégio Municipal Maurício Kopke, na direção da professora Mary Lucy Pereira, ambas Unidades Escolares no município de Rio Bonito, no interior do Rio de Janeiro.
Em entrevista exclusiva ao CULTURA VIVA, o profissional falou de
sua experiência no ramo e do prazer que tem em servir pessoas tão especiais
nesse mundo. Viva! Bravo!
Acompanhe!
CULTURA VIVA: Qual o curso
específico que uma pessoa pode fazer para se tornar um intérprete de Libras e
conquistar, assim, uma boa recolocação no mercado?
CARLOS HENRIQUE: De acordo com a Lei 12.319/2010, para
trabalhar na área é preciso ter o ensino médio completo, além da realização de
cursos profissionalizantes devidamente reconhecidos.
C.V.: Por que decidiu por
essa profissão? Algo em especial?
C.H.: Identifiquei essa profissão como algo que me daria o
necessário como sustento financeiro, bem como, também, pelo fato de que teria
tempo suficiente para dá a devida atenção para minha família. Diria, ainda, que
algo especial, dentro desse ramo, foi o fato que me levou a amar essa
profissão: convivi, por sete anos, com uma comunidade surda, onde aprendi muito.
C.V.: Entre os principais
problemas enfrentados por um Intérprete de Libras, qual o que mais preocupa?
C.H.: Acredito que o mais preocupante é a relação entre
interprete e professor, visto que o interprete também funciona como um mediador
do aluno surdo. Ainda não me deparei com esse problema, pois sempre consegui
manter um bom relacionamento com os professores.
C.V.: Além da paixão pelo o
que faz, qual outro elemento o profissional deve ter para alcançar sucesso, em
sua opinião?
C.H.: Vai além da paixão pela profissão o amor ao deficiente
auditivo, o desejo de ajudá-lo e fazer com que ele possa, também, alcançar um
belo objetivo em sua vida. Está como um elemento fundamental para o sucesso,
onde, na verdade, esse sucesso é duplo.
C.V.: Ao longo dos anos, como
tem sido seu contato com os alunos? São
maleáveis e abertos a aprenderem?
C.H.: Meu contato com os alunos sempre foi muito acessível e
tranquilo. Sempre tento fazer meu melhor e fazer o surdo se sentir seguro e que
está com alguém que tem o real interesse em ajudá-lo. O fator ser maleável é
você quem vai “fazer acontecer”. Quanto a serem abertos a aprenderem, em se
tratando de aprendizado em escolas, entendo que sempre estarão. Quanto ao
restante, entendo que não é muito diferente, visto que a vida deles é um pouco
limitada devido a sua língua, porém, não são pessoas anormais e, sim, com um
idioma diferente e seus costumes agregados ao idioma.
C.V.: Seu trabalho se dá
somente em escolas ou em outros espaços sociais também?
C.H.: Normalmente, só em escolas, mas faço interpretações em
algumas palestras que, em algum momento, tenham a vir com a educação.
C.V.: Como se dá a
compreensão de uma pessoa surda quanto aos conteúdos escolares, geralmente? A forma de ensinar difere dos que não
possuem a deficiência?
C.H.: Poderia dizer que o surdo seria capaz de compreender,
basicamente, tudo o que um ouvinte consegue. Existirá alguma limitação em uma
matéria ou outra por conta da falta de combinação da própria língua como o caso,
por exemplo, de estudar fonética em Língua Portuguesa. A forma de ensino
podemos dizer que é a mesma, porém, o que faria o ensino ser diferente seria o
fato de como o surdo teve seu acompanhamento escolar desde o início, o que,
normalmente, ele já, desde novo, enfrenta as dificuldades escolares, como aulas
apropriadas em seu idioma com profissionais capacitados, dificuldades com
acessibilidades ao ensino, etc.
C.V.: Já presenciou alguma
cena em que um de seus alunos sofreu algum tipo de preconceito?
C.H.: Ainda não.
C.V.: Que apelo faria para
que as pessoas tivessem mais compreensão e mais tolerância com uma pessoa
portadora de alguma deficiência?
C.H.: Que aprendam o idioma através de um curso.
C.V.: Quais são as suas redes
sociais?
C.H.: Facebook: Henrique Correa; Instagram:
henrique.correa.37266; Strava : Carlos Henrique Correa.
Fotos: Divulgação
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