Carlos Henrique Corrêa traduz a vida em forma de Libras e faz história

04 junho 2022 |

 


A vida passa através do silêncio. As aventuras, as turbulências e as dificuldades são todas num campo sem som. Porém, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi criada, justamente, pensando em suavizar a vida do deficiente auditivo e, assim, o incluir na sociedade como um cidadão capaz de tomar suas decisões, dar opiniões e se posicionar como qualquer ser humano, só que do seu jeito peculiar: através de sinais, gestos e expressões que denotem sua visão quanto ao assunto em pauta.

 

Como condutor desse desafio, surgiu o Intérprete de Libras que, atualmente, encontra espaço e oportunidade de trabalho em diversos setores no mercado. Carlos Henrique Corrêa é um deles. Dedicado e apaixonado por esse universo, vive boa parte do seu dia focado em auxiliar deficientes auditivos a se posicionarem no mundo e a alçarem voos mais altos através da Educação e, por meio dela, ganharem conhecimento, cada um à sua maneira, e viverem sem ter medo de serem felizes!


No momento, ele atua no Espaço de Ensino Supletivo (EMES), com a direção da psicopedagoga Maria Rosiléa Ouverney, e, também, no Colégio Municipal Maurício Kopke, na direção da professora Mary Lucy Pereira, ambas Unidades Escolares no município de Rio Bonito, no interior do Rio de Janeiro.

 

Em entrevista exclusiva ao CULTURA VIVA, o profissional falou de sua experiência no ramo e do prazer que tem em servir pessoas tão especiais nesse mundo. Viva! Bravo!

 

Acompanhe! 

 

CULTURA VIVA: Qual o curso específico que uma pessoa pode fazer para se tornar um intérprete de Libras e conquistar, assim, uma boa recolocação no mercado?

CARLOS HENRIQUE: De acordo com a Lei 12.319/2010, para trabalhar na área é preciso ter o ensino médio completo, além da realização de cursos profissionalizantes devidamente reconhecidos.

 

C.V.: Por que decidiu por essa profissão? Algo em especial?

C.H.: Identifiquei essa profissão como algo que me daria o necessário como sustento financeiro, bem como, também, pelo fato de que teria tempo suficiente para dá a devida atenção para minha família. Diria, ainda, que algo especial, dentro desse ramo, foi o fato que me levou a amar essa profissão: convivi, por sete anos, com uma comunidade surda,  onde aprendi muito.

 

C.V.: Entre os principais problemas enfrentados por um Intérprete de Libras, qual o que mais preocupa?

C.H.: Acredito que o mais preocupante é a relação entre interprete e professor, visto que o interprete também funciona como um mediador do aluno surdo. Ainda não me deparei com esse problema, pois sempre consegui manter um bom relacionamento com os professores.

 

C.V.: Além da paixão pelo o que faz, qual outro elemento o profissional deve ter para alcançar sucesso, em sua opinião?

C.H.: Vai além da paixão pela profissão o amor ao deficiente auditivo, o desejo de ajudá-lo e fazer com que ele possa, também, alcançar um belo objetivo em sua vida. Está como um elemento fundamental para o sucesso, onde, na verdade, esse sucesso é duplo.


 

C.V.: Ao longo dos anos, como tem sido seu contato com os alunos? São maleáveis e abertos a aprenderem?

C.H.: Meu contato com os alunos sempre foi muito acessível e tranquilo. Sempre tento fazer meu melhor e fazer o surdo se sentir seguro e que está com alguém que tem o real interesse em ajudá-lo. O fator ser maleável é você quem vai “fazer acontecer”. Quanto a serem abertos a aprenderem, em se tratando de aprendizado em escolas, entendo que sempre estarão. Quanto ao restante, entendo que não é muito diferente, visto que a vida deles é um pouco limitada devido a sua língua, porém, não são pessoas anormais e, sim, com um idioma diferente e seus costumes agregados ao idioma.

 

C.V.: Seu trabalho se dá somente em escolas ou em outros espaços sociais também?

C.H.: Normalmente, só em escolas, mas faço interpretações em algumas palestras que, em algum momento, tenham a vir com a educação.


                         Carlos Henrique com suas alunas

C.V.: Como se dá a compreensão de uma pessoa surda quanto aos conteúdos escolares, geralmente? A forma de ensinar difere dos que não possuem a deficiência?

C.H.: Poderia dizer que o surdo seria capaz de compreender, basicamente, tudo o que um ouvinte consegue. Existirá alguma limitação em uma matéria ou outra por conta da falta de combinação da própria língua como o caso, por exemplo, de estudar fonética em Língua Portuguesa. A forma de ensino podemos dizer que é a mesma, porém, o que faria o ensino ser diferente seria o fato de como o surdo teve seu acompanhamento escolar desde o início, o que, normalmente, ele já, desde novo, enfrenta as dificuldades escolares, como aulas apropriadas em seu idioma com profissionais capacitados, dificuldades com acessibilidades ao ensino, etc.

 

C.V.: Já presenciou alguma cena em que um de seus alunos sofreu algum tipo de preconceito?

C.H.: Ainda não.



                      Uma de suas aulas no EMES  - Rio Bonito


C.V.: Que apelo faria para que as pessoas tivessem mais compreensão e mais tolerância com uma pessoa portadora de alguma deficiência?

C.H.: Que aprendam o idioma através de um curso.

 

C.V.: Quais são as suas redes sociais?

C.H.: Facebook: Henrique Correa; Instagram: henrique.correa.37266; Strava : Carlos Henrique Correa.

 

Fotos: Divulgação




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