Uma confusão no interior. Tanto a dizer. Vontade não falta para se expressar, mas desaparece a coragem; surge a inibição; a insegurança, de intrometida, adentra e ainda reserva um espaço para o nervosismo, que não foi chamado, mas também se infiltra. Assim acontece justamente quando se tem algo importante a dizer. Por mais que alguém ensaie, decore, busque palavras novas, crie rimas, frases curtas e objetivas. De nada vale, tudo em vão. Na hora “H” falta combustível. O ser parece estar diante de um monstro invencível. Nem mesmo os mais desinibidos safam-se dessa. Ainda que estejam com tudo na ponta da língua, no momento exato, o “gato come” algumas palavras, traz outras que não estavam no script e, enfim, a falha humana transparece de forma igual, natural a qualquer pessoa. Não tem jeito.
Contudo, o mais importante é ter algo a dizer. Embora que uma frase. Não perder a oportunidade, traz alívio para alma e para a consciência. Se sair tudo errado... Tem importância, não. Desabafou do mesmo jeito. Nós, atores da vida real, cidadãos comuns, prezamos pelo o que somos e não ganhamos para representar nada no palco da vida. Aliás, ganhamos e perdemos. Conquistamos ao falar e também afastamos. Embora a modalidade com que for entoado o discurso seja responsável pelo futuro lucro ou prejuízo, uma decisão se tomou. Basta. Daí para frente, a vida se encarrega de juntar ou não os pares.
Não se preocupe com isso, apenas viva!
Foto: Letícia Soares
"DIZER COISAS" - EDSON SOARES
14 janeiro 2009 Postado por JORNAL CULTURA VIVA por Edson Soares às 20:35 | Marcadores: Edson Soares
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