José Mauro Brant... Talento na arte de atuar e cantar

25 janeiro 2009 |


Teatro, música e literatura. Estas são as três paixões do cantor, ator e contador de histórias, José Mauro Brant, 36 anos. Com mais de 20 anos de carreira, o artista sempre foi ligado à corrente dos musicais brasileiros, onde já atuou no “Teatro Musical e Brasileiro” I, II e III, do Luiz Antonio Martinez Corrêa, “A Vida do Nélson Gonçalves”, com o ator Diogo Vilela, e “Dolores”. Ele relata que sempre esteve na área onde a música conta a história e não foi à toa que começou a desenvolver, paralelamente, a carreira no teatro e uma carreira de contador de histórias.

CULTURA VIVA: Você começou no teatro e lá desenvolveu a música?
JOSÉ MAURO BRANT: Exatamente. A música, também, e depois a literatura foi entrando junto porque, na verdade, o trabalho de contador de histórias me levou a escrever dois livros: “Acalantos” e “Enquanto o sono não vem” que, na verdade, é um punhado de histórias que eu conto e canto.

C.V.: Você começou cantando no teatro e até então não era nada profissional. Quando surgiu a idéia de preparar um disco profissional?
J.M.B.:. Em 1996, eu já fazia informalmente algumas apresentações com essas histórias e, em 1997, estreei o espetáculo “Contos, Cantos e Acalantos”, no pequeno auditório do Museu do Folclore. Foi um grande sucesso de crítica, de público e me levou para o Brasil inteiro. Eu via que cada vez mais eu gostava e achava importante essas cantigas de ninar estarem sendo resgatadas e me deu uma vontade de imortalizar esse repertório num disco. Levei essa idéia para o Tim Rescala, que tem o selo Pianíssimo. Esse disco foi lançado em 2002. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Tim de Melhor Disco Infantil: foi uma grande surpresa para mim, para uma gravadora independente. Estava concorrendo com a Eliana e o Toquinho. Isso deu um impulso para o disco, que acabou sendo, agora, relançado pelo selo Biscoito Fino, coordenado pela Olívia Hime.

C.V.: E as suas apresentações? O seu show é composto por quê: música, contação de histórias, literatura? Como você faz esse apanhado no espetáculo?
J.M.B.: Meu espetáculo é uma costura de contos, cantos e acalantos, sempre procurando mostrar a história que tem por trás dos cantos. As cantigas de ninar que, às vezes, tem um conteúdo terrível, ameaçador, o Boi da Cara-preta, o Tutu Marambá, são evocados monstros do pesadelo infantil justamente para a criança se sentir mais protegida no colo da mãe, ser um porto seguro. Então, eu acho que esse assunto é interessante. As pessoas não cantam mais com seus filhos. É esse o momento em que se dá toda a relação do pai com o filho, onde a afetividade começa a ser construída. É nesse momento, antes de dormir, onde a gente conta, canta, busca força para enfrentar o sono, o medo da noite e a vida.

C.V.: Você trabalha com a cultura popular. Qual a sua preocupação ao montar um espetáculo tentando linká-lo à cultura popular?
J.M.B.: Eu procuro, como leitor da cultura popular, perceber o que nela existe que diz tanto respeito a mim quanto ao cara nordestino porque quando a gente fala em “cultura popular”, tem uma visão bem regionalista: tem que fazer com sotaque, botar um triângulo, ... Eu acho isso lindo, também, mas eu sou urbano, do Rio de Janeiro: aqui eu também posso me identificar com esse material.

C.V.: Todo artista tem um objetivo central no seu trabalho. Qual o seu, mais 20 anos depois?
J.M.B.: Eu quero cada vez mais ampliar as minhas fronteiras de atuação e poder, através das histórias; encontrar as pessoas, quer dizer, estar não só para ser o artista no palco, mas uma pessoa que encontre fazendo oficinas, como eu também faço, cada vez mais percebendo como a arte pode ter uma utilidade, pode inspirar e modificar a pessoa.

Foto: Arquivo pessoal de José Mauro Brant

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