O grupo Água de Moringa faz show de lançamento do seu quarto CD, 'Obrigado Joel', no Projeto Sete em Ponto do dia 18 de maio (terça-feira). No repertório, composições do bandolinista Joel Nascimento, um dos intérpretes mais célebres da história do choro e que, do alto dos seus 72 anos, dividirá o palco com o premiado conjunto de instrumentistas.
Os músicos Rui Alvim (clarinete e clarone), Marcílio Lopes (bandolim e violão tenor), Jayme Vignoli (cavaquinho), Luiz Flavio Alcofra (violão), Josimar Carneiro (violão de sete cordas) e André Boxexa (bateria, percussão e marimba) vão revelar parte da obra de Joel, produzida ao longo de décadas.
“Ecos”, uma das músicas escolhidas, teve sua primeira parte composta quando Joel tinha apenas 15 anos e dedilhava um cavaquinho e só foi concluída aos 32, ao som do bandolim. Dos anos 70, estão presentes “Meus sonhos”, composta após uma apresentação com Artur Moreira Lima e o conjunto Época de Ouro, “Congada do sino”, inspirada em uma tela com três fases do Rio Antigo, “O pássaro”, “Primavera” e “Sorriso de Cristina”. No CD estão ainda: “Não sei porque”, “Peneirando”, “Reminiscências”, “Somente saudade”, “Saudades do mano” (para o irmão Joyr) e “O bufo (Vamos dar o fora)”, composta ao piano e dedicada ao maestro Radamés Gnatalli.
Água de Moringa
Em seus 20 anos de atividade, o Água de Moringa destaca-se pela versatilidade. Com a filosofia de "espírito chorão" dos músicos do final do século XIX, que criaram uma nova linguagem a partir da tentativa de tocar as melodias até então vindas da Europa, o conjunto revisita compositores tradicionais e experimenta autores de nossa época. O Água tem se apresentado no Brasil e no exterior ao longo de 20 anos de carreira, tanto em shows com sambistas de peso, como Wilson Moreira, Dona Ivone Lara e Walter Alfaiate, como participando de bienais de música contemporânea.
A carreira internacional do grupo inclui apresentações em Portugal (representando o Brasil no concerto Canto Atlântico – 1997), na Colômbia (Biblioteca Luís Angél Arango, em Bogotá, e Centro Cultural do Banco de la República, em Cucúta - 2002) e em Paris (no Hot Brass, em 1996, lançando o primeiro CD, e em 2005, no Ano do Brasil na França, no Carreau du Temple).
No primeiro álbum do “Água” (Água de Moringa -1994), ficaram lado a lado músicas de Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros. O trabalho foi louvado pela crítica e recebeu indicação para o Prêmio SHARP.
Saracoteando (1998), o segundo CD, foi agraciado com dois Prêmios SHARP - melhor grupo e melhor arranjador na categoria instrumental (Josimar Carneiro). No repertório, obras de Canhoto da Paraíba, Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali, Guinga, Hermeto Pascoal e Guerra-Peixe.
As Inéditas de Pixinguinha, a terceira bolacha do grupo, foi fruto de um trabalho encomendado pela SONY. A partir de criteriosa análise de um acervo de quarenta partituras supostamente inéditas, treze delas foram selecionadas e o CD, lançado em 2002, valeu ao grupo a indicação ao Prêmio TIM de Música Brasileira (2003), na categoria melhor grupo instrumental.
Em 2005, o conjunto gravou A sedução carioca do poeta brasileiro em parceria com Moacyr Luz. No CD, o compositor musicou obras de vários poetas brasileiros que enalteceram o Rio de Janeiro e seus encantos em épocas distintas, entre eles Manuel Bandeira, Ferreira Gullar, Vinicius de Moraes e Aldir Blanc.
Joel Nascimento
Natural do bairro da Penha, aonde mora até hoje, estudou piano com o professor Max de Menezes Gil no Conservatório Brasileiro de Música e teoria musical com o professor Ian Guest mas, aos 22 anos, abandonou a música por conta de um grave problema auditivo. Trabalhou na Panair e, posteriormente, formou-se em radiologia e no Instituto Médico Legal, onde dava plantão, classificava sua função com humor como fotógrafo de presunto.
Retomou a música em 1968 graças ao irmão, o violonista Joyr, que levou Dr. Oraci à casa de Joel. Dr. Oraci, que era advogado e músico amador, lhe pediu que tocasse cavaquinho e, ao ouví-lo, convidou-o a participar das rodas de choro em sua casa e presenteou o músico com um bandolim.
Joel e Joyr foram fundadores do “Sovaco de Cobra”, o último grande movimento de choro do Rio de Janeiro. Joel começou sua carreira profissional como bandolinista em 1974, sendo descoberto oficialmente pelo cantor João Nogueira.
Apresentou-se nas principais salas de concertos com algumas das mais importantes Orquestras do país: Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Petrobrás e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, entre outras. Tem participado de gravações ao lado dos maiores nomes de nossa música, além de gravações de trilhas para cinema e TV. Ministrou cursos por todo o Brasil e, durante a carreira, recebeu vários prêmios nacionais e internacionais.
Considera como marco principal na sua carreira a idéia de pedir a Radamés Gnattali que transcrevesse a Suíte Popular “Retratos” - originalmente escrita para bandolim e orquestra de cordas - para uma formação de bandolim, três violões, cavaquinho e percussão. A peça ganhou forma camerística e resultou em uma nova concepção musical para a formação tradicional dos conjuntos de choro. O grupo formado por Joel seria batizado posteriormente de "Camerata Carioca".
A amizade e o convívio musical entre Joel e Radamés são motivos de grande orgulho para o bandolinista. Sobre Joel, Gnattali fez a seguinte declaração: "Joel Nascimento toca colorido enquanto os outros tocam em preto e branco". O Maestro dedicou-lhe ainda um concerto para bandolim e orquestra, gravado por Joel e a Orquestra de Câmera de Blumenau.
Sua carreira internacional teve início em 1982 com a apresentação no Lincoln Center, em Nova Iorque, ao lado de Arthur Moreira Lima e Raphael Rabello. Posteriormente, apresentou-se na Alemanha, Áustria, França, Itália, Portugal, Japão, Suíça, Argentina, Inglaterra, Holanda e Guiana Francesa. Participou dos Festivais de Montreux, Nice, Córsega, Festival de Câmara do Novo México e do Festival de Bandolins em Lunel - França. Formou ainda o conjunto “Sexteto Brasileiro” e com ele percorreu diversas cidades dos Estados Unidos.
Lançou “Chorando pelos Dedos”, seu primeiro disco-solo, em 1976, iniciando assim uma série de gravacões no Brasil, nos Estados Unidos e no Japão.
Água de Moringa - Lançamento do novo CD
Data – 18 de maio (terça-feira).
Horário – 19 h
Local – Teatro Carlos Gomes.
Endereço - Praça Tiradentes, s/n - Centro.
Telefone - (21) 2232-8701.
Ingresso – R$ 10,00.
Lotação – 685 lugares.
Classificação – Livre.
Foto: Divulgação
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