E NA HORA DA DESPEDIDA...

24 julho 2010 |


Perder alguém que muito se ama dói na alma, fere o coração, destrói parte dos sonhos e das intenções. Esse fato traz angústia, tristeza, choro. Um aperto muito forte no peito tenta sufocar o fôlego que ainda resta. Ao rodar a sala, o quarto, a cozinha, a varanda e outros cômodos da casa, é fácil sofrer com o vazio que veio residir no ambiente. Em troca da vida, a ausência. Apesar da dificuldade em lidar com esse momento, resta preservar as lições deixadas por quem partiu, seguir seus exemplos, manter viva a memória pelo o que representava e insistia em ser, sem esforço. O tempo dedicado ao choro “lava a alma” e limpa as sujeirinhas que ficou, tudo precisa estar transparente, esclarecido. Mágoas, agora virou coisa do passado, estão trancafiadas lá atrás, não tem como levantarem-se, o melhor é sepultá-las. Não adianta mais dar-lhes espaço, o “outro” já se foi, não pode mais defender-se, não existe mais uma segunda voz que pode gritar, questionar, implorar, enfim, dialogar. Ficou somente a lembrança, o que representava para a família e a sociedade. Juntos, todos que o amavam devem criar um memorial de suas idéias, suas paixões, seus desejos que não deram tempo de serem alcançados e as metas que estavam em processo, rumo ao ponto definido.

Na verdade, ninguém está preparado o suficiente para encarar a "hora da perda". Encara-se os supostos inimigos, a crise financeira, os boatos, as tensões provocadas pelas fofocas, mas entender que alguém muito querido foi e não volta nunca mais, é muito difícil. Com o passar do tempo, conforma-se. Agora, aceitar, definitivamente, impossível. Apenas, compreende-se, a vida é assim. Fazer o quê? Resta para quem ficou, ainda no barco, sacudir a poeira dos pés cansados de trilhar milhas nesta vida, erguer a cabeça e prosseguir a caminhada, certo de que ao lado existem ainda amigos e pessoas sinceras, dispostas a prestar auxílio na condução.

Parece que é o fim. Só parece. Logo ali, mais à frente existem outros combates, maiores desafios, momentos de lutas e de vitórias que vão ocupar o tempo, a consciência e gerar vontades em quem ficou. Com certeza, quem se foi estaria muito triste sabendo que os seus amados vivem chorando e lamentando a sua perda, afinal de contas cada um tem a sua missão para cumprir em um tempo determinado. O tempo de exercício de um é bem diferente do outro. É fácil concordar que só sabe da dor quem já enfrentou uma situação como esta, mas a mensagem quer apenas dizer que ainda existe vida, fôlego e condições diversas para vencer os contratempos. Então, chegou a hora de procurar entender o contexto e prosseguir. A vida continua, basta querer estar vivo, sofrendo ou em abundância, o que importa é estar de pé. Desigualdade social sempre existiu e não vai ser ela a vilã superpoderosa capaz de derrotar um ser que pensa, pode agir e mudar todo o rumo de uma história. Pense nisso.

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