ALGUMAS SÉRIES

30 janeiro 2012 |

Luiza Baldan

 

As fotografias de Luiza Baldan poderão ser vistas na exposição “Algumas Séries”, no período de 10 de dezembro a 26 de fevereiro de 2012, na varanda do Museu de Arte Contemporânea de Niterói.

 

As obras estão em agrupadas em série, estabelecendo um fio condutor que as une em conjunto, afirmando o título da mostra.
O advento da fotografia constituiu-se fato marcante não apenas por todas as implicações trazidas a respeito do papel do artista e da natureza de sua atividade, mas igualmente por ter inscrito o problema da imagem em um outro patamar: repentinamente, na mesma proporção em que as imagens se multiplicavam, elas arriscavam tornarem-se todas iguais. Dito de outro modo, no momento em que tudo se permite ser fotografável, como determinar a preponderância de uma imagem sobre outra, o que lhe confere significado próprio e relevância? Hoje, quando vemos essa quantidade crescer exponencialmente, a ponto de, em certos casos, a foto nem mesmo chegar ao papel (como ocorria necessariamente antes), tal questão ganha contornos ainda mais difusos.

A exposição Algumas séries, de Luiza Baldan, assume tal discussão naquilo em que a imagem se entrincheira e se define no vácuo entre singularidade e dissolução nessa galáxia de ícones do mundo contemporâneo. Por um lado, a ideia de série anuncia equivalência e diferença – semelhança no que propõe um fio condutor de um grupo de fotos, seja ele temático ou formal; diferença, ao constatar que esta familiaridade se faz por disparidades de circunstâncias. A artista, em alguns casos, tira partido de analogias para indicar um modo de olhar as fotos, quando, por exemplo, estabelece uma correspondência entre certas tomadas e pinturas abstratas. Em outros, a imagem se constrói na fronteira entre memória e banalidade: ela se vale de um repertório incrustado em nossas lembranças – cenários de cinema, fotos familiares, etc. – que sub-repticiamente indaga não só o quanto uma imagem é efetivamente particular (já que se encontra, queira ou não, imersa em vários códigos), mas também o quanto cada registro convive sempre com a sombra do apagamento, oscilante entre um tempo prolongado e sua finitude imediata vaticinada pelo clique. Tal imprecisão se reforça por algumas destas cenas serem refratárias ao conforto da decifração de um tempo e local específicos. Rigorosas formalmente, acentuando nisso uma proposital indefinição ilustrativa, são sempre anti-poses. No fundo, elas demarcam, em seus encadeamentos, a possibilidade de construção de um sentido de narrativa não mais vinculada àquele de descrição. Uma sequência, portanto, em que cada imagem alterna seu valor entre afirmar-se por si mesma ou criar seu significado a partir do conjunto que ela compõe. Fotos que se legendam reciprocamente, criando assim um texto tão permutável e aberto quanto os pontos de vista que registram uma cena.

Exposição Algumas Séries

Período de visitação: 01 a 26 de fevereiro

Preço: R$5

Funcionamento: Terça a domingo, 10h às 18h (a bilheteria fecha 15 minutos antes). Estudantes com carteirinha e brasileiros acima de 60 anos pagam meia-entrada. Estudantes da rede pública (até o ensino médio) e crianças abaixo 07 anos são isentos. Quarta-feira a entrada é franca.
Museu de Arte Contemporânea de NiteróiMirante da Boa Viagem, s/nº.
Tel.: (21) 2620-2400

 

Foto: Divulgação

1 comentários:

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