Amor é um filme francês que conta a história de uma senhora que vai perdendo os movimentos do lado direito do corpo. É o cotidiano (e o amor) de um casal de velhinhos, onde um faz de tudo pelo outro. No elenco dois grandes nomes: Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, com interpretações fabulosas. Achei impressionante o detalhe de cada cena e a construção do roteiro, fazendo, desde o início, que o espectador reveja alguns conceitos e mude um olhar (ou algum julgamento). Muito boa a cena em que todo o foco é voltado para a plateia, sem mostrar o teatro, e frisando que não vamos assistir o que já estamos acostumados. O foco é outro. A trama faz com que a gente desconstrua a nossa maneira de pensar e nos faz repensar opiniões já tão concretas em nossas mentes.
Achei impressionante a entrega da atriz Emmanuelle Riva. Ela se desprendeu de qualquer pudor e viveu intensamente aquela senhora doente. Eu ficaria feliz se a estatueta do Oscar de melhor atriz tivesse parado nas mãos dela. O filme mistura desespero e tristeza sem que isso se torne exagerado. Tudo é intensamente emocionante e a gente se dá conta de que qualquer um de nós poderia estar naquela situação. É uma tristeza de mão dupla: de quem cuida e de quem é cuidado. Dá uma sensação estranha de impotência, já que qualquer um de nós pode chegar naquele estado em algum momento da vida.
É fascinante de ver como o filme é bem feito. Toda a trama se passa, quase que inteiramente, dentro do apartamento dos velhinhos, e em momento algum a história fica cansativa. Fica impossível não aplaudir de pé o cinema de Michael Haneke, que consegue, com pouco espaço e poucos personagens, transformar um roteiro aparentemente monótono em um filme incrivelmente emocionante. Sabe-se que o final não é feliz desde o primeiro minuto, mas nota-se logo de cara que o importante não é o fim.
Minha avó passou por uma trajetória parecida, apesar de ter sido uma doença diferente. E, pra mim, foi forte demais ver aquilo tudo de novo. Quem já passou por algo parecido na família, sabe que algumas coisas jamais saem da nossa mente. E o filme fez eu reviver muita coisa da minha história. Posso afirmar o quanto esse filme é positivo e importante para as pessoas. Michael Haneke soube chegar no retrato de qualquer família e deixa a gente de frente com uma realidade que parecemos esquecer. Mostra o amor da forma mais incrível e verdadeira que existe. Um dos melhores, e mais especiais, filmes que já vi (e vivi).
Fonte:
http://equesedani.blogspot.com.br/2013/05/amor_1.html
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