A professora Mary Lucy Pereira da
Fonseca, que atua no magistério há 24 anos, conta a essa coluna que, quem
trabalha com Educação tem surpresas diárias. Dessas, muitas são positivas e
outras negativas. “O que mais me chama
atenção é o processo que acontece com cada criança quando ela inicia a
autonomia na leitura e escrita: é como se elas (as crianças) estivessem com os
olhos vendados e tirassem as vendas, é muito interessante”, exemplifica.
Segundo Mary Lucy, há uma luta constante por
parte dos profissionais de Educação para melhor formação dos alunos, mas nem
sempre isso é possível. Atualmente, na Escola Municipal Professor Honesto de Almeida Carvalho (Emphac),
em Rio Bonito, lida todos os dias com dezenas de situações das mais variadas
possíveis. “Lutamos tanto pela formação de pessoas críticas, pensantes. Mas,
infelizmente, não nos preparamos para lidar com isso. Na maioria das escolas,
hoje, o que encontramos é uma gama de indisciplina, adolescentes que não
respeitam aos professores, funcionários e nem a si mesmo. O respeito é uma via
de mão dupla, então, não posso atribuir o ‘erro’ somente aos alunos; nós,
educadores, temos nossa parcela de culpa”, reconhece.
Como os pais podem
auxiliar os profissionais de Educação para que seus filhos tenham uma vida estudantil
que garanta um futuro excelente no mercado? “O mercado de trabalho, a cada dia
mais exigente, busca o diferente, o destaque. O maior incentivo por parte dos
pais é o compromisso e o comprometimento com a formação dos filhos. Temos que
saber o que acontece nas escolas, qual a postura dos nossos filhos na escola, o
que está sendo ensinado e como está sendo”, analisa.
BULLYING
Sobre o “bullying” –
uma realidade que a escola enfrenta constantemente –, Mary diz, em sua opinião,
o que falta para alguém que faz uso da prática. “Compreender verdadeiramente o
que é o ‘Amor’ e que o seu ‘Limite’ termina onde começa o do outro. Não podemos
aceitar que os nossos jovens achem graça quando assistem a um vídeo onde outros
jovens queimam um índio, uma empregada ou quem quer que seja. Cabe à família, à
escola, à sociedade trazer à tona as consequências causadas por cada atitude
nossa; cada atitude gera uma consequência e, quem agiu, tem que assumir as
responsabilidades. Dizer ‘não’ significa amar, educar, fazer com que seu filho
assuma os próprios erros também. Não é fácil, eu sei, mais temos que fazer. É
maravilhoso quando deitamos a cabeça no travesseiro (como mãe) e podemos dormir
tranquilas por termos gerado, criado e educado alguém do bem”, adverte.
A professora deixa um
recado para a garotada. “Como seria maravilhoso se vocês pudessem se ver daqui
a dez, vinte anos. Como isso não é possível, então plante hoje; na escola, na
família, na sociedade ‘frutos bons’, pois somente vocês irão colher o que eles
produzirem”, orienta Mary Lucy.
Foto: Arquivo pessoal de Mary Lucy Pereira da Fonseca
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