Mílton Jung: agilidade e compromisso com notícias de interesse nacional

17 fevereiro 2014 |


Um passado que explicava o futuro profissional. Assim aconteceu com o jornalista Mílton Jung, 50 anos. Sua carreira no jornalismo começou em rádio, no ano de 1984. Muito experiente no ramo, em 30 anos de carreira passou por redações de jornal, radiojornal, telejornal e webjornal. Seu ponto de partida foi na Rádio Guaíba de Porto Alegre como Produtor de programa de Esportes. Prosseguindo, foi Redator e Repórter até que fixou-se no departamento de Jornalismo. Com toda a bagagem que adquiriu, hoje é um dos profissionais de Comunicação mais respeitados no país. Âncora dos programas “Jornal da CBN” e “Mundo Corporativo” é responsável em dar notícias de importância nacional e comenta, com exclusividade para o CULTURA VIVA, sobre as mudanças no setor ao longo dos anos. “A velocidade com que a informação é divulgada, a variedade de fontes e a necessidade de o rádio atuar em multiplataformas são algumas das muitas mudanças que ocorreram nestas três décadas”, destaca.

Confira o bate papo do CULTURA VIVA com o Mílton Jung hoje:

CULTURA VIVA: Em sua opinião, o rádio, com o passar do tempo, mantém seu espaço frente às outras mídias?

MILTON JUNG: O rádio se revitaliza a cada nova crise. No momento em que as novas mídias chegaram, com o suporte tecnológico desenvolvido, o rádio poderia ter sucumbido. Ao contrário, se fortaleceu. Desde 2004, quando lancei o livro “Jornalismo de Rádio”, já dizia que a internet seria o oxigênio do novo rádio. 

C.V.: Seu programa "Mundo Corporativo" na Rádio CBN é transmitido simultaneamente pela internet, ou seja, WebTV. Como avalia essa fusão?

M.J.: O Mundo Corporativo é a cara do novo rádio. Os ouvintes podem assisti-lo em áudio e vídeo pelo site da rádio CBN, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, ao vivo, e participarem com perguntas. Somente depois este programa vai ao ar na rádio, aos sábados, dentro do Jornal da CBN. Um dia antes, o vídeo completo estará à disposição do público no canal da CBN no YOU TUBE e em podcast. Ou seja, produzimos um programa que pode ser consumido em quatro formatos. O ouvinte escolhe quando e como ouvi-lo. E nós o fazemos sabendo que teremos público em todos os formatos.

C.V.: Consegue prever um futuro para o rádio no Brasil?

M.J.: As emissoras que souberem adaptar seu formato às mídias digitais, trabalharem em múltiplas plataformas, compartilharem seu conteúdo nas redes sociais e aproveitarem bem a variedade de fontes de informação que essas redes nos proporcionam, terão futuro. Sem esquecer, porém, que tudo tem de estar calcado na credibilidade.

C.V.: Além das técnicas comuns de qualquer profissional de rádio, existe um perfil específico de repórter/pessoa para atuar no setor?

M.J.: Curiosidade para identificar as informações relevantes e de interesse do público. Habilidade para transmitir às informações com a velocidade exigida pelo rádio. Clareza na descrição dos fatos. E equilíbrio ao informar, a medida que, ao contrário de profissionais de outros veículos, boa parte das notícias que vai transmitir não passará pela análise de um editor ou produtor. 

C.V.: Já aconteceu de surgir um fato e você dar a notícia em primeira mão? Qual foi a repercussão disso?

M.J.: Na época do jornalismo na rádio Guaíba tive minha primeira grande “aventura" ao transmitir, ao vivo, a fuga de presos do presídio central de Porto Alegre que estavam rebelados e conseguiram três carros para deixar o local acompanhados de reféns.

Em São Paulo, estava no ar na rádio CBN quando se iniciou o ataque às Torres Gêmeas, em Nova Iorque. As cenas daquele absurdo foram narradas em tempo real para o Brasil.

C.V.: Já se encontrou em alguma "saia justa" no ar? Como saiu da situação?

M.J.: Discuti com entrevistado e já fui ofendido, também. No primeiro caso, entrevistava um secretário municipal de São Paulo, que para se defender me atacou, aceite o ataque dele e parti para o bate-boca. Perdi. No segundo caso, entrevistava um candidato a governador que denunciou o Governo do Estado de São Paulo de ter participado do Mensalão, com argumentos que não faziam o menor sentido, pois eram casos completamente diferentes. Fiz uma sequência de perguntas para desmontar a história dele. O candidato não gostou, passou a me ofender ao vivo. Eu deixei ele falar, pedi desculpas pelos modos dele aos ouvintes e segui a entrevista. Ele perdeu.

C.V.: Em tanto tempo falando para um público imenso, o que considera importante o apresentador sempre enfatizar ao ouvinte?

M.J.: Importante é ter equilíbrio na transmissão dos fatos mesmo nos momentos mais críticos; não ser levado pela emoção e divulgar notícias que não foram confirmadas ou são apenas rumores; estabelecer um canal de confiança com o ouvinte admitindo seus erros sempre que estes ocorrerem.

C.V.: Que recado você deixa para quem curte obter informação em rádio?

M.J.: O rádio, apesar de seus 90 anos de vida, é dos veículos tradicionais de comunicação o mais próximo das novas mídias digitais. Atende às necessidades dos novos públicos, pois tem mobilidade e velocidade, é multiplataforma e customizado. Portanto, se você quer estar bem informado e seguir com suas dezenas de tarefas ao mesmo tempo, ouça rádio. 

C.V.: Qual o horário do programa  "Mundo Corporativo" na Rádio CBN? Há reprises em horários alternativos?


M.J.: O Mundo Corporativo pode ser assistido pelo site cbn.com.br, ao vivo, quartas-feiras, 11 horas, com participação dos ouvintes-internautas pelo e-mail mundocorporativo@cbn.com.br, pelo Twitter @miltonjung (#MundoCorpCBN) e pelo grupode discussões no Linkedin. O programa vai ao ar no Jornal da CBN, aos sábados, logo após às 8 horas da manhã.

Foto: Divulgação

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