A Copa do Mundo que gera opiniões diversas

03 abril 2014 |


Mesmo com todos os problemas latentes ao Brasil no momento, o país ganha a responsabilidade para sediar a Copa do Mundo. A poucos meses do evento, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 27 de março a Portaria número 88 que institui o Sistema Integrado de Comando e Controle que pretende fazer com que as forças de segurança atuem em conjunto durante o evento. Em entrevista ao “Jornal da CBN” na manhã do dia seguinte, o Secretário Extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, o delegado da Polícia Federal Andrei Rodrigues mencionou que o mais importante nesse processo é informar que a integração é a oportunidade de trabalho em conjunto, coordenado e integrado entre todas as instituições de via passiva no Sistema de Comando e Controle em prol da segurança pública e atuando para o evento Copa do Mundo, especificamente. “Com a definição do papel dos mecanismos de funcionamento, de conceito da regulamentação desse processo, nós partimos para a etapa final do planejamento de Segurança Pública seguindo nosso cronograma para colocar em prática, fazer o exercício certo de ações de capacitações finais com todas as instituições que participam desse sistema”, assegurou.

Para ele o grande desafio da segurança para o evento é que, como todas as instituições parceiras trabalham com culturas diferentes de ação devem trabalhar a partir do conceito de planejamento de execução da operação conjunta e conseguir extrair de cada instituição aquilo que cada uma atende de melhor, ou seja, a sua melhor capacidade de operação nesse contexto. “A construção é feita a partir da base desse sistema de Comando e Controle, onde trabalhamos com conceitos de liderança situacional: caso haja um incêndio durante o evento, a instituição que é líder do processo vai ser o Corpo de Bombeiros e, assim, vale para cada eixo de atuação. Nós temos 15 grandes eixos de atuação onde trabalhamos conjuntamente. Esse plano é desenvolvido na base do sistema e é trazido para o conceito da operação e para a matriz do evento em cada 12 sedes da Copa do Mundo onde temos os Centros Integrados de Comando e Controle e também o Centro Nacional de Controle, em Brasília”, revelou exemplificando.

No tocante a ameaças que possam atrapalhar o evento e se as manifestações preocupam, o delegado comunicou que estabeleceram 15 eixos de ação de que não podem se descuidar e comentou sobre o assunto. “A manifestação em si não é uma preocupação da segurança Pública; ela é uma preocupação de que nós tenhamos a condição de garantir o livre exercício da manifestação pacífica, democrática. Esse é o dever da Segurança Pública: garantir o livre exercício da democracia. A nossa preocupação, o nosso grande foco de trabalho é coibir, prevenir, inicialmente, a violência e ações de violência, de vandalismo, depedrações, de cometimento de crimes, como um deles, infelizmente, culminou com o assassinato do jornalista Santiago e fazer com que tenhamos esse direito constitucionalmente garantido, preservado e, ao mesmo tempo, a proibição e a prevenção de ações violentas que utilizem esses momentos de festa para cometerem crimes”, discorreu.

População paulista demonstra preocupação

Em São Paulo a população começa a se manifestar e dá sua opinião. A atriz e apresentadora de TV Cristina Pinho, 42 anos, moradora da cidade de São Paulo, tem receio quanto às manifestações. “O que me preocupa é a população expondo a revolta e a falta de credibilidade nos governantes do nosso país. Espero que grupos ‘baderneiros’ não aproveitem a oportunidade para destruírem a cidade, os poucos monumentos que nos sobraram, nem tão pouco agredir pessoas inocentes”, destacou. 


A atriz também se preocupa com os jogos que serão realizados em São Paulo. “A minha preocupação é intensa e constante, pois, não há estrutura física na cidade, como ônibus, metrôs, vias em bons estados de manutenção, restaurantes, hotéis, material humano capacitado para tal, segurança, hospitais para o atendimento dos turistas, entre outros, que suporte um grande número de turistas previstos para acompanhar os jogos”, detalhou. 

Ela imagina que a cidade fique fora de controle e imagina que itens como educação, cidadania, preços abusivos, segurança, saúde e preparo psicológico para recepcionar um evento dessa proposição serão questões preocupantes no cotidiano de uma cidade que não se permite parar. “E realmente quem ‘paga’ essa conta somos nós”, reclamou.

Seu esposo, o empresário Octávio Junqueira, 50 anos, confessa que tem suas expectativas falidas para a Copa do Mundo. “Um país como o Brasil, não tem condições mínimas de sediar um evento desse porte. O que seria uma alegria se transformou em um evento vergonhoso”, analisou. 


Ele também se preocupa muito com os jogos em terras paulistanas pelo fato do transporte público e da saúde não atenderem ao cotidiano da cidade, quanto mais, no período do evento, por mais curto que seja. “Não vi um investimento na cidade que apresentasse melhorias para atender o aumento de população flutuante”, observou.

Junqueira prevê como São Paulo ficará durante a Copa. “Tumultuada e desorganizada, isto é, sem o mínimo de condição de limpeza, segurança, entre outras necessidades básicas”, disse. 

Um pouco de orientação

Por uma via holística, a astróloga Gisele Di Rufino, 56 anos, moradora de Joanópolis, interior paulista, recomendou que as pessoas tomem cuidado durante o evento. “Percebo que o coletivo pode ser influenciado por alguns trânsitos bastante pesados que liberam o instinto da violência e da intolerância. Assim, estará o céu dando início ao evento Copa do Mundo. Não somente para São Paulo, mas para o Brasil que, em sua totalidade, vive um momento de indignação, e essas influências podem se tornar bastante pesadas e perigosas”, explicou.


No tocante ao turismo, Gisele estabeleceu quais são seus prós e os contras de São Paulo para sediar alguns jogos da Copa do Mundo. “São Paulo por si só já é uma cidade que pulsa 24 horas por dia. Seguindo a linha das influências planetárias, acho que o espírito do paulistano pode ficar um pouco inflamado diante de circunstâncias igualmente violentas. Sinceramente, diante dessas perspectivas, não vejo nenhum tipo de bons acontecimentos”, disse.

Durante os jogos a astróloga pretende tomar algumas precauções. Sei que as pessoas não têm o hábito de se resguardarem, mas eu, particularmente, assistirei aos jogos da minha casa. Seria essa a atitude mais prudente”, orientou.


Ela deu dicas para que os munícipes não sejam tão prejudicados com o evento e possam também curtir esse momento histórico no Brasil. “Enquanto cidadã, vejo que o abuso do álcool e das drogas gera ainda mais violência. Quanto às drogas, não há como contê-las, mas acho que a Lei Seca, nesses dias, seria providencial. Contudo, acho que já deveria ter sido veiculado na mídia uma campanha sólida de conscientização antiviolência”, sugeriu.

O comunicador que conhece São Paulo como ninguém

Jornalista da Rádio Jovem Pan e da TV Gazeta, José Armando Vannucci, 45 anos, residente em Santana, entende que os jogos em São Paulo serão um teste para a mobilidade da região. Para ele, São Paulo é uma cidade de trânsito complicado, avenidas apertadas e transporte público lotado. “Não há mais horários de pico no trânsito. Os congestionamentos acontecem a qualquer momento”, pontuou. 


O comunicador informa que São Paulo tem um fluxo interessante de turistas durante todo o ano e os pontos mais conhecidos já estão preparados para recebê-los. O desafio, segundo ele, será no transporte público, principalmente para os europeus que estão acostumados com um serviço de qualidade superior. Mesmo assim, Vanucci só consegue enxergar aspectos positivos. “São Paulo tem muito o que oferecer para quem gosta de boa gastronomia, cultura e entretenimento. Eventos como a Copa podem ajudar a aumentar o fluxo de turistas. O ruim será enfrentar locais mais cheios, muitos sem o preparo suficiente e treinamento de equipes”, ressaltou. 

Consciente de que vai trabalhar muito durante a Copa do Mundo, o jornalista pretende organizar melhor seus horários para não ficar preso no trânsito “cada vez mais dificil na cidade”. Ele sugere aos conterrâneos organizar horários, evitar aglomerações, respeitar os turistas e trocar culturas. Daí, então, evitar conflitos.

Ao pensar como o evento deixará São Paulo, Vanucci tem uma opinião. “Acredito que todos aprenderemos receber melhor pessoas de culturas tão diferentes e a respeitar as diversidades”, disse. 

Outra visão sobre o evento

São Paulo é uma das maiores cidades do mundo. Sempre recebeu o turista de braços abertos. Tem espaço para tudo e todos”. Com essa notícia, o ator Vicentini Gomez, 57 anos, residente no bairro Aclimação, acrescenta que São Paulo receberá a Copa do Mundo sem receios. De acordo com o artista, o evento, por si só, requer organização especial, segurança e estrutura; a cidade tem condições suficientes para suportar e oferecer ao visitante o melhor que ela tem. “Comprovadamente um dos melhores lugares do mundo para se comer. O futebol é esporte de massa e vai mover paixões. Espero que possamos saber respeitar o outro e então tudo estará bem. Ganha o melhor, o que merece ganhar e temos que respeitar”, ressaltou.


Na opinião de Gomez, São Paulo oferece conforto para seus turistas, e de qualidade. “Os melhores restaurantes, museus, teatros, shows, praia a menos de 100 km e infinitos lugares que o turista pode usufruir”, elencou.

Ele concorda que, por ser um evento programado, todas as atividades do país estarão em função da Copa do Mundo. “Quem deixou para o improviso vai arcar com as conseqüências. Um evento extremamente organizado e onde todos deverão estar preparados. Movimento de torcedores nos locais dos jogos e no sambódromo, ponto das comemorações, superlotação nos restaurantes, etc. Tem que estar alinhado ao evento”, advertiu.

E depois da Copa do Mundo...

Ao pensar na Copa, logo a população também visualiza como pode ficar o São Paulo depois da mesma. A apresentadora Cristina Pinho imagina “um rombo” nos cofres públicos. “A população cada vez mais carente, necessitada, insatisfeita, desestruturada, inconformada com esse evento descabido, que durou tão pouco. E a vida continua para nós com todos os prejuízos inclusos, obviamente”.

Ela, assim como Gomez, acredita que São Paulo receberá a Copa com receios. “São Paulo está em alerta por todas as faltas estruturais que já citei. Lamentavelmente, não há mais credibilidade. Estamos exaustos da falta de respeito e até humanidade. Um evento oneroso como esse, no Brasil? Nós poderíamos ser poupados”, questiona com indignação.

Em concordância, Junqueira prevê São Paulo um caos pós-Copa. “Difícil de recuperar os gastos desnecessários”, contabiliza. “Além do mais, corremos um grande risco com a segurança pública”. 


Como resultado desse evento, Gisele Di Rufino não vê essa Copa de 2014 com bons olhos. Mas, confessa que ficaria imensamente feliz se estiver totalmente  equivocada. “Torço pelo meu país e pelo meu estado. Se dependesse da minha vontade, as pessoas sairiam daqui extremamente felizes”, proferiu com entusiasmo.

Vicentini Gomez espera que a Copa do Mundo deixe benefícios para São Paulo, especificamente. “Melhorar o transporte público, a infra-estrutura da cidade. Dar vida e cara nova aos parques, praças e locais de visitação. Um evento desta natureza tem que trazer benefícios e o poder público capitalizar para oferecer a população novas oportunidades”, sugeriu.


Por fim, Cristina Pinho fez um apelo aos Governantes. “O meu pedido verdadeiramente já não adiantaria, seria a recusa desse evento absurdo no Brasil. Mas, diante do que está por vir, eu, sinceramente, pediria compaixão. Que eles  descessem do pedestal e viessem viver a vida real, não o mundo de ‘Alice no país das maravilhas’ em que eles se encontram! A melhor forma de compreender a dificuldade é vivê-la ou, pelo menos, ficar próximo à ela. Que tomem consciência da função deles diante do povo que os elegeu e parem de subestimar a inteligência das pessoas com discursos decorados. Defender os interessem dos brasileiros e nos respeitar já seria de grande valia”, concluiu.

Foto1: Logomarca da Copa do Mundo 2014
Foto2: Divulgação
Foto3: Divulgação
Foto4: Fiorentina
Foto5: Flor
Foto6: Divulgação
Foto7: Divulgação
Foto8: Divulgação (*O empresário Octávio Junqueira com o jornalista Edson Soares na TV Geração Z - TV UOL, em São Paulo)
Foto9: Divulgação

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